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- Como vai o meu adorado mestre? - Ele ri um pouco embaraçado.

- "Solitário." - Não consigo esconder o riso. - "Entendo que tenha graça..."

- Apenas ouvi dizer que com cada viagem que fazes, trazes sempre histórias de longas noites passadas com as mulheres mais lindas que encontraste. - Ele ri.

- "Jane... Não acho muita graça tu saberes tanta coisa sobre mim."

- Qual é o problema? Vergonha do passado? Ego demasiado grande? Apenas o facto de seres homem? - Ambos rimos.

- "Infelizmente tenho arrependimentos, cruzamentos que gostava de ter escolhido outro caminho. Também já me disseram várias vezes que o meu ego consegue ser grande demais. Quanto ao facto de ser homem, isso não tem qualquer poder sobre este assunto."

- Deixa-me colocá-lo mais a jeito para ti então. O facto de seres um mulherengo sem remédio é algo que queiras manter segredo de mim?

- Bom o facto de ter sido alvo de algumas bebidas às mãos de várias mulheres, diria que sim.

- Agh. Quem era capaz de desperdiçar um copo sequer da bebida mais triste de todas em ti? - Ele ri derrotado.

- "Não queiras saber o número." - Ele suspira e retoma a conversa. - "E de onde veio esta coragem? Costumas ser mais atenciosa e mais obediente."

- Essa sou eu quando tu estás por perto. Pelo telefone duvido que consigas agarrar-me e prender-me contra a parede ou atirar-me à cama. - Ele fica sem responder por uns segundos. - Chris?

- "Oh. Já acabaste? Pensava que ias descrever as tuas fantasias." - Tenho a certeza que ele estava a dar um daquele sorrisos dele de convencido.

- Que engraçado. A culpa não é minha que maioria das coisas que fazemos nos tempos privados seja isso. - Ele tosse seco. - Se tens algo que prove o contrário podes dizer.

- "Eu percebi. Ganhaste desta vez." - Eu sorrio até me aperceber da situação. Coro completamente ao ver que ele enfeitiça-me mesmo pelo telefone.

- Adiante... Por que chamaste-me? A Yuna disse que ligaram para mim. Que história é essa?

- "Bom, para ser sincero, eu queria falar contigo. Principalmente depois daquela despedida nossa." - As memórias daquele dia vieram à minha cabeça e senti uma certa dor ao falar com ele. - "Não foi nada bonita. Queria resolver a nossa situação, podes por assim."

A conversa parou assim sem mais nem menos. A memória daquele momento paralisou-me e nada vinha à minha boca para transmitir. A única informação que chegava ao meu cérebro era o som da respiração de Chris que o meu ouvido captava. Eu sabia que agi corretamente e ao mesmo tempo erradamente. Mas explicar aquilo parecia uma impossibilidade para mim agora.

- "Não te preocupes. Não precisas de justificar os teus atos. Eu... Eu não devia de agir assim contigo. A minha vida formou-se de tal maneira que qualquer mulher que se aproxime de mim, eu vejo como um objeto de prazer ou oportunidade. Não sei como posso corrigir o meu modo de agir." - Ele reclama deixando-me um pouco desconfortável com o tema de conversa. - " Não te quero assustar ou qualquer coisa do género. Quero desabafar. Nem te peço que vejas como um pedido de desculpas."

- Chris... - Ele cala-se. - Não tenho nada para fazer durante algumas horas. - Oiço o riso dele deixando-me mais relaxada.

Conversamos por alguns minutos, o que foi estranho por várias razões. A nossa relação é criada e mestre, mas conversamos sobre coisas sérias e que devia de ser desconfortável. A nossa despedida foi muito feia comigo a fazer-lhe frente. Agora que penso, foi mesmo estranho conversar com ele tanto tempo.

Criada de um MilionárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora