Escritório

643 52 18
                                    

Dawn

Estaciono o carro em frente a casa alugada dos garotos, que descem do carro. Luke dá a volta e ocupa o assento do carona.

— Hemmings, junto — Michael ordena, como se Luke fosse um cachorro.

— Eu vou com a Dawn ver meu pai. Vejo vocês mais tarde — ele diz, soprando um beijo no ar para Mike.

Eu reviro os olhos e acelero o carro. A última coisa que ouço Michael dizer é:

— NÃO SEI O QUE HÁ COM ELA, MAS ELES NÃO SÃO CAPAZES DE DESGRUDAR!

Fico contendo uma risada pelo resto do caminho até a empresa. Durante todos esses anos em que os garotos estiveram longe, saí para pouquíssimos encontros. Não porque não havia nenhum interesse, até porque eu não sou dona do discurso de que "ninguém me quer". No entanto, me envolver em qualquer tipo de compromisso era relembrar o que quando alguém tem seu coração, pode parti-lo como quiser. E minha experiência com a partida de Luke sempre me lembrou que não quero dar esse poder a ninguém.

No entanto, agora, a situação é até cômica, porque aparentemente estou compensando todos os encontros da minha vida vivendo essa história quase ficcional entre Luke e Ashton.

Minutos mais tarde, estaciono o carro e entro no prédio acompanhada de Luke. Passo meu cartão pela roleta e faço um aceno para o porteiro para que libere a entrada de Luke.

É estranho que eles saibam quem eu sou, mas não façam ideia de quem Luke seja, embora ele seja o próprio filho de Andrew. Bem, Luke ganhou fama, eu ganhei um cartão de uma empresa.

Pegamos o elevador e permanecemos em silêncio. Ele parece não perceber o quão constrangedor é que passemos tantos minutos sem pronunciar qualquer palavra, por isso apenas fico encolhida assistindo os andares passarem.

Nem todos os andares pertencem a editora. São uma variedade de escritórios com finalidades diferentes e pessoas que eu nunca vi na vida, mesmo trabalhando no mesmo endereço que eles. Também há o restaurante, onde a maioria do pessoal dos escritórios vai almoçar, com suas roupas sociais e sorrisos gelados. Eu sempre evito o máximo possível ir lá, mas muitas vezes Andrew exige reuniões durante o almoço e lá estou eu, convivendo com as formalidades novamente.

As portas do elevador se abrem, revelando o saguão.

Sonya, a verdadeira secretária, está parada atrás do balcão de madeira escura. Há um espelho atrás dela, refletindo Luke e eu. Às vezes parecemos mesmo irmãos.

— Olá, Dawn — ela sorri para mim. — Ah, e olá... Luke?

Sempre gostei do fato da equipe de Andrew ter pouca idade, como eu. Por mais que todo o escritório seja elegante, tudo acaba se tornando bem informal, já que Sonya é apenas dois anos mais velha que eu, e alguns dos outros editores também. No entanto, agora, reflito que seu olhar para Luke não seja apenas mera descontração. Ela sabe quem ele é, e não só porque é o filho do nosso chefe, mas porque é uma estrela.

— Bom dia, Sonya — sorrio. Avanço alguns passos, até estar apoiada em seu balcão e observo o pequeno monitor do computador que ela tem ali. Pego-a lendo um site de fofocas e não posso deixar de reparar minha foto com Luke bem abaixo do título da matéria.

Ela sorri de maneira desconcertada, passando a tela para uma planilha com organização de calendários.

Encaro o espelho atrás dela e vejo que Luke está inspecionando o ambiente. Ele vaga pelo saguão, observando as pequenas poltronas e a mesa com café que há ali.

— Esqueceu a chave da sua sala...? — Sonya chama minha atenção novamente.

— Na verdade, não. Andrew está livre?

Dawn || Luke HemmingsWhere stories live. Discover now