O ciúme de Camila

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Camila havia chegado à mansão, e fora recebida pelo mordomo.

— Bom dia senhorita — ele a cumprimentou sabendo que ela nem responderia, como igual a todas às vezes. — Fique a vontade.

Ela passou por ele de narizinho arrebitado, esnobando sua presença e se dirigiu as escadas.

David ainda estava no seu quarto dormindo. Já passava das oito da manhã. No corredor ela quase esbarrou na babá que levava Ana Clara para passear no jardim.

Camila olhou torto para ela, e Ana Clara encarou-a sem piscar. Camila fez uma careta feia para a menina que virou o pescocinho assustada.

Lucas estava no seu quarto sem vontade de levantar da cama. A noite havia sido péssima, dormira pouco e do pouco ainda tivera pesadelos.

A noite fora bastante perturbadora. E não queria topar com David tão cedo, mas também não poderia passar a amanhã toda no quarto se não o casal Odebrecht e sua mão viria vê-lo.

Ele levantou e caminhou para a janela, abrindo as cortinas. O dia estava lindo. A vista panorâmica era incrível. Olhando melhor para o quintal reparou num carro desconhecido, e suspeitou que alguém tivesse chegado.

....

Camila abriu a porta do quarto de David e sorrateiramente deslizou até a cama, onde se curvou e com os dedos começou a afastar uma mecha de cabelos do rosto do seu namorado, e David mexeu sem querer abrir os olhos, incomodado balbuciou de sono.

— Deixa eu dormir Lu... — Camila estranhou e se endireitou se afastando. Estava perplexa no que acabara de ouvir. Estava tentando decifrar a quem o namorado se referia.

Camila rodeou a cama, e puxou a ponta do travesseiro com violência. David rolou se sentando irritado.

— Porra o que você quer Lucas?! — mas o que ele viu da sua vista sonolenta não era Lucas e sim Camila que agora fazia uma expressão incrédula. — Camila, o que você está?... — ele estava desnorteado.

— Você... você pensou que fosse o Lucas?... o filho da babá? — perguntou fazendo cara enojada.

David esfregou os olhos. Estava com uma cueca samba canção, e sem camisa.

— Amor eu não sabia que iria vir... você apareceu assim de surpresa, eu... — ele sentou na beirada da cama, passando as mãos pelos cabelos e se levantando para abraça-la, mas Camila se desenvencilhou do seu abraço. — Poxa não vai me dar um abraço de bom dia?

Camila se afastou com raiva, cruzando os braços.

— Não quero, não depois de ter me confundido com aquele garoto! — vociferou. — Estava sonhando com ele também?

David fez cara de surpreso e vendo que ela estava com ciúme começou a rir, para descontraí-la.

— Querida pare com isso, eu achei que fosse ele, mas não sonhei com ninguém exceto você meu bebê.

Camila estendeu a mão para ele para não chegar mais perto dela e David abriu os braços, e fechando-os impaciente com a atitude dela.

— Porra que chato isso sabia? Desse jeito preferia nem ter tido acordado!

Camila reagiu aquele comentário como uma ofensa.

— Eu venho aqui para fazer uma surpresa para você, e me confunde com o filho da babá e ainda diz que preferia estar dormindo, rejeitando minha presença?!

David olhou para ela admirado.

— Não sei o que você quer que eu faça? Não sou eu que estou fazendo um drama só porque achei que fosse o Lucas que estava aqui!

— Lucas? Porque você está chamando ele assim?

— Porque é o nome dele Camila! — respondeu irritado. — Pare de querer tratá-lo como se fosse alguém inferior, porque ele não é, e pare de chama-lo de filho da babá, isso é muito grosseiro.

Camila arregalou os olhos.

— Mas você o chamava assim! E não me chame de grossa outra vez!

David lhe deu as costas, abrindo seu guarda-roupa e pegando uma camisa sem manga, vestindo.

— Camila eu acabei de acordar e a última coisa que quero é ouvir seu mimimi logo cedo de manhã, beleza? — e começou a sair do quarto.

— David você está me ignorando é? — Camila falou em voz alta, indo atrás dele, no momento em que Lucas também começara a sair e ficou parado sem saber o que fazer quando os viram. Camila olhou para ele com um olhar fumegante.

David evitou olhá-lo, e passou por ele com a namorada atrás que disfarçou a discussão.

Lucas respirou fundo. Tivera a certeza de que ela e David haviam discutido. Resolveu descer para tomar o seu café da manhã acreditando que eles não iam iniciar uma nova discussão com todos presente.

O senhor Olavo estava na sala de estar sentado na poltrona lendo seu jornal. Quando observou na movimentação de passos descendo as escadas, um mais pesado do que o outro. Ele esguichou a pescoço por cima do jornal e viu o seu filho descer aborrecido e atrás dele Camila que também estava agitada, e logo atrás Lucas inseguro em qual direção ir.

— Lucas aqui — Olavo o chamou com discrição e ele olhou para o lado vendo o senhor Olavo com a mão levantada.

Lucas suspirou e foi em sua direção.

— Bom dia — cumprimentou e o senhor Olavo se levantou e o abraçou, dando-lhe um beijo no seu rosto.

— Bom dia, como dormiu? — Lucas observou que ele estava mais alegre.

— Dormi bem — mentiu bem.

Olavo o fez sentar num sofá de três lugares.

— Você ia tomar seu café da manhã? — Lucas assentiu com a cabeça. — Entendi, mas não sei se reparou mais acho melhor você esperar um pouco, a mesa não será agradável com aqueles dois lá, parecem que já andaram discutindo.

Lucas viu como o senhor Olavo era muito observador e concordou.

— Não tenho pressa.

— Você não gostaria de sair comigo para comermos um pastel frito na hora no centro da cidade?

Lucas ficou sem jeito.

— Bem eu... tudo bem então, aceito sim senhor, quero dizer, sim muito obrigado.

— Ótimo assim não ficamos nesse fogo cruzado, né não? — riu o senhor Olavo dobrando o seu jornal para ler mais tarde. — Vou calçar meus sapatos, não posso ir de pantufas.

Lucas riu e o viu se levantar. Ele estava bem vestido e iria ficar de chinelos mesmo.


O Filho da BabáWhere stories live. Discover now