Dawn || Luke Hemmings

Entrevista

Luke 

Fecho a porta da casa atrás de mim e suspiro, porque Dawn me deixou aqui e foi embora, e porque eu não sei o que aconteceu nesta tarde, especialmente depois de Arzaylea aparecer. 

— Luke? 

Ashton entra em meu campo de visão. Ele está deitado no sofá, com um caderno e uma caneta em mãos. Noto algumas folhas de papel amassadas pelo chão da sala. 

Ashton estava escrevendo para o próximo álbum, provavelmente. Não é inesperado que ele seja o primeiro a pensar nisso, começar a rascunhar alguma coisa para produzirmos em breve. Na verdade, escrever alguma coisa seria uma ajuda e tanto para tirar os pensamentos da minha cabeça. 

— Oi — digo. 

Ashton senta-se no sofá enquanto me aproximo e dá um sorriso rápido. Há uma pequena tensão aqui e ela tem um nome e sobrenome: Dawn Byne. 

  — Podemos conversar? — ele sabe que temos que conversar, portanto não posso recusar.

Sento-me no outro sofá, de frente para ele, e analiso seu rosto. Ashton é mais baixo que eu e tem olhos cor de avelã aconchegantes. Somos amigos há tanto tempo que mal posso enxergar minha vida sem ele. Acho que nos vemos tanto que parei de pensar sobre ele — ou qualquer um dos garotos —, porque são parte da minha vida. Assim como eu não faço análises críticas sobre mim. 

Mas agora, parando para observar, entendo a razão pela qual Dawn se interessou por Ashton. E não falo só da aparência dele. Ashton é uma pessoa boa. 

— Situação delicada — digo. Apoio os meus cotovelos sobre os joelhos e inclino-me, deixando o peso sobre os braços. 

— Queria que pudéssemos resolver isso com algum "Bro Code" idiota ou algo do tipo.

— Mas Dawn não se aplica a nenhum "Bro Code" que eu conheço.

— Exato — ele sorri. — Eu não sei, Luke. Andei pensando em desistir porque vocês têm uma história, mas não sei se é o que eu quero. 

Suspiro. Nem mesmo eu sei se quero que Ashton desista dela. Seria justo que ele parasse de tentar? Seria justo tirar a escolha de Dawn e reclamar qualquer propriedade idiota sobre ela? 

— Não pode me pedir para desistir, também — declaro. Eu não conseguiria, não enquanto ela não disser que já chega. 

— É só...— ele balança a cabeça. — Parece feio o que estamos fazendo. Não queria colocá-la numa situação desconfortável.

— Como assim? — não consigo imaginá-la desconfortável com isso. 

— Luke, Dawn teve que escolher com quem passar a noite. Dawn terá que escolher quem cumprimentar primeiro, com qual de nós vai dar as mãos, para qual de nós ela dará carona, de quem vai aceitar um casaco emprestado caso sinta frio... Já pensou em todas as situações que podemos colocá-la por causa disso? O que estamos fazendo? Vamos começar uma competição idiota de quem a chama para sair primeiro? Vamos ficar imaginando o quão longe ela foi com o outro? 

Tudo é um estalo e voa pela minha mente. Não é justo, nada disso é, mas ao invés de pensar nisso, apego-me a um único pensamento:— O quão longe vocês já foram?  

É esquisito ouvir isso dele. Eu sei o quão longe nós fomos, mas não tivemos tempo ou oportunidade para qualquer coisa física. Dawn e eu temos nos atingido emocionalmente de tantas maneiras que às vezes eu esqueço que nunca nos beijamos, não de verdade. Nós chegamos a tentar, na outra noite em sua casa, mas mal tocamos um no outro antes de explodirmos em sentimentos. Estremeço ao pensar que ela e Ashton não precisam passar por essa baboseira sentimental.