Up All Night

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Dawn 

O peso sobre meu braço direito me obriga a abrir os olhos e checar o que diabos pode estar acontecendo a esta hora da manhã. Viro a cabeça para o outro lado, ainda sem conseguir mexer o corpo, e lembro-me do grande problema loiro que arrumei na noite anterior.

Luke está deitado de barriga para cima e meu braço sob seu corpo. Isso provavelmente aconteceu em algum momento da noite em que Luke se mexeu mais do que deveria e, por fim, me prendeu nesta posição, de barriga para baixo e dormência no braço esquerdo.

O arrependimento por ter divido a cama com o garoto não é o suficiente. Eu precisava da dor, sim, para enfatizar minhas escolhas ruins.

Puxo o braço com força, mas Luke gira sobre ele, sem nem mesmo acordar.

— Isso dói —  resmungo.—  Luke?

Nada.

— Luke, acorda.

O loiro se remexe mais uma vez, pressionando meu braço com mais força.

— MEU DEUS, DÓI!

O meu grito faz o garoto praticamente pular ao meu lado, permitindo que eu puxe o braço. O sangue volta a circular normalmente, me fazendo fechar os olhos com a satisfação.

— Por que você gritou? Que horas são?

— Porque você estava em cima de mim — explico.

Levanto-me da cama à procura do celular que provavelmente abandonei pelo quarto antes de dormir. Saber as horas é algo realmente importante visto que, além de hora para chegar no trabalho, eu tenho prazos para cumprir com edições de alguns livros. 

Por fim, encontro meu celular sob o travesseiro. Luke também se levanta e mantém os olhos sobre mim, esperando que eu o informe as horas.

10h53

— Merda, Luke! — atiro o celular para cima da cama e corro até o guarda-roupa. 

— O que é? 

As roupas começam a não fazer sentido para mim com toda pressa. Passo os cabides tentando encontrar algo que sirva para o trabalho, mas tudo parece ter muito brilho ou ser muito curto ou não ser o suficiente para convencer Andrew de que eu não mereço ser demitida.

— Dawn, qual é o problema?

Não tenho tempo para discutir com Luke ou até mesmo me preocupar com sua presença em meu quarto. Puxo a camisola pela cabeça, ciente de que apenas uma peça de roupa impede Luke de já ter visto mais que o suficiente do meu corpo, mesmo de costas para ele.  

Ajeito o vestido xadrez antes de virar-me e encarar Luke e seus olhos arregalados. 

Por favor, você provavelmente já viu garotas famosas sem roupa.

— Isso é culpa sua — corro em busca dos meus coturnos.—  Eu nunca cheguei atrasada e isso é culpa sua, Hemmings.

Luke abre um sorriso presunçoso e seus ombros relaxam. Ele joga-se novamente em minha cama e fecha os olhos.

— Levanta! — não tenho tempo de entrar em desespero. Continuo calçando os sapatos e reclamando com Luke, tudo ao mesmo tempo. — Pelo amor de Deus, Luke, faça algo para me ajudar apenas hoje.

— O seu chefe é o meu pai — ele resmunga contra o travesseiro.

— O parentesco do seu pai não me interessa na hora de depositar o meu salário.

— Quando eu acordar posso levar você até lá e explicar a ele o que aconteceu.

A ousadia de Luke faz meu estômago embrulhar e eu sinto que posso vomitar minhas refeições do dia anterior na cabeça dele. Luke Hemmings não pode pensar, por um segundo, que eu espero alguma coisa dele. 

— Não quero que fale com seu pai — tento manter o tom de voz baixo. —  Quero que levante da cama, vista suas roupas e saia da minha casa agora

Luke obedece minhas ordens sem discutir, mas com má vontade. Veste sua roupa, peça por peça, vagarosamente. 

— O que está esperando? —  ele ergue uma sobrancelha.

— Você se vestir e sair da minha casa.

— Não se preocupe, Byne — ele sorri ao pronunciar meu sobrenome. —  Eu saio pela janela e pego um táxi.

Eu tenho duas alternativas ruins: ficar e apreciar cada segundo adicional do meu atraso ou ir embora e deixar Luke sozinho em meu quarto.

— Não destrua nada — aponto para seu peito com o indicador.

Recuo até a porta sem tirar meus olhos do garoto, observando-o por quanto tempo eu conseguir.

— Tenha um bom dia, Byne.

A piscadela final de Luke prova que eu não estou segura convivendo com ele. Tudo o que eu quero é que as férias dele finalmente terminem e que ele vá para o outro lado do mundo gravar álbuns novos.

Dawn, sua mentirosa, minha mente me trai.

...

Corro para fora do elevador tentando alcançar a sala de Andrew o mais rápido que posso. Sonya, a recepcionista, suspira pesarosamente ao me ver.

— Dawn, o Sr. Hemmings... — ela tenta iniciar um diálogo, mas é interrompida pela minha voz ofegante.

— Já assinou minha carta de demissão, eu sei — levanto uma das mãos indicando que ela deve 'parar. 

— Não, Dawn, o Sr. Hemmings e seu filho... Dawn! — ela tenta me impedir de abrir a porta do escritório de Andrew.

Com a porta completamente aberta, posso enxergar a figura presente lá dentro, além do meu chefe. 

Luke vira-se na cadeira para enxergar a porta. Quando seus olhos encontram os meus, ele abre um largo sorriso.

Quais eram as chances de Luke escapar pela janela e conseguir pegar um táxi? Quais eram as chances de Luke conseguir me enganar e chegar antes de mim?

Depois de vencer todas as mínimas chances, o que Luke quer aqui?

— Dawn! — Andrew sorri ao me ver. Não sou uma desempregada. Por enquanto. — Que bom que chegou. Luke estava me contando que passaram a noite juntos.

Pisco algumas vezes. Dividir minha cama com Luke soa muito menos íntimo que passar a noite com ele. Além disso, eu estava confortável o suficiente quando essa informação ainda estava dormindo entre as paredes do meu quarto, não correndo pelas paredes do escritório do meu chefe.

Passamos a noite juntos — repito com o olhar preso no de Luke.

— Sim —  ele sorri. — Eu estava fora de casa e passei mal, então acabei ligando pra você. Obrigado por passar a noite cuidando de mim, Dawn.

— Aprecio muito o seu gesto, Dawn — Andrew sorri. — Fico feliz em ver vocês crianças recuperando o tempo que passaram distantes.

Luke levanta-se ao fim da fala de seu pai, tão repentino que mal tenho tempo de acompanhá-lo. 

— Dawn, ouvi falar que nos próximos meses você estará se dedicando cem por cento ao seu livro — Luke passa um dos braços pelo meu ombro. —  Então já que seu livro está na reta final da produção, pedi ao meu pai que deixasse você ter o dia livre.

Encolho-me dentro do meio abraço de Luke.

— Seria ótimo — sorrio para Andrew, que acena para nós dois em despedida.

Ao contrário do que eu pensava, o parentesco do meu chefe importa.




Dawn || Luke HemmingsWhere stories live. Discover now