A Lua Nova I

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Enigmas

Marina acordou sem febre na manhã seguinte. Verificou a hora no celular e viu várias mensagens de Perla. Não conseguia se lembrar do que aconteceu.

− Você teve febre o dia todo ontem. Igual a Priscila no domingo. Acho que tiveram a mesma virose. Sente-se melhor? − perguntou Carmem.

− Sim – Marina respondeu disfarçando a angústia.

Ela tentava extrair alguma coisa da memória, mas era inútil. Estava claro que não tinha ido à aula. E que não usava o celular desde oito e meia da manhã de ontem. Tentou obter alguma informação da prima, mas ela realmente não sabia de nada.

− A última vez que eu te vi, nos separamos no caminho, eu fui para a escola e você para o cursinho. Quando eu voltei, você estava realmente muito estranha, mas eu, — Priscila rememorando sua desastrosa experiência com mais um feitiço — aliás, por sua culpa, estava muito grogue acabei dormindo.

Faltar à outra aula do cursinho não era uma boa opção para Marina, então, mandou uma mensagem para Perla se desculpando e avisando que conversariam mais tarde. Precisava tentar descobrir o que aconteceu.

Elas caminhavam juntas para a aula, Marina separou-se de Priscila no lugar de sempre. Sua última lembrança do dia anterior era naquele exato lugar. Ao dobrar a esquina seu coração disparou como um alarme. Não era uma lembrança, mas um sinal. Tentou explicar para Perla o que tinha acontecido, mas só havia lacunas.

Durante toda aquela semana, elas tentaram alguns rituais para ativar a memória de Marina, mas não funcionaram porque não estavam juntas. Eram rituais mais complicados e que necessitavam que Perla estivessem junto de Marina. Morar em cidades diferentes impossibilitou isso. Então, Priscila lhe contou sobre a festa.

− Na casa do Igor nesse fim de semana. Pouca gente. E Rebeca vai. Com certeza, vai usar aqueles brincos, não os tira mais da orelha. O estranho é que ninguém comentou sobre o brilho que eu vi naquela noite. Eu também não perguntei, porque poderiam acabar debochando de mim. Afinal, eu fiquei louca naquela noite!

"Não só naquela noite", pensou Marina. Mas realmente, já estava na hora de mudar de foco, aqueles brincos eram mais importantes que sua perda de memória.

− Se ninguém mais viu e você estava louca, porque eu deveria acreditar que são verdadeiros Olhos da Deusa?

− Você entrou na minha cabeça para descobrir o que aconteceu, então deveria saber a resposta para isso — respondeu Priscila, deixando a voz sair entre os dentes.

Marina sentia-se insegura sobre suas capacidades, pois todos os seus esforços tinham sido em vão naquela semana. Deitou-se no seu travesseiro e refletiu. De repente, foi tomada por um desejo imenso de desvendar o mistério sobre as pedras de Rebeca e ter o mérito pela descoberta.

− Eu vou a essa festa − ela não se lembrava, mas colocara a pedra encontrada entre as cinzas dentro do seu travesseiro, suas vontades não lhe pertenciam mais.

− Você falou o que aconteceu para Perla? — perguntou Priscila.

− Ainda não é hora de contar. Sorte a sua, querida prima − respondeu Marina.

Na manhã seguinte, Rebeca sentou-se ao lado de Igor no intervalo, precisava contar a ele sobre Thaís, mas não queria vê-lo sofrer.

− Tudo pronto para a festa. Seria perfeita se não fosse pela ausência, ou melhor, desaparecimento da Thaís − disse Igor.

− Então, eu conversei com a coordenadora hoje − Rebeca suspirou antes de continuar − ela quer que eu organize as matérias que a Thaís perdeu. A irmã dela vem buscar. Ela está em casa, com atestado, parece que é depressão.

Os Olhos da Deusa (completo)Where stories live. Discover now