A Lua Negra I

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Intriga

Rebeca despertou cedo, apesar de ter dormido poucas horas. Mas ela não queria levantar; aliás, procurava nem se mover. Ela tinha a sensação de que, assim, poderia ser transportada de volta para a noite anterior. Desejava sentir o peso do corpo de Gustavo sobre o seu até se perder em um beijo sem fim. Pena que não houve o beijo, embora ela tivesse certeza de que isso não acontecera por um triz. Se todos não tivessem se aglomerado em torno deles, se não os levantassem apressadamente e nem os afastassem um do outro sem cerimônia...

Gustavo observava a luz da manhã entrando pelas frestas da porta da varanda e se perguntava se ela estaria também se apaixonando. Pouco depois, Lavínia invadiu o quarto dos rapazes.

− Acordem, dorminhocos!

− Sai fora, Lavínia! Hoje é domingo – reclamou Marcos.

Ela pulou na cama de Gustavo, deitando a cabeça em seu ombro.

− E aí, meu primo favorito, dormiu bem? Já recuperou a energia que gastou bancando o herói?

− Ainda bem que não aconteceu nada de mal à Rebeca...

Lavínia suspirou alto.

− Acho a Rebeca meio sonsa. Já a Priscila, eu desconfio que é maluca. Acho melhor você ficar longe das duas, antes que elas se matem.

− Por quê? – surpreendeu Gustavo, inclinando o corpo da cama, separando-se da prima. − Você acha que a Rebeca está afim de mim?

− Isso, Lavínia! Alimenta o ego de galã do meu irmão bonitão! Só falta vocês concluírem que aquele acidente bizarro foi a tentativa planejada por Priscila de se livrar da rival.

− Claro que não, cara!

− Eu não disse isso – falou Lavínia. − Mas que foi esquisito...

Lavínia e Gustavo desceram para tomar café da manhã, deixando Marcos dormir sossegado.

− Eu estou indo à missa. Por favor, coloquem a louça suja dentro da pia – falou a mãe dos rapazes. Os dois voltaram a ficar a sós.

− Por que disse que a Rebeca é sonsa? — perguntou Gustavo.

− Bem, a fama dela, segundo Priscila, é de se fazer de santinha enquanto dá mole para todo mundo.

− A Priscila perde a noção das coisas de vez em quando. Não dá para levar em consideração o que ela fala.

− Pode ser, mas... Eu notei o jeito da Rebeca com o Marcos, eu acho que ele arrasta uma asa para ela e ela dá trela − Lavínia tocara no ponto certo. − Você viu a reação dele quando você perguntou se ela gostava de você.

Gustavo não respondeu, ficou olhando para a caneca de café tentando relembrar algo que confirmasse ou excluísse essa hipótese.

− Você está afim dela, primo? − ele não respondeu, mas acreditava que o olhar dela hipnotizando o seu era real.

− Vou ligar para ela. Quero saber como ela está – falou Gustavo, enquanto pegava o celular. Lavínia se assustou, o primo parecia não ter dado ouvidos ao que ela dissera.

− Está muito cedo – falou ela segurando o telefone do rapaz. − Depois de ontem... Sei lá... Ela deve estar cansada, pode ter demorado a dormir. Manda uma mensagem, é melhor.

− Tudo bem, você pode ter razão.

"Oi Rebeca, você está bem? Quem sabe nós conversamos pela net hoje à tarde, eu vou estar on line depois das 14hs. Bjo."

Os Olhos da Deusa (completo)Where stories live. Discover now