A punição

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Lucas não estava querendo acreditar no que estava obvio demais. David e seus amigos haviam planejado tudo.

— Mãe, eu quero ir para sua casa, eu não quero mais ficar aqui — pediu, chorando de decepção. Por um pouco de horas havia acreditado que David iria ser um amigo, ou pelo menos iria ser legal com ele enquanto estivesse passando suas férias ali, mas suas expectativas em relação a isso foi por água abaixo, seria motivo de piada, e vítima de pegadinhas como aquela.

— Tudo bem, filho, vou pedir ao motorista que leve você até a nossa casa — disse ela, triste ao ver seu filho desapontado com tudo aquilo.

A sra. Maria Lurdes veio com a empregada Antônia, e o jovem Hélio saiu do quarto carregando a sua cobra entorno do ombro.

— Tire essa cobra imediatamente de nossa casa! — ordenou a sra. Maria Lurdes com raiva, e agora já sem medo.

O mordomo e o empregado acompanhava o jovem para a saída.

— Senhora, vou pedir ao motorista que leve Lucas para minha casa, tudo bem? — disse Melinda.

— Mas por quê? — ela indagou, e depois tentou convencê-lo a mudar de ideia. — Por favor, Lucas, sei que eles fizeram algo intolerável, mas peço que não vá, vamos punir David por causa disso.

Lucas enxugava as lágrimas e envergonhado se aproximou dela, e confessou.

— Eu não quero causar desconforto a ninguém daqui, vocês me trataram maravilhosamente bem, mas não será como antes, aposto que castigando David e seus amigos, isso não vai resolver, só vai piorar, porque eu estarei aqui ainda, e não quero ser motivo de brigas entre vocês.

Maria Lurdes ainda não aceitava a justificação de Lucas de querer ir embora.

— Lucas, por favor, não vai, fique, a gente pode resolver juntos, David tem que conversar com você, pedir desculpas, e meu marido vai ficar muito triste se você decidir ir sem ter conversado com ele.

Lucas ficou indeciso, sabia que ela tinha razão por um lado, e decidiu ficar aquela noite, e só de manha decidir ir embora.

— Tudo bem, senhora Maria Lurdes, irei ficar, perdoe por tudo que fiz, não quero causar incomodo algum.

Ela abraçou Lucas.

— Você não incomoda ninguém, pelo contrário, queremos você aqui — disse ela. — Vamos resolver isso, não se preocupe apenas nos dê uma nova chance.

A mãe de Lucas ficou feliz por ele reavaliar sua ideia.

— Mãe será que poderia dormir com você essa noite?

Ela sorriu.

— Claro meu filho, vamos então?

Eles deram boa noite a sra. Odebrecht e desceram.

David havia entrado num quarto, achando que despistaria seu pai, mas ele o achou escondido.

— David, nunca mais fuja de mim quando eu estiver lhe chamando! — ele foi pra cima do filho que se encolheu sentando, enquanto o sr. Olavo o ergueu pelo braço. — Olha a sua situação, está bêbado!

David estava assustado.

— Pai... por favor, eu... eu quero ficar aqui, por favor...

— Porque filho, por que fez uma coisa dessa? — ele perguntara tentando manter a calma, observando que David estava quase a ponto de chorar.

O jovem caminhou e sentou numa cadeira.

— Desculpe, eu e meus amigos... só queríamos pregar um susto nele... coisa idiota, eu sei, mas por favor não faremos isso de novo! — prometeu e ele.

O sr. Olavo estava decepcionado.

— Você está bêbado, e tudo que falar agora não será por mim aceito, vou esperar que você fique sóbrio e depois falaremos o que aconteceu aqui — disse ele. — Mas tenha certeza desde já, nunca mais aprontarão uma dessas com Lucas, porque a partir de hoje, nesse exato momento, seus amigos estarão proibidos de entrar nessa casa!

David arregalou os olhos, levantando.

— O senhor não pode fazer isso! — protestou. — Eles são meus amigos, o senhor não pode puni-los, fui eu quem teve a ideia!

— Eu sou seu pai, e dono dessa casa, e se digo que eles estarão proibidos de entrar aqui, assim será, e eles não são loucos de me desobedecer — disse com o dedo levantado, num tom ameaçador. — Agora volte para seu quarto e diga a seus amigos para saírem, antes que eu chame a segurança.

David sentou perplexo, sem mais reação nenhuma. Conhecia seu pai e sabia que ele não iria mudar de opinião. Colocou as mãos na cabeça, apertando-a, reconhecendo que tinham ido longe demais...


O Filho da BabáWhere stories live. Discover now