A Lua Crescente

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A Irmandade Secreta

Priscila sentia o vento fresco jogar seus cabelos escorridos para trás. Ela ficou assustada ao ver, na beirada da estrada, um cavalo jovem se debatendo contra a rédea que lhe impuseram. A cena passou rápido para a garota, o carro em que ela viajava, deslocava em alta velocidade pela rodovia. Estavam viajando até a capital do estado. Priscila gostava de ir até lá, sentir o clima de civilização, a energia de uma metrópole. Ficou triste em certificar-se que seria a última viagem por um longo tempo, já que não teriam mais a casa dos tios para se hospedar.

Por outro lado, Marina, sua prima mais velha, vinha morar com ela. Sempre sentiu que tinham uma forte ligação. Marina a atraía, pois se tornara um ideal a se alcançar. Ela morava numa cidade com ideias e costumes liberais, tinha uma beleza intensa e um enorme poder de atrair as pessoas. Já Marina sempre viu Priscila como carente e impulsiva, preferia manter uma distância aceitável, mas agora faria outra escolha.

− Vou levar Pri para sair hoje comigo. Meus amigos organizaram um bota-fora − disse Marina aos tios.

− Com você, eu fico mais tranquila. Aliás, será uma ótima companhia para Priscila agora que vai morar conosco − disse Carmem, a mãe de Priscila.

− Marina é muito responsável e ajuizada, por isso conseguimos tomar essa decisão com tranquilidade. Finalmente, vamos morar na casa da praia − comemorou a mãe de Marina.

− No Carnaval, estaremos lá! – disse Carmem.

− Será que podemos convidar alguns amigos? − perguntou Priscila, pensando na imensa casa que pertencia aos avós.

− Vocês podem encher o segundo andar da casa, ok? − respondeu sua tia.

Priscila nem se importara com a autorização da tia, "a casa é minha também". Há tempo que falava na cabeça dos amigos sobre isso. Principalmente agora, que conhecia Gustavo, irmão de seu amigo Marcos. "Solteiro há pouco tempo, charmoso, lindo, atencioso...", Priscila viajava nos adjetivos sobre Gustavo. O tão planejado carnaval ganhou um ingrediente mais interessante.

− Vem se arrumar, Pri! − chamou Marina, interrompendo seus pensamentos.

Elas entraram no quarto e fecharam a porta. Marina tirou dois vestidos pretos do armário.

− Você usa esse hoje.

− Quê isso? De jeito nenhum. Comprei um vestido novo, o André vai ficar de queixo caído por mim.
Tao rápido quanto pensou em Gustavo, ela se esqueceu, lembrando-se de seu casinho na capital, o amigo da prima.

− André? − Marina gargalhou. − Ele já está em outra! Vocês ficaram num fim de semana do mês passado e só.

− Só nada! Nós conversamos pela net algumas vezes. Eu avisei que eu vinha essa semana. — Agitou-se Priscila.

− E o que ele te respondeu? —Marina não escondia o deboche.

− Ele... Curtiu...

− André é fanfarrão. Além disso, a galera viajou para a serra essa semana, não tem ninguém aqui. − Marina segurou o rosto da prima, passou a mão nos seus cabelos. − O que vamos fazer hoje vai mudar para sempre a sua vida. Você não vai desejar estar em outro lugar.

***

Marina e Priscila desceram do táxi em frente ao portão de ferro de uma casa antiga. Do lado de fora, pouco se via da casa, pois havia um emaranhado de árvores e arbustos a escondendo. Priscila olhou para a prima, que não escondia a sua excitação.

− O que estamos fazendo aqui?

− Você se lembra sobre o que lhe contei certa vez a respeito de uma Sociedade Secreta que pratica bruxaria para a qual eu estava buscando ser aceita?

Os Olhos da Deusa (completo)Where stories live. Discover now