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Já no porto, os meus sentidos estavam loucos com as novas sensações. O que sobressaia mais eram o cheiro do mar em todos os cantos do porto, a multidão que se preparava para o barco, e o enorme cruzeiro à nossa frente. Além de um enorme cargueiro cheio de contentores metálicos, o cruzeiro era o único lá atracado.

- Uau. É enorme!

- Em dimensões de cruzeiros, é mediano. - Chris apareceu ao meu lado e pegou numa das minhas malas levando-a juntamente com as dele.

Eu segui-o em direção ao cruzeiro, mas não desperdicei a oportunidade e continuei a ver tudo o que me rodeava. A maquinaria pesada que ocupava grandes espaços do porto, os carros que saiam e chegavam, as pessoas carregadas de malas prontas para umas boas férias. Não era propriamente algo que eu tenha visto várias vezes na minha vida.

Uma enorme fila de espera saia da entrada do barco e estendia-se a uns largos metros. Era provável que muitas pessoas ficariam algumas horas à espera para entrar. Eu fui direta para o fim da fila, mas vejo Chris a continuar em frente. Olho para os lados como uma criança perdida. Achei melhor segui-lo.

Na frente da fila, Chris estende uns papeis ao homem da entrada. Ele observa-os e sorri entregando-os de volta a Chris. O homem faz sinal ao jovem ao seu lado e ele sobe as escadas desaparecendo da minha vista.

- Seja bem-vindo, senhor Morrison.

O homem estica a mão e os dois dão um curto aperto de mãos. Ele deixa-nos passar com um sorriso e logo retoma a atenção às pessoas que esperavam.

- Não achas um pouco falta de educação ultrapassar aquela gente toda? Não deveríamos ter ido para o fim da fila?

- Eu tenho bilhetes VIP. Podemos entrar à frente de todos, basicamente.

- Um pouco convencido, não? Mas ele tem uma certa razão. - Acabei por aceitar a resposta dele.

Eu continuo atrás dele seguindo as costas dele sem me desviar do caminho. O tamanho do navio e o seu interior eram demasiado luxuosos para mim. Não só me sentia pequena como desconfortável. Eu não pertencia aquele mundo.

Seguimos pelo corredor até pararmos à frente de uma porta. K194 estava escrito em peças metálicas douradas. Chris tira um cartão do bolso e passa-o pelo leitor ao lado da maçaneta. Ouve-se um leve clique e a porta abre-se. A primeira coisa que vi, foi a cama de casal.

- O navio parte daqui a uma hora. Se arrumares já a mala, temos mais tempo para explorar. Tenho a certeza que não estás em pensar em ficar presa no quarto.

Chris pousa as suas malas num lado da cama e começa a retirar a roupa. Ele olha para mim e inclina de leve a cabeça a tentar perceber o que estava a passar pela minha cabeça para estar a olhar daquela maneira para a cama.

- Porque é que só há uma cama? E porquê uma cama de casal? - Olho para ele séria já a ver no que aquilo podia criar.

- Eu até que podia fingir que se enganaram, mas acho que já vou tarde para isso. - Cruzo os braços ainda à espera da resposta. - Qual é o problema? Até parece que é a primeira vez que dormes comigo.

Não demorei muito para lembrar-me daquela noite. Foi nos meus primeiros dias, o que não me espanta. A pensar bem, o nosso primeiro encontro foi o que foi, ele basicamente comprou-me em troca de ter total controlo sobre mim, e a nossa relação é o que é. No entanto, lembro-me de como me senti. Foi uma das melhores noites que passei até hoje.

- Não é justificação para dormir na mesma cama que tu. Isso nem devia ter acontecido desde o inicio.

- Tem calma, Layla. Até parece que tens medo que eu te ataque. - Claro que não consegui conter o riso.

Criada de um MilionárioWhere stories live. Discover now