Perigo

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Alfredo fora incumbido de convidar todos da irmandade Cavaleiros do Oriente, e um a um começou a ligar para dar as novas.

Amanhecera e Lucas acordou e bem lentamente espreguiçou-se, tocando a mão no ombro de alguém. Ao certifica-se melhor, ficou surpreso por estar na cama de David e não na sua.

— David, o que eu...? — começara a perguntar com a voz pesada do sono, mas desistiu ao perceber que ele dormia profundamente. Repousou a cabeça no travesseiro, e recordou das lembranças da noite passada, no quarto das estátuas.

Agora podia refletir melhor sobre os acontecimentos recentes. David estava ali, ao seu lado, dormindo, depois de uma noite intensa de amor. Claro que a noite passada ficou marcada por discussões e brigas, mas isso agora não era mais problema, fazia parte do passado.

Lucas se desenrolou do lençol, e estava nu. Caminhou em passos leves para o guarda-roupa de David e abriu as gavetas à procura de algumas roupas que lhe servissem e foi ao banheiro tomar uma ducha quente.

Felipe estava ainda estava no seu apartamento e acabara de acordar quando a campainha tocou. Ao abrir a porta ele se deparou com Camila.

— Bom dia Felipe, como tem passado a noite?

Felipe a deixou entrar.

— Não muito bem Camila, o que faz aqui tão cedo?

Camila se virou para ele, e Felipe percebeu que havia algo nela que o deixara assustado.

— É aposto que sua noite não foi tão pior quanto a minha foi.

— O que você quer dizer com isso?

— Você sabia de tudo Felipe, não é mesmo? — perguntou ela se aproximando dele. Felipe se afastava com medo, suspeitando entender o que ela se referia.

— Do que você está falando?...

Camila parou e abaixou o olhar por alguns instantes, quando levantou a cabeça, seus olhos brilhavam de maldade, tirando por debaixo da blusa uma arma, apontando para Felipe.

— Não finja que não sabe do que eu estou falando seu maldito!

Felipe engolira em seco. Estendendo as mãos para frente, tremendo.

— Camila... por favor, abaixe essa arma... por favor, vamos relaxar e conversarmos...

Camila riu.

— Não preciso conversar com você seu traidor, você e David são dois desgraçados e que curtiam com minha cara esse tempo todo, usando aquela bicha do filho da babá não é?

Felipe abaixou as mãos e a encarou.

— No começo sim, estávamos usando ele, mas no fim percebemos o grande erro de nossa brincadeira — disse com firmeza. — Lucas é um garoto gentil e amável, não merecia o mal que fizemos a ele, e não, ele não é uma bicha, é uma pessoa de um grande coração, possuidor de um grande amor que você nunca terá, e deve saber agora que David o ama, não é?

Camila retorceu a cara de ódio, por ouvir as palavras de Felipe.

— Você acha que eu vou permitir isso... depois de ter sido zombada por vocês dois, eu... eu jamais vou permitir que vocês fiquem empunem! — suas mãos tremiam de raiva segurando a arma. Por uma fração de segundos, Camila se distraiu com o despertador do celular e Felipe se aproveitou o momento e avançou em sua mão, afastando a sua arma de sua direção. Camila lutou com ele, e apertou o gatilho, disparando, e a bala atingiu acima do peito de Felipe, que urrou de dor e conseguiu empurrar Camila que caiu no sofá, largando a arma no chão.

Camila se levantou e correu para fora, enquanto Felipe estava de joelhos no tapete, com a mão pressionando o ferimento do tiro.

Não demorou muito e o sindico apareceu acompanhado por seguranças do prédio ao apartamento de Felipe e o encontrou ferido encostado no sofá.

— Meu Deus, o que houve aqui? Chame uma ambulância! — gritou o sindico após constar a cena. — Felipe o que aconteceu?

— Por favor, me dê o celular... preciso ligar urgentemente para um amigo... ele corre perigo... — e foi perdendo a consciência lentamente, caindo de lado.

Camila estava saindo do elevador sem levantar suspeita, e quando saiu para fora do prédio parou um táxi e pediu que fosse embora dali.

Ela estava eufórica, não se arrependera de nada e iria prosseguir com a sua vingança. Nem que fosse a última coisa que fizesse na vida, mas iria matar um por um, mas sozinha não conseguiria, e sabia onde procurar ajuda.

Meia hora depois, Lucas já estava na mesa da cozinha, tomando seu café com a cozinheira Sonia que o servia deliciosos doces, entre eles, um pudim de prestigio que ela fez.

— Nossa esse pudim está divino Sonia! — ele elogiou e ela se encheu de orgulho.

— Eu fiz sabe, deu um pouco de trabalho, mas compensou.

— Com certeza compensou, parabéns — Lucas lambia os dedos.

Eles escutaram um Toc Toc na porta e ambos viraram as cabeças para olhar quem era.

— Bom dia para vocês dois.

Lucas sorriu, e se levantou.

— Bom dia Olavo, quer se ajuntar a nós e comer um pedaço de pudim de prestígio?

A cozinheira Sonia ficou envergonhada, e se afastou de lado quando o senhor Olavo bem vestido adentrou.

— Com licença.

— Senhor... desculpe o atraso, eu peço mil desculpas, vou logo preparar a mesa para o café da manhã... — ela estava embaraçada e preocupada.

— Fique tranquila Sonia, não se preocupe, estava servindo o Lucas, o garoto que merece toda atenção dessa casa — disse Olavo e abraçou Lucas por trás, beijando o topo de sua cabeça.

— Ai assim você me deixa sem graça Olavo, eu não sou especial assim como você me vê, sou apenas o filho da babá.

— Não Lucas, você não é apenas o filho da babá não, é também o meu...

— PAI! — David acabara de chegar à porta da cozinha, estava com o pijama da parte de baixo e sem camisa, seus cabelos ainda bagunçados e o rosto judiado pelo sono mal despertado, porem assustado.

Lucas olhou sem entender porque ele estava daquele jeito, transtornado. Sonia cobrira o rosto com as mãos, envergonhada por ver David só de samba canção.

— O que foi David? — O seu pai lhe aproximou dele, e Lucas ficou onde estava.

— Pai... o Felipe foi baleado no seu apartamento... recebi a ligação do pai dele que já está indo para o hospital — disse David em voz baixa para Lucas não escutar.

Olavo ficou assombrado.

— O quê? Como isso aconteceu?...

— Ele ainda não soube informar, o Felipe está inconsciente, mas... — David olhou para Lucas que o observava tenso de onda estava. —... mas segundo o síndico do prédio, Felipe disse que precisava ligar urgentemente para um amigo e dizer que ele corria perigo.

O senhor Olavo arregalou os olhos quando o filho dissera aquilo, e segurando nos seus ombros, virou o rosto para onde Lucas estava.


O Filho da BabáOù les histoires vivent. Découvrez maintenant