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"Amo-te"... Apesar de ter sido a última coisa que disse naquele dia, tal memória não tenho. Apenas lembro-me do abraço que espremeu mais do que confortou. Depois acordei com os malditos raios de sol que teimam em acordar-me. Não sei o que fiz-lhes de mal, mas uma coisa é certa: eles odeiam-me. Hoje foi ainda pior.

Como é de costume, acordei de manhã e a primeira coisa que vi foi o teto incrivelmente degradado. Também, depois de ver uma casa como a de Chris e Yuna; a minha é pior que uma tenda comparada com a deles. Após pensar se havia possibilidades de tudo aquilo do Chris, de Yuna e da incrível mansão serem apenas um sonho, suspirei vendo a minha vida tornar-se ainda mais complicada do que já era. Olho para a fonte do meu despertador, que é pior que um galo, e sou invadida por raiva descontrolada.

- Quem foi a mente brilhante que deixou as cortinas desviadas?! - Levantei-me; mais tentei.

Mal levantei o tronco senti uma força sobre o mesmo e uma leve dor de cabeça. Enquanto massajava a cabeça observei a minha barriga e sou surpreendida por razões a mais. Não só estava apenas de roupa interior como estava com pequenas manchas vermelhas pelo meu corpo e um braço prendia-me à cama. Olhei para o outro lado da cama e lá estava ele. Aquele idiota e, provavelmente, a mente brilhante.

- Pete... - Repeti mais umas vezes, mas não obtive qualquer resposta. - Pete~ Amor~ Já é de manhã~ Já são horas de acordar, dorminhoco~ - Era impossível dizer aquilo mais fofo e amoroso que eu, e eu esforcei-me realmente. Aproximei-me da sua cara descontraída e, a poucos centímetros de tocar nos seus lábios, recuei. - Ele é pior que uma parede! - Este miúdo faz questão de ter sono pesado para irritar-me, só pode mesmo. - PETE! - Já não estava com paciência para meiguices. Que tivesse acordado antes.

- Hmmm... - Ele murmura e encosta-se mais a mim. Não tentes piorar as coisas, Pete. É para o teu bem... - Perfeito... - Parei no momento. Nem consigo acreditar no que está a acontecer. Ele fala durante o sono e eu só descobri agora?! - Isso mesmo... Linda... - Ele murmura mais uns sons incompreensíveis. - Lay... - Corei ao escutar o meu nome com um tom que nunca antes ouvi.

- Era capaz de o perdoar assim... - Mas, é claro, ele estragou tudo com apenas uma pequena frase...

- Agora a lingerie. - A minha expressão muda por completo. Fiquei uns minutos a olhar para a expressão entretida de Pete até ele pronunciar a seguinte frase.

Uns minutos depois, estava eu a beber a minha caneca de leite quente com cacau com um prato com torradas com uma camada de manteiga derretida, tudo enquanto observava o sol a erguer-se em direção ao céu. Melhor que isto ainda não encontrei. Dei mais um gole aquecendo a minha garganta e escuto algo a cair em cima do sofá com força. Investigo pelo canto do olho e, tal como suspeitava, Pete estava deitado em cima do sofá. Ignorei-o e abocanhei outra fatia de pão. Apenas escutava o som dos ponteiros do relógio da sala a dar e o vento que entrava pela janela adentro. Eram momentos como este que conseguia descontrair de verdade e esquecer tudo o que arrasto ao longo dos dias. Eles até que podiam durar mais, mas para que serve ter uma ótima companhia senão para arruinar estes precisos momentos?

- Lay... - Olhei pelo canto do olho com total desdém para o ver a arrastar-se pelo chão até à mesa onde estava. Quando finalmente chegou ao pé de mim, agarrou as minhas pernas. - Por que és tão má para mim? - Ficámos uns segundos em silêncio até eu voltar a direcionar a caneca com o resto do leite à minha boca. - Lay!

- Não venhas com coisas, Pete. E a culpa é totalmente tua. - Disse com toda a calma.

Em vez de começar a gritar e virar esta situação numa birra autentica, como era de esperar, preferi manter a calma respondendo-lhe como se não fosse nada de importante. Novamente, só para contrariar-me, ele continua a chamar-me repetidamente. Ele não dizia muito alto, até que num tom normal; nem muito rápido ao ponto de não perceber-se. Era um "Lay" por segundo relativamente calmo. O problema é que ele consegue tornar qualquer coisa dez vezes mais irritante, ou até mais. Eu por pouco pensei que ele iria mesmo gastar o meu nome.

- Que foi, Pete!? - Ele calou-se e passou a olhar para mim com aqueles olhinhos de cachorro. Ainda bem que estava irritada mas consciente o suficiente para não ser influenciada e virar-me para ele. - Disseste o meu nome tantas vezes que vais ter que poupar. São uns quatro meses sem dizeres o meu nome!

- Lay... - Apesar de ter sido baixinho, foi apenas essa pequena gota que levou à queda do copo.

- Pete! - Levantei-me e ele largou-me no instante. - Que irritante! - Esfregava a cabeça enquanto andava em círculos em volta da mesa. - Como é possível! A sério! Nem sei como consigo aturar-te nem como durei tantos anos contigo ao meu lado constantemente a saltitar na minha cabeça como um maldito pica pau numa árvore! Ahhh!

Continuei a murmurar mais umas quantas coisas; apenas uma pitada da raiva acumulada de vários anos. É desnecessário ter conhecimento de tudo o que tenho guardado ou mostro. Vou ser sincera; maioria é insignificante, coisas mínimas, pequenas irritações. Deve ser um pouco óbvio já que tenho apenas vinte anos e pouco vivi. Isso não importa muito. Há crianças que vivem e vêem cenas mais pesadas que um adulto que não sai de casa.

Depois de desabafar o suficiente para recuperar a minha calma, sentei-me de novo e bebi o último gole de leite. As torradas tinham acabado bem antes dos últimos goles de leite. Pousei a caneca sobre a base para não riscar a mesa e fiquei a observar o sol e o quão alto ele subiu com apenas uns quantos minutos. Lembrei-me da alma irritante que estava ao meu lado e virei-me para ele. Só pude ver o seu sorriso brincalhão enquanto ele balançava de leve o seu corpo enquanto esperava, sentado sobre as suas pernas, pela minha resposta. Suspirei e tentei lembrar-me da pergunta que ele tinha feito.

O tempo seguiu sem esperar por ninguém enquanto eu explicava o que tinha acontecido há uns instantes naquele quarto. No final, o resultado era obvio. Pete reclamava de um lado para o outro na sala enquanto eu escutava tudo, ou pelo menos parecia, sentada na mesma cadeira onde comia. Esta situação é me familiar, mas doutro ponto de perspetiva...

- És tão má! - Lá estava ele com os seus dramas. - Era apenas um sonho! Não era preciso reagires dessa maneira! - Não sei se ele estava a beicinho ou irritado. Seja qual for, é fofo. - Que maldade... - Ok, agora é beicinho.

- Não me culpes, Pete. - Levantei-me e dirigi-me a ele. - Sim, era um sonho. Sim, não era preciso eu ter feito o que fiz. - Antes de ele dizer qualquer coisa, aproximei-me dele e comecei a provoca-lo passeando os meus dedos pelo seu peito protegido apenas pela leve t-shirt. - A questão é que... - Aproximei-me do seu rosto e sussurrei ao ouvido. - Era um sonho... Pervertido comigo! - Puxei a sua orelha e ele começou a reclamar. Tinha-o sob controlo.

- Ok, ok. Peço desculpa... - Ele quase que implorava tal era a dor. Que mariquinhas... - Agora podes largar-me. - E assim o fiz.

Depois desta pequena confusão, Peter saiu com o Patrick mais uma vez e foram comer fora. Estes os dois só gostam de festa, é o que eu digo. Então hoje... Pete disse que iam tomar o pequeno almoço num café, depois iam ver carros que não conseguiam comprar, antes do almoço iam buscar umas "amigas" do Patrick e iam comer fora com elas, à tarde será festas, bares e discotecas e o mesmo depois do jantar. Eu vou ter que aturar aquele demónio de malícia e eles vão celebrar. Que justo, realmente... Falando no demónio, acho que ouvi o táxi.

Criada de um MilionárioWhere stories live. Discover now