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Dawn

Na terça-feira depois do almoço, Andrew aparece na minha sala com um sorriso amigável e uma sobremesa em mãos, que me oferece. Eu aceito a pequena embalagem de torta de limão de muito bom grado, e como as primeiras colheradas enquanto assisto-o sentar-se à minha frente.

— Conversei com Luke hoje, durante o almoço — ele diz.

Respiro fundo e abandono a tortinha. Sabia que havia uma razão pela qual Luke havia recusado meu convite para almoçar e, no fim das contas, acabei almoçando sozinha no prédio da empresa, com todos aqueles caras engravatados dos outros andares.

— Ele me contou que está indo embora na sexta — Andrew continua. — E me contou que se mudaram ontem.

Assinto, porque não há muito o que dizer quando você namora o filho do seu chefe. É claro que ele vai acabar descobrindo coisas demais sobre sua vida pessoal. E acho que Andrew também acredita que era cedo demais para nos mudarmos. Talvez eu discordasse ontem, antes de saber que Luke está indo embora, mas a esta altura já nem sei mais o que pensar. Fico feliz em ter saído de casa e ido morar sozinha, mas ao mesmo tempo sei que poderia ter feito de outra maneira, que não envolvesse uma briga com a minha mãe. E agora que Luke está voltando para LA, é apenas mais uma munição para ela, que pode dizer que larguei minha vida por algo incerto.

E eu de fato o fiz.

— Bom, Dawn, a sobremesa não é a única proposta que venho fazer. As coisas mudaram drasticamente desde que Luke chegou e, dois meses atrás, eu jamais consideraria propor uma coisa dessas a você, porque é uma das minhas melhores funcionárias e chega a ser doloroso tirar você da sede da H Publishing. No entanto, agora você não é só uma funcionária, mas também é uma autora desta editora, e um dos nomes que eu mais apostei, porque a única coisa que você tinha para nos mostrar era talento, e não números como a maioria dos autores que chegam aqui têm. Sendo assim, venho pensando muito nisso, mas seu relacionamento com Luke teve grande peso nessa decisão e queria te propor: você quer ir para Portland, trabalhar na nova sede da H Publishing?

Eu pisco, boquiaberta com a quantidade de informações e, por fim, esta proposta. Faço a única pergunta que me ocorre:

— Foi Luke quem pediu isso?

Ele ri e balança a cabeça, como se eu fosse uma criança dizendo coisas bobas.

— Não, Luke nem faz ideia de que estou lhe propondo isso. Tudo que ele me disse foi que estão juntos agora, e que também acabaram de se mudar, além da razão pela qual se mudaram. Imagino que mais uma mudança seja complicada agora, mas também estou me oferecendo a arcar com as despesas da sua mudança. Como seu amigo, não como seu chefe. Mesmo porque não vou poder te oferecer um salário maior lá do que já ofereço aqui, pelo menos a princípio, pois tem sido caro levar a empresa para outro país. Mas imagino que o salário que ganha seja o suficiente para morar em Portland, ainda mais agora que também terá o dinheiro das suas vendas, é claro. Não é em Los Angeles, onde Luke mora, mas imagino que seja mais fácil para vocês se estiverem no mesmo país — ele ri.

Eu espalmo as mãos sobre a mesa, tentando procurar algum equilíbrio, mesmo sentada.

— Imagino que seja chocante. Não precisa...

— Eu aceito — interrompo-o. — Meu Deus, eu aceito. Posso me mudar hoje, se for preciso — arranco uma risada dele.

— Que bom! — ele sorri numa empolgação contagiante. — Bom, pensei que poderia ir na próxima semana, porque já está indo para lá de qualquer maneira, para o lançamento do livro. Mas talvez seja muito cedo.

— Não — levanto-me, com todas as ideias correndo pela minha mente. — Os garotos estão indo sexta. Eu vou comprar uma passagem e estarei lá para o Natal, mas não podemos dizer nada a eles. Eu realmente não preciso levar nada daqui e, se você puder vender o carro por mim, acho que posso usar o dinheiro para comprar outro lá — vou de um canto a outro da sala, planejando tudo. — Estarei lá no domingo, para o Natal, mas vou para Los Angeles. E então depois disso posso ir para Portland, e ver apartamentos. E seguir o cronograma normal. E...

— Acho que é perfeito — ele conclui por mim. — Não quer mesmo que diga a Luke que está indo? Acho que isso o faria feliz.

— Não — recuso. — Não, precisa ser uma surpresa.

Ele sorri e levanta-se, caminhando até a porta, provavelmente para permitir que eu possa comemorar sozinha. No entanto, antes de sair, Andrew vira-se para mim e diz, num tom sério:

— Converse com a sua mãe, Dawn. Sei que pode parecer complicado, mas você, mais do que ninguém, sabe o quanto dói ver uma pessoa que ama partir sem poder se despedir.

E então, ele fecha a porta.

. . .

Cruzo os braços enquanto assisto Luke se despedir dos pais e dos irmãos, enquanto Michael faz o mesmo com a própria família. A escolha de separá-los em duplas para voos diferentes foi sensata, porque já esbarramos com meia dúzia de garotas que pediram por fotos e autógrafos. Ashton e Calum foram mais cedo, na madrugada de quinta para sexta, e o voo de Michael e Luke será em menos de uma hora, mas seus nomes já foram chamados para a sala de embarque e não seria razoável perambular pelo aeroporto enquanto sua presença é anunciada para todos ouvirem.

Tem sido difícil esconder a minha mudança para Portland, mesmo que a decisão tenha sido tomada há três dias. Achei que a esta altura eu mudaria de ideia e desistiria de ser tão impulsiva, mas não consigo imaginar uma razão para não ir embora, uma vez que não estou deixando nada para trás.

Já tenho um visto para trabalho nos Estados Unidos, por conta da publicação do livro. Já tenho um emprego, uma futura casa e a pessoa que amo também estará lá. O que poderia me manter aqui?

No entanto, meu bom humor tem sido motivo de confusão para Luke. Acho que ele esperava que eu estivesse surtando por vê-lo ir embora, mas estou tão inegavelmente feliz que preciso esforçar para transparecer lamentar sua partida quando ele se vira para mim.

— Eu prometo ligar para você todas as vezes em que for possível e que o fuso horário permitir — ele sorri. — Por FaceTime, obviamente, porque não posso correr o risco de não ver você.

Eu reviro os olhos e abraço-o.

— E eu vou voltar todas as vezes em que for possível. Para a nossa casa.

Respiro fundo e levanto a cabeça para olhá-lo nos olhos, mas sem soltá-lo do abraço.

— Não se preocupe comigo, Luke. Divirta-se fazendo o que você ama e eu vou ficar bem — digo, porque não quero que seja doloroso para ele, mesmo que eu vá bater na sua porta em poucos dias.

Luke me encara, a confusão transparecendo em sua íris clara. Por um momento me ocorre a ideia de que ele pode interpretar isso da maneira errada, mas ele me beija antes que eu possa fazer comentário e então...

Eu tinha algo para falar?

Luke roça os lábios contra os meus e aprofunda o beijo, mas afasta-se rápido o suficiente para não chamar atenção. Seu nariz toca o meu e me sinto aquecida.

— Divirta-se também — ele diz. — Eu amo você.

— Eu amo você.

Dawn || Luke HemmingsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora