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Apesar de todos os momentos que desejava não me lembrar nem sequer ter vivido, nunca tive medo de Chris. Nunca pensei que tivesse medo dele, mas acabo de provar o contrário. Os olhos verdes que capturaram a atenção dos meus tantas vezes faziam-me tremer enquanto deixava de reconhecer os traços da cara de Chris. O belo e mágico sorriso que aquecia o meu coração tonto, não parecia vir do mesmo lábio que sangrava do corte que lhe fiz.

Chris puxa-me contra ele com uma força extrema e empurra-me contra a cama. Estava de novo na mesma posição que há poucos segundos me tinha visto livre. Desta vez, Chris prendia os meus pulsos há cama como se quisesse fundi-los com a mesma. O corpo dele estava a poucos centímetros do meu mas deixava uma sensação de aprisionamento. Era tão forte a sensação que parecia que não havia nenhum espaço para lá do meu corpo, apenas uma parede forte que me impedia de mover um milímetro sequer. Não havia nenhuma célula no meu corpo que não tremesse perante a sua presença assustadora.

- C... Chris... - A minha voz saiu a tremer como o meu corpo, mas não deu para dizer mais uma palavra sequer. A força sobre os meus pulsos aumentou, espantosamente. - C...

Tentava despertá-lo, chamá-lo à razão, mas cada palavra que saia da minha boca não só não tinha capacidade alguma de ajudá-lo como parecia irritá-lo cada vez mais. O verde dos seus olhos escurecia cada vez mais enquanto o sangue continuava a escorrer pelo seu lábio. Para além daqueles duas imagens aterrorizantes, o resto do seu rosto mantinha-se congelado, sem qualquer expressão. Os olhos transmitiam o suficiente tendo sempre o apoio da força.

Apesar de já não reconhecer aquela expressão, os meus olhos continuavam a ser atraídos por aquele verde sombrio. Tentei fugir ao encanto e virei a cara. A porta do quarto era muito mais inocente que o homem em cima de mim. No mesmo instante, sinto a sua boca a atacar a minha pele. Deixo escapar um gemido de dor. As minhas mãos faziam de tudo para libertarem-se da mão dele, mas estava tão apertado que parei de resistir para não me aleijar mais.

Continuei a senti-lo a morder de leve o meu tronco, braços e parou no peito. Enquanto se divertia a lamber ou a morder o meu peito, a sua mão livre foi deslizando pela minha anca até à alça da cueca. Sentia-o a seguir os traços da cueca até parar no centro. Foi lentamente deslizando para debaixo, mas eu não aguentava mais.

- Chr... Chris... - A minha voz continuava tremule, mas com a aproximação da mão, ganhei rapidamente forças. - CHRIS! - Gritei na esperança de ser ouvida.

Deixei de sentir as mãos de Chris sobre mim, a parede à minha volta tinha caído, a dor desaparecido, a má presença parecia que nunca tinha cá estado. Olhei para a minha frente, com receio da realidade. A alegria invadiu-me ao ver o esverdeado lindo de novo nos olhos de Chris. Não consegui conter e uma lágrima escorre pelo canto do meu olho. Um sorriso leve cresce enquanto limpo a lágrima teimosa.

- Ainda bem que já acabou... - Volto a respirar alivia quando olho para Chris. O meu alívio rapidamente desaparece ao ver a sua expressão.

- Voltei a fazê-lo... - Murmurava enquanto tapava os ouvidos com as mãos. Afastava-se devagar da cama e de mim, de ouvidos tapados, totalmente aterrorizado; como uma criança. - Voltei a fazê-lo...

- Chris... - Não deixei de ter pena dele, mesmo depois daquilo tudo. Era óbvio que ele não estava em si nessa altura.

Levantei-me e fui ter com ele mas só o fiz afastar-se mais. Avancei devagar e o meu coração apertava com cada passo que dava ao ouvir cada vez melhor o seu murmuro. A um braço de distancia dele, o meu coração contorcia-se ao ver o estado do mestre rico, convencido e pervertido que eu tinha. Ele não passava de um homem. Nem ele merece uma coisa destas.

Abracei-o ignorando os minutos de horror que sofri há poucos instantes, esquecendo os momentos que quis fugir das suas mãos manipuladoras... Ele era apenas um homem com a sua própria personalidade. Não vou virar as costas a uma pessoa como ele porque tive uns quantos momentos não tão bons.

Uns minutos depois, deixei de ouvi-lo a murmurar, o seu coração estava bem mais calmo e até correspondeu devolvendo o abraço. Ficámos mais algum tempo assim, principalmente para certificar-me que estava tudo bem. O corpo despido dele contra o meu, pele contra pele, sentia o seu calor a entrar no meu com maior intensidade do que o costume. Mal dei por mim, já estava a adormecer no seu ombro.

Antes que começasse a dormir em pé coladinha a ele, acabei o abraço e senti um alívio ao ver o sorriso no seu rosto. Ele aproxima-se de mim e sussurra ao meu ouvido depositando um beijo carinhoso no meu rosto. Não consigo evitar e coro. Ajeito o meu cabelo e volto para a cama deitando-me ao lado dele. Ele ri de leve relembrando-me de como ele era.

- Apenas estou aqui porque já é bastante tarde. Não vale a pena sair daqui, pelo contrário, pode prejudicar-me. Afinal, foi por isso que não me impediste de tentar sair do quarto depois de acordares. - Oiço um riso leve perto da minha orelha. Sinto-o a abraçar-me por trás e a depositar alguns beijos nas minhas costas. - És mesmo estranho. Ora és um autêntico pervertido ora viras um louco pervertido traumatizado. - Ele ri e continua com as suas caricias. Suspirei ao ver poucas soluções.

Debaixo dos lençóis, lado a lado, eu de costas para ele enquanto ele me abraça por trás às tantas da noite. O toque húmido dos seus lábios contra as minhas sensíveis costas quentes e o toque sensual das suas mãos ao longo da minha cintura até às coxas. Não foi preciso muito para me esquecer do que tinha acontecido há pouco e lembrar-me de como ele é bom nestas coisas. Claro que não me esqueci da nossa relação apesar de o meu corpo querer outras coisas. Apenas não tenho grande resistência quando ele faz este género de coisas e derreto-me completamente. Odeio-te tanto meu corpo.

- Não te preocupes comigo. - Arrepiei ao sentir as suas mãos a irem para outros sítios como o tronco e as pernas. - Eu não te vou fazer mais mal... - Disse ao passar com um dedo por um arranhão que tinha deixado na minha perna. - Relaxa, eu sei que consegues. - Sussurrou sensual ao meu ouvido enquanto deixava uns beijos pela minha nunca para trás.

- Eu não sei o que queres com isto... - A minha fala era constantemente interrompida pelos toques sensuais de Chris. - Mas isto não parece propriamente uma massagem...

Apesar de dizer aquilo, não passava de conversa, e ele sabia bem. O meu rosto estava quente, os meus olhos cada vez mais pesados e o coração a bater cada vez mais calmo. Foi uma questão de segundos para cair redonda de sono. Mesmo assim, Chris continuava com a massagem até virar a minha cara. Ele sorri e desvia o cabelo do meu rosto. Beija a minha testa e abraça-me adormecendo logo a seguir.

Apenas nós os dois diríamos que eramos apenas conhecidos, talvez até que amigos estranhos. Todos os que vissem-nos a dormir, pensariam que eramos um casal. Nem quero pensar nisso... Vou ficar por dormir em cima do peito quente dele dentro de um abraço caloroso numa noite fresca e estrelada. Sim... Acho que aceito isto.

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Próximo capítulo: ESPECIAL HALLOWEEN

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