A viagem

12.9K 1.3K 685
                                    



 POR LUCAS



Eu não estava compreendendo nada do que o senhor Olavo e David estavam conversando, e porque estariam agitados a primeira vista, mas eu sentia que algo estranho estava acontecendo.

Sônia saiu nos deixando logo em seguida.

— Aconteceu algo? — perguntei já me pondo de pé, e indo a suas direções. Procurei observar bem a reação de cada um deles, para vê-los se fingiriam alguma coisa. David estava branco, pálido e nem precisei esforçar que algo de muito sério havia acontecido, só precisava saber o que era.

David respondeu.

— Não se preocupe Lucas é coisa de nossa família, um primo meu, ele sofreu um acidente grave e está internado no hospital.

Levanto as sobrancelhas, tentando não parecer suspeito ou incrédulo, mas Olavo reafirma a informação do filho.

— Ele é muito querido para nós, é o sobrinho mais preferido e coincidentemente tem o seu nome.

Abri a boca. Então havia sido isso a maneira estranha que o ele havia me lançado aquele olhar? Ao ter a informação de que seu sobrinho, o tal de Lucas, sofreu aquele acidente...

— Nossa... eu sinto muito — digo. Queria poder fazer mais, mas o que eu poderia fazer?

— Vamos ter que ir visitá-lo — disse o senhor Olavo. — David, por favor, arrume a mala, e vou pedir para preparar o jato para vocês irem à frente.

Arregalo os olhos para ele.

— Eu irei também?

Olavo repousa as mãos sobre meus ombros, e abre um sorriso.

— Mas claro que sim, faz parte da família agora, não é mesmo? — me olha com um jeito que me deixa sem graça, pois eu consigo interpretar o seu olhar, e o vejo buscando resposta agora nos olhos de David, que também tenta disfarçar seu acanhamento. — Eu só quero que agora vocês me prometam que não vão mais ficar de briguinhas um com o outro, fui bastante claro.

Ai meu Deus, o que ele estava dizendo? Que mico, que vergonha! A sorte que ninguém mais estava ali ouvindo. Mal conseguia encarar os olhos de David ao meu lado, que parecia tão constrangido quanto eu.

Suspirei.

— Eu... eu vou então arrumar algumas coisas — falei para poder sair daquela situação embaraçosa. David também pareceu esperto e me apoiou.

— Espera eu vou te ajudar Lucas.

O senhor Olavo riu da gente, e passou seus braços entornos dos nossos pescoços, dizendo em tão de brincadeira.

— Muita calma nessa hora, ouviram meninos?

Fiquei com o rosto lívido na mesma hora. Já David tentou fez uma postura de dissimulado.

Vinte minutos mais tarde, estávamos com alguma coisa preparada numa mala de viagem.

David estava muito inquieto, andava de um lado a outro, aquilo já estava me dando nos nervos.

— Hei, acho que já deu não é? — digo a ele e fecho o zíper da mala de rodinhas.

— É acho que sim — responde sem olhar para mim, e senta na poltrona de rodas, enterrando seus dedos entre os seus cabelos lisos.

— Você gosta muito desse primo pelo que vejo — falo para que ele fique menos tenso. David me olha como se não houvesse entendido. — Do Lucas, o seu primo que sofreu o acidente — explico melhor.

O Filho da BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora