Escolhas

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Minha mãe me encara, parada sob o batente da porta, e posso ouvir cada vez que ela respira mais alto que o necessário, apenas para acabar me incomodando de alguma maneira e eu, finalmente, perguntar o que há de errado. Mas eu não o faço, porque realmente não é no tipo de problema que quero me envolver hoje.

Deixei Luke em casa depois de trabalhar por horas, apenas porque ele já estava se tornando irritante, então vim aqui para me arrumar e, sem querer ser uma filha ruim, minha mãe tem sido pior. Ela está me rondando desde que cheguei. Quando estive no banheiro, ela estava no corredor. Agora que estou no quarto, ela está me observando há tempos.

— Ainda moramos sob o mesmo teto, se quer saber. Precisa me dizer aonde vai e que horas volta — ela quebra o silêncio.

Não temos nos falado muito depois da conversa que ela empurrou para cima de Luke e eu. Acho que ela não queria me ouvir, nem eu a ela, mas a situação toda é um tanto quanto insustentável agora, mas no momento em que estou saindo não é uma boa hora para conversar.

Ajeito minha saia branca. Ela é justa demais e lembro que a última vez em que minha barriga ficou lisa sob ela foi numa festa da faculdade, mas a última vez em que me importei com o fato de uma roupa me deixar mais magra também foi na faculdade.

— Não acho que devesse usar essa saia com essa blusa — ela comenta.

Encaro meu reflexo no espelho. Decidi usar um crop top preto de mangas curtas, mas acredito que a única coisa que ela consegue enxergar é o quão justo ele é e a pequena faixa da minha barriga que está à mostra.

— Por quê?

— A saia já é justa, devia equilibrar para não ser tão vulgar.

— Não — encaro-a através do reflexo do espelho. — É uma saia midi, então não acho que vulgaridade seja uma questão.

— Vai sair com Luke?

— E com os garotos.

Ela assente e vai até minha cama. Começo um processo de secar meu cabelo e tentar mantê-lo liso ao invés das ondas habituais. Só percebo que ela está bem perto de mim quando termino com o secador.

— Senta — ela pede. — Vou te ajudar com a maquiagem.

— Não acho que precise...

— Dawn Marie Byne — ela diz. — Por favor.

Sento-me na cama e fecho os olhos. Ela começa a aplicar a maquiagem sobre meu rosto e eu sei que agora, estou presa por alguns minutos, então é melhor que eu conduza a conversa.

— Sabe que eu não gosto do nome do meio — digo.

Ouço-a suspirar.

— Seu pai escolheu o primeiro nome e eu escolhi Marie. Na verdade, você deveria se chamar Marie Taylor, mas quando seu pai a registrou, estava amanhecendo. Ele me disse que era o nascer do sol mais lindo que já tinha visto em toda a sua vida, então ele decidiu batizá-la de Dawn.

— Marie Taylor é um nome...

Ela ri.

— Ele levava você para ver o sol nascer quando você era um bebê. Você dificilmente me deixava dormir neste horário, então ele dizia que você amava seu nome. Que você era a luz dos nossos dias.

Aperto as pálpebras para não chorar e estragar o trabalho que ela nem mesmo acabou.

— Seu pai é o motivo pelo qual não quero que você confie em Luke novamente — ela diz.

Abro os olhos e encaro-a.

Ela não pode comparar os dois ou sequer as situações. Luke me deixou para viver um sonho e agora eu posso entender isso. Meu pai nos deixou sem ao menos nos contar a razão. Não é a mesma coisa.

Dawn || Luke HemmingsWhere stories live. Discover now