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Dawn

Minha estabilidade emocional já foi pelo ralo, portanto eu não giro a chave quando entro no carro. Permaneço ali, ainda na minha vaga, me perguntando se alguém está me fotografando neste exato momento, enquanto sinto meu celular vibrar sem parar.

Acho que minha cabeça vai explodir. Não é possível que tanta gente me odeie. Eu não estou usando Luke para chegar a lugar algum. Ele não escreveu meu maldito livro. Sou só eu, mas não sou uma heroína de romances.

Aperto o volante e tento me concentrar, mas o celular vibrando no banco ao meu lado me irrita, então dou uma espiada e vejo o nome de Luke na tela.

Pego o celular e atendo, porque eu não conseguiria sair daqui dirigindo agora e ele é provavelmente a única pessoa que pode vir me buscar, visto que voltar para a empresa e dizer ao Andrew que estar com seu filho é dolorido não é uma opção.

— Oi — digo.

— Oi! — Luke parece muito mais empolgado. — Estou dentro de um Uber indo encontrar você no trabalho. O que acha da gente sair pra comer? Só preciso que seja rápida, porque não é boa ideia que eu fique andando por aí...

Eu soluço porque contive muitas lágrimas nos últimos minutos. Luke para de falar e eu começo a chorar.

— Dawn? — ele chama. — O que houve?

— Você disse que elas me deixariam em paz, mas não deixam — falo muito rápido. — Meu celular não para e eu não aguento mais ser chamada de puta por garotas que não fazem ideia de quem eu sou.

— Onde você está?

— No carro.

— Fique exatamente onde está. Eu já estou chegando.

Ele desliga e eu permaneço sentada, observando a tela do meu telefone acender tanto que chega a ser insuportável.

Acho que elas me xingariam se me encontrassem na rua um dia. Talvez eu aguente algumas vezes, mas eu posso estar em um dia horrível e, se uma dessas garotas me xingar, eu provavelmente vou começar a chorar bem na frente delas. Chorar como estou fazendo agora, porque não estou fazendo nada para ferir ninguém.

É claro que comentários de um bando de adolescentes não deviam me ofender, mas tanta gente reunida dizendo coisas ruins sobre você é perturbador. Especialmente quando você está tentando fazer um maldito trabalho para construir sua carreira e manter uma imagem positiva. Se alguém se interessar pelos meus livros e buscar meu nome, não encontrarão Dawn Byne, a escritora, mas sim Dawn Byne, a piranha chupa-fama.

— Oi — levo um susto quando a voz de Luke soa.

Olho para o lado e ele está ali, do lado de fora do carro, com um semblante preocupado. Eu vou para o banco do carona sem sair do carro, e ele aproveita que o teto está abaixado para saltar para dentro sem sequer abrir a porta.

Luke liga o carro e sai dali o mais rápido possível, provavelmente ciente de que não pode passar mais de cinco minutos parado no mesmo lugar sem preocupações.

— Eu vou falar sobre você publicamente — ele diz. — Elas provavelmente não vão te atacar tanto se souberem o quanto significa para mim.

— Não são só os comentários...— digo, mas não sei como explicar.

É difícil dizer como algo assim afeta minha autoestima quando eu sei que não deveria ligar para nada disso, mas tudo que elas dizem gera uma influência muito grande. Eu achei que tinha sido deixada para trás por anos e agora tudo que não quero ouvir, ou ler, é que sou descartável. Ou que minha vida depende de Luke.

Dawn || Luke HemmingsWhere stories live. Discover now