Los Angeles

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Dawn

Passo a sexta-feira organizando toda a minha mudança para Portland. Esvazio boa parte da minha casa com Luke e fico triste por ter morado aqui por menos de uma semana. E me sinto louca e impulsiva por duas mudanças em sete dias, sendo uma delas para outro país, mas ao mesmo tempo me sinto entusiasmada por fazer algo inesperado ao invés de apenas ser como sempre fui.

Junto algumas coisas nas minhas malas, mas o resto decido deixar para trás. Acho que estou criando uma expectativa boba, mas quero que isso seja uma nova fase de verdade. Tudo novo, mesmo que comprar um novo secador de cabelo custe dinheiro.

No sábado de manhã, já tenho tudo que preciso comigo e uma passagem para Los Angeles, comprada por Andrew. O voo será a noite e, se tudo der certo, chegarei no dia seguinte na casa de Luke em LA. É uma surpresa idiota, mas fico feliz por fazer isso.

Estou tão radiante que, quando a corretora chega para pegar as chaves de volta, entrego com o maior sorriso que já dei em toda minha vida, mesmo que minhas mãos estejam tremendo muito. Ela pergunta algumas vezes a razão pela qual eu estou saindo e também pergunta por Luke, que foi quem alugou a casa. Conto parte da confusão a ela, que me deseja boa sorte ao atravessar o globo.

Ao meio dia, sigo com o meu carro para o único lugar que me faz ter medo: a casa da minha mãe. Ou a minha casa, até dias atrás.

Toco a campainha na porta da frente e espero, certificando-me de que não deixei o telefone no carro agora que não tenho Luke para me lembrar disso.

A porta é aberta e ela está lá: o cabelo de fios acinzentados presos em um coque que ela fez apenas para estar apresentável ao atender a porta. Nós nunca usamos o olho mágico, ou ela saberia que era eu, e não pareceria tão surpresa.

— Dawn — o meu nome sai em meio a um suspiro pesaroso.

— Oi, mãe — sorrio. — Eu vim para dizer que estou me mudando.

— É um pouco tarde, não é? — ela cruza os braços.

Assinto, porque me mudei dias atrás e não disse nada a ela além de palavras duras e desesperadas. E, antes que ela pudesse pensar sobre o assunto, eu estava fora de casa, em questão de horas.

— Estou me mudando para Portland.

Ela não esboça nenhuma reação.

— Portland? Nos Estados Unidos?

Concordo com a cabeça. Portland, nos Estados Unidos. A muitos quilômetros de distância, onde não podemos ter contato, embora, a essa altura, eu queira. Seis dias foram suficientes para perceber que não posso apagar minha mãe da minha vida e fingir que ela não esteve do meu lado por mais de vinte anos. Desde que eu nasci.

— Não quero ir brigada com você. Andrew me ofereceu um emprego lá, e sinto que me fará feliz e será melhor para minha carreira de escritora.

— E Luke está lá — ela diz.

— E Luke está em Los Angeles — corrijo. Mas, no fim das contas, Luke estará lá.

— Acho que não quer entrar e conversar sobre isso, quer? — ela dá uma risada. — Não vai mudar de ideia.

— Não — também rio.

Ela me puxa para um abraço que dura bastante tempo, e depois de alguns segundos fecho os olhos e respiro fundo.

Eu a estou deixando.

— Você tem que ir me visitar. Peça férias no trabalho e passe um tempo comigo lá. Aposto que vai adorar conhecer tudo.

Dawn || Luke HemmingsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora