A Lua Crescente

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Samba

A galera do último ano está divulgando um samba no Bar do Beco hoje! "Retorno às aulas". Vamos? É à tardinha!

Priscila publicou a mensagem no grupo da galera, não podia perder a oportunidade de agitar um encontro. Todos pareciam imersos na perda de Thaís, ou melhor, cada um em suas próprias perdas.

Marcos:

Qual é? Samba? Estou fora!

Priscila:

Antissocial!

Miguel:

Boa zoada, vou pela bebida.

Rebeca:

Eu topo.

Carol:

Você não vai conseguir ficar sem nós, Marcos! Eu aposto uma bebida que vai dançar comigo.

Caio sentiu seu rosto queimar de irritação com a brincadeira da namorada com o amigo. Uma brincadeira tão besta quanto sua reação. Em poucos segundos, percebeu o tamanho da falta de limite do seu ciúme. Um mal-estar generalizado, que demorou a sair, não podia ser mero ciúme, havia algo pior remoendo dentro dele e contaminando todo o resto.

Thaís escreveu para Rebeca que não iria sair com eles. Rebeca não sabia como responder. Não era só pela falta da mãe que sofria, mas também por uma culpa que a invadia sempre que se sentia mais alegre e disposta a viver momentos prazerosos. Só se permitiu pegar um livro e viver a história como se fosse a sua.

Priscila leu a resposta afirmativa de Gustavo. Precisava ser mais precisa em seus planos, e uma cutucada em Rebeca poderia ser eficiente:

Oi Beca! Animada para mais tarde? Quero que você me ajude numa coisa: qual roupa?

Ela mandou duas fotos, Rebeca aproveitou a oportunidade e perguntou:

E você ainda não me contou sobre como foi com o André.

Priscila:

Foi perfeito. Ele está de quatro. Mas mora longe daqui, quero mais. Meu foco agora é o Gustavo. Aliás, eu preciso da sua ajuda com isso. Eu já combinei com a Carol também. É só manter o resto da galera à distância quando eu e ele começarmos a conversar.

Rebeca respirou fundo, tentava não levar tão a sério a histeria da amiga, mas era difícil de aturar. Principalmente porque o que sentia por Gustavo só crescia a cada encontro. Mas sentiu-se colocada na parede, não sabia como agiria na hora. Por enquanto, ela respondeu ao pedido com um "Ok".

O bar estava lotado com colegas do colégio. Priscila conseguiu arrastar a prima com ela.

− Para de ser antissocial! Meus amigos são bacanas e você pode me ajudar melhor com o Gustavo.

− Você só pensa nesse cara agora. Devia se concentrar nas lições sobre magia, porque há muito mais na vida do que homem!

− Você não entende, se eu não agir logo, pode aparecer outra, como a Rebeca...

− Essa sua rivalidade com a Rebeca não é de hoje.

A conclusão de Marina parecia correta, mas Priscila preferia não confessar. "O que ela teria de tão especial, não passava de uma garota comum?" Thaís sim, ela tinha dessas belezas arrebatadoras. Mas Rebeca incomodava mais a Priscila, talvez porque tivesse mistérios no olhar, delicadezas demais e sensibilidade. Priscila jamais possuiu essas qualidades.

Ainda era dia claro quando o samba começou, os alunos do colégio lotaram o bar. Não havia mais mesas disponíveis quando Rebeca chegou com o irmão e a cunhada. O grupo formado por alunos do último ano do colégio já começava a tocar. Rebeca aproximou-se procurando os amigos. Então, Rafael se levantou e tocou o pandeiro olhando e convidando Rebeca para sambar. Priscila chegou bem na hora e puxou Carol para perto de Rebeca incentivando-a a dançar. Ela ficou sem graça em não corresponder às amigas e até mesmo a Rafael e sambou.

Os Olhos da Deusa (completo)Where stories live. Discover now