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De volta a casa, Peter comia alegremente o jantar enquanto eu voltava do banho. Ele sorria ao ver-me a passear pela sala com apenas uma t-shirt larga vestida.

- Pete, o que é que fizeste ao meu sutiã? - Parei à frente dele de braços cruzados. O sorriso que recebi de resposta não ajudou.

- Estás a falar do quê? - Ele levou o garfo à boca e continuou a sorrir mesmo a comer. - Não tens mais na gaveta?

- Tenho e já vesti um. Não justifica tu ficares com o outro que escondeste. - Ele ficou em silêncio. - Pete!

Fui para cima dele e comecei a dar-lhe leves socos numa tentativa idiota de conseguir o que queria. Para me impedir, ele bastou esticar um braço e limitou logo os meus golpes. Depois de acabar o jantar, ele levanta-se e pega-me ao colo como um saco de batatas.

- Pete! Que estás a fazer!? Agh! - Continuei a mexer-me mas acabei por desistir. Só aí é que ele começou a andar parando no quarto. Atirou-me para a cama. - Qual é a tua ideia, idiota!?

Ele sobe para a cama e rapidamente fica em cima de mim. Estou suficientemente habituada ao Peter, mas aquilo surpreendeu-me. Corei de imediato e desviei o olhar daqueles olhos castanhos cheios de amor. Sinto os seus lábios no meu rosto e não consigo esconder o sorriso que crescia nos meus lábios.

Ele acaricia a minha cara e vira-a para que olhe para ele. Ao ver de novo a cara que tanto amo, suspiro libertando todos os receios que não eram para ali chamados. Sorrio de volta e ele beija a minha testa.

- Agora... Onde é que íamos? - Ele começa a levantar a t-shirt devagar e eu paro-o no instante.

- Estavas prestes a dar-me o meu sutiã. - Estico a mão e ele olha para mim com uma cara de desentendido.

Ele afasta-se de mim e senta-se na ponta da cama. Ele aponta para a almofada dele. Fui ver o que tinha e, ao levantar, vejo o sutiã branco que procurava. Não me admira que não o encontrasse. Atirei a almofada contra ele e peguei no sutiã.

- Merecia essa. - Ele afasta a almofada e deita-se na cama e observa-me sem desviar o olhar.

- Por que admiras-me tanto? - Guardo o sutiã e volto para ao pé da cama.

- Ainda perguntas? Estou só a aproveitar a vista que tenho. - Ele sorria convencido de braços cruzados atrás da sua cabeça como se estivesse a ver raparigas na esplanada.

- É bom que aproveites então, pois vais passar um tempo sem a ver. - Pego na almofada na ponta da cama e atiro-lhe outra vez. Infelizmente, ele já estava preparado para essa.

- Vem logo para a cama. Podes tratar disso amanhã enquanto eu estiver a dormir. - Ele ri de leve e eu apenas suspiro. - Vá, já são horas de ir para a caminha.

Sem grande resistência, deitei-me ao lado dele. Ele enrola-se a mim e começa a distribuir beijo atrás de beijo ao longo da minha cara. Por estranho que pareça, eu comecei a rir. Ele estranhou e parou com a oferta de beijos. Eu virei-me para ele e beijei o nariz dele.

- Vou ter saudades. - Sorrio nervosa com o dia de amanhã.

- Liga-me. Nem que seja todos os dias. - Ele agarra na minha mão e beija-a carinhosamente. - Vou estar sempre disponível para ti.

Depois daquilo tudo, fomos dormir. O sono demorou a vir, mas felizmente tinha Pete ao meu lado. Fiquei colada a ele num abraço e ele ia passeando as suas mãos pelas minhas costas relaxando-me. Quando reparei, já era de manhã.

Olhei para o relógio e voltei a sentir aquele cansaço matinal ao ver as horas. Saber que tinha mesmo que me levantar e não podia ficar na cama mais uns instantes era incrivelmente cansativo. Uma hora depois, já tinha tudo pronto. As malas estavam ao pé da porta, o pequeno almoço já estava a sair e o Pete esperava sentado na mesa, mais a dormir do que acordado.

- Pete. - Pousei os pratos na mesa e fui ter com ele. - Pete. Anda lá. Tu disseste que ias levar-me ao trabalho. Não estás a pensar em ir conduzir nesse estado, estás? - De olhos semi serrados, ele olha para mim.

- Bom dia. - Sorri e volta a olhar para o chão a dormir.

- Pete!

- Eu sei, eu sei. - Ele estica os braços e esfrega os olhos. - Dá-me um desconto de vez em quando. - Ele lança-se logo à comida que estava à frente dele.

- Esse teu "de vez em quando" costuma ser sempre... - Suspiro e sento-me no meu lugar. - Despacha-te a vestir. Não quero deixar o Chris à espera. - Ele olha fixamente para mim ainda com a caneca na boca. - Que olhar é esse?

- O olhar de alguém normal que estranha a tua relação com o teu querido chefe. - Coro de leve.

- Primeiro, ele não é o meu "querido" chefe. Segundo, ele é o meu chefe, que queres que eu faça? Que diga que não?

- Por que não pensaste nisso antes? É uma ótima ideia. - Ele come o resto das torradas.

- Que engraçado. Deixa-te de coisas e vai logo vestir alguma coisa. - Empurro-o para o quarto. - E quando digo rápido, é para ser rápido. - E fecho a porta. Encosto-me a ela e suspiro. - Que paciência... Parece que estou a lidar com uma criança. - Murmuro e volto para a mesa.

Meia hora depois, Pete parou o carro em frente ao portão da mansão Morrison. Eu olho para o portão familiar e sinto o receio que senti no primeiro dia que pousei os meus pés neste sitio. Assusto-me ao sentir o contacto da mão de Pete. Olho para a minha mão e coro de leve ao ver as nossas mãos entrelaçadas.

- Boa viagem, Lay. - O sorriso sincero com vestígios de tristeza foi um aperto no meu coração por vários motivos. - Não te metas em sarilhos. Não quero que a minha linda mulher se mate a trabalhar numa viagem longa. Não gosto da ideia de não serem os meus braços a segurarem-te se caíres. - Ele olha para baixo desanimado com a minha viagem.

- Pete. - Ele olha para mim e cora ao sentir os meus lábios no canto dos seus. - Amo-te. - Dou o meu melhor sorriso e saio do carro. - Dá uns beijos à mãe por mim. - Ele retoma a si mesmo e acena.

- Boa viagem, Lay.

- Adeus! - Vejo-o a ir embora com uma grande dor no coração. - Adeus... Pete...

- Layla! - Olho para trás e vejo Yuna a acenar na entrada. - Anda!

Fecho os olhos e respiro fundo. Preparação mental antes de uma aventura é essencial para que tudo corra bem. Peguei nas malas e fui ter com Yuna. Ela abraçou-me logo num abraço forte. Quando largou-me começou a rir feita louca; o normal. Ela fechou as portas e deixei as minhas malas num canto juntamente com o resto.

- O meu irmão está só a tratar de umas coisas. Não tarda nada e eu levo-vos até ao porto. - Ela sorriu e fomos em direção ao quarto de Chris. - Pronta para a viagem?

- Claro. Afinal, o que pode correr mal?

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