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As suas carícias percorriam o meu corpo enquanto eu lutava contra a minha vontade de dar-lhe uma estalada na cara como faria a qualquer outra pessoa. Mas ele não é uma pessoa qualquer. Ele é um miúdo rico mimado que pensa ter tudo sobre o seu controlo e... É a minha única esperança. Sem ele, sem o dinheiro que ele promete dar-me, a minha vida permanecerá uma luta contra o mundo cruel que vivemos, a minha e daqueles que me rodeiam. Tenho que aturá-lo, custe o que custar. Se for apenas eu a sofrer, não há problema.

- Senhor Chris? - Escuto a voz de Hannah no corredor e no mesmo instante sinto um frio repentino na minha cintura. As mãos de Chris já não me torturavam. - Peço desculpa, senhor, mas a sua irmã pediu-me que o relembra-se dos convidados. 

- Pois, claro. Diz-lhe que não tardarei. - Ela confirma a ordem e volta para a sala de jantar. Por sua vez, Chris voltou a sua atenção para mim. - Podemos sempre acelerar as coisas.

Ele sorri e vejo as suas mãos a dirigirem-se para o meu corpo. Antes que me agarrasse e impedisse-me de fazer qualquer coisa, baixei a cabeça numa vénia. A minha ideia resultou. Ele parou a poucos passos de mim e ficou a olhar para mim, sem saber o que dizer.

- A sua irmã e os convidados esperam-no... Senhor. - Ergui-me e olhei para ele.

Os nossos olhos não conseguiam largar o olhar do outro. Uns longos segundos passaram apenas a trocar olhares até que respirei fundo e passei por ele de lado e fui em direção ao corredor. Já conseguia ver as enormes portas brancas e o fim da escadaria para o piso de cima até que sou obrigada a parar. Olho para trás e vejo-o, a agarrar o meu braço. Não sabe fazer outra coisa além disto. E em breves instantes ele puxa-me para ele e aparo a minha "queda" com as minhas mãos sobre o seu peito. Arrependo-me em questões de segundos e tento sair daquela prisão, mas já era tarde demais. Os seus braços trancavam-me e a minha força nem dá para ser comparada com a dele. Odeio estas situações para as quais sou atraída... Ele aproxima o seu rosto do meu e debati por liberdade sem qualquer efeito mínimo. Ele estava prestes a dizer algo, bem perto da minha cara, quando escutamos uns passos com certa pressa cada vez mais altos.

- Senhor Chris? - Era Hannah novamente. Ela trazia um novo aviso de Yuna com o mesmo objetivo que o anterior. Quando nos viu, ele já não me abraçava, mas continuávamos nas mesmas posições. - Peço desculpa, senhor, mas a sua irmã quer mesmo que vá ter com os seus convidados. - Ela permanece em silêncio à entrada da sala de estar. Eu agarro a gravata de Chris e mexo um pouco nela.

- Pronto. Já está, mestre.

Dou uns passos para trás, faço uma vénia, e saio da sua frente. Fiquei num dos lados e olhei em frente. Pelo canto do olho consegui ver o olhar confuso de Chris transformar-se num leve sorriso sincero. Ele ajeita o casaco e olha para mim.

- Obrigada, Layla.

Depois disto, apenas pude ver o seu sorriso leve afastar-se de mim, a sair da sala de estar acompanhado por Hannah em direção à sala de jantar. Respiro fundo e atiro-me para cima do sofá. Eu sei que não é meu e que não estou em minha casa e que é a minha zona de trabalho, mas estou mesmo cansada, física e psicologicamente. Fecho os olhos em busca de um pouco de descanso. Para estragar a minha esperança, sou logo agitada por uma louca.

- Que pensas que estás a fazer, Layla?! Não são horas de dormir! Temos trabalho a fazer. Anda lá! - Rachel puxa-me para cima dá-me uma estalada com um pouco de força, apenas o suficiente para acordar-me sem deixar marca. - Desculpa, mas precisamos de ti. - Levanto-me após massajar um pouco a cara e sigo-a. - Ligámos à Vânia mas ela não chega cá a tempo. A Jane está ocupada com o seu outro trabalho e a Sónia nem sequer atende. Precisamos de todas as empregadas presentes. Vamos! - Ela puxa-me pelo braço e arrasta-me até à cozinha onde encontramos Yuna a conversar com o cozinheiro.

- É apenas vinho, Lorenzo. - O tom dela dava para entender que já estava farta de discutir aquele assunto. - É italiano, tal como tu gostas. Que queres mais, homem?!

- Não é apenas vinho, senhorita. - O sotaque dele dava para perceber logo. Um dos chefes é italiano e o outro francês, as duas nações que alcançam os tops da culinária. - Lá por ser italiano não quer dizer que seja tão bom como um bom vinho tinto da Toscana. É importantíssimo, tanto o vinho como o prato. - Yuna suspira e, ao ver-nos à porta da cozinha, acelera a conversa.

- Então escolhe o vinho da adega, desde que não seja da coleção ou dos mais especiais. - O chefe chama um ajudante de cozinha e dá-lhe a ordem. - Meninas, vamos ao trabalho então.

Criada de um MilionárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora