Da Noite Ao Dia

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Luke

Dawn é a única coisa que não oscila em meio às outras figuras, mas ela some tão rápido quanto surgiu, e demora alguns segundos, mas a sobriedade me atinge com um pontapé nas costelas, tão doloroso que quase curvo-me para não vomitar enquanto sinto a grama baixa sob meus pés.

Aos poucos, as coisas voltam a serem nítidas. As gotas saem do meu short e escorrem pelas minhas pernas, geladas contra o vento frio de inverno. Justo hoje, justo em Los Angeles. Viro o pescoço e vejo Arzaylea amarrando seu biquíni de volta ao lugar, então volto os meus olhos para os garotos à minha frente.

Michael balança a cabeça e corre. Imagino que seja na direção de Dawn. Ele e eu estamos usando as mesmas roupas vermelhas com gorros de Natal. Ou estávamos, até que de alguma maneira eu vim parar aqui, na hidromassagem, com Arzaylea.

Não sei o que estava pensando quando a convidei para a festa de Natal. Estava irritado por Dawn ter dito que eu devia me divertir, embora eu não faça ideia do que isso seja. Eu a chamei para morar comigo e, quando vou para outro país, ela pede que eu me divirta. Eu esperava promessas sobre um relacionamento ao qual eu queria me apegar e sobre uma vida juntos, mas ela me deu um adeus breve e um pedido descabido. Achei que Arzaylea seria diversão. Achei que podia fingir que não havia Dawn, mas, quando Arzaylea chegou aqui hoje, eu sabia que jamais poderia ir adiante.

Só que eu nunca disse em voz alta.

Um pé de cada vez, faço o meu melhor para não tremer enquanto tento seguir Dawn, mas de alguma maneira as mãos de Ashton param em meus ombros e me impedem de continuar.

— Não acho que seja uma boa ideia — ele avisa.

— Não é exatamente o que parecia — entro na defensiva. Sei que ele está pensando agora que jamais faria o mesmo com ela se tivesse a chance, mas eu quero deixar claro que tive a chance e também não fiz. Não faria, nem em um milhão de anos, mesmo que a parte magoada de mim tenha me levado a crer que sim.

— Luke, não vá atrás de Dawn agora — ele pede. Seus olhos estão mais escuros agora.

Afasto suas mãos dos meus ombros e passo por Calum e ele rapidamente. Na minha corrida desequilibrada esbarro nas roseiras do lado esquerdo e arrasto meu ombro pelos espinhos, mas não tenho tempo para reclamar da dor, e por sorte o álcool que eu ingeri a ameniza.

Percebo o sangue quente escorrer pelo meu ombro enquanto tremo pelo nervosismo e pelo frio. Os cortes são superficiais, mas machucaram o suficiente para sangrar. Não em proporções assustadoras.

Eu paro de pensar em cortes, sangue e rosas quando vejo Dawn e Michael parados. Dawn parece estar tentando subir as escadas e voltar para a casa, mas Michael impede a passagem e não para de falar. Mesmo me aproximando, não consigo entender nada do que Michael diz.

— Dawn — chamo.

Ela se vira para mim, o azul dos olhos tão frio é uma combinação assustadora com a luz do gramado refletindo em sua pele. Ela parece uma boneca de porcelana.

Assustadora e frágil.

— Não — ela diz, como um aviso.

— Não pode ir embora sem ao menos me ouvir.

— Luke, para de bagunçar as coisas — a voz de Michael é mansa, mas ele está frustrado.

— E então o que vem em seguida? — Dawn dá dois passos em minha direção. — "Eu posso explicar"?

— Eu posso.

— Não pode — ela ri. — Eu vi, Luke. Você já nadou pelado? Não é isso que ela queria saber? Antes de começar a tirar a própria roupa?

Dawn || Luke HemmingsWhere stories live. Discover now