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O dia estava a correr tão bem e tinha que estraga-lo... Que ironia. Eu queria que continuasse a ser um dia passivo, mas fui eu que o arruinei. Depois daquele sorriso de Chris, ele subiu as escadas e desapareceu da minha vista sem dizer alguma coisa. Ainda sentia o meu coração acelerado. Respirei de alívio enquanto ele acalmava-se.

- Mas onde é que eu pus as malditas chaves. - Escutei a voz de Yuna e apenas vi-a de relance a ir de uma divisão para a outra. Ela estava mesmo com pressa.

- Passa-se alguma coisa, Yuna?

- Oh, Layla. Vais ficar cá, certo. - Confirmei. - Ainda bem. Posso sempre contar contigo então. - Ela continuou de um lado para o outro vasculhando locais diversos. - Preciso que tomes conta do meu irmão. - Que bonito... E eu a pensar que já estava salva... - A Rachel e a Hannah vão sair daqui a pouco e só voltam perto do jantar. Eu tenho que ir rapidamente a um compromisso que acabou de surgir. Sem contar com os guardas e o pessoal da cozinha, só vais estar cá tu e o meu irmão.

- Não me surpreende que ela esteja tão preocupada. Sei pouco dele, mas, o dono da mansão, sozinho, sem a irmã a controlá-lo, coisa boa não deve dar. - Já estava a ver no que aquilo ia dar.

- Importas-te de ficar cá a cuidar do meu irmão? Espero que não te atrapalhe...

- É claro que não. Afinal, é o meu trabalho. - Sorri apesar de não gostar do plano. Yuna volta rapidamente à caça ao tesouro. Estava desesperada para encontra-lo. - O que procuras?

- As chaves de um edifício. Preciso delas agora com urgência, se não, nem adianta ir ao meu compromisso. - Ela continuou a sua busca pelos móveis da sala.

Enquanto Yuna concentrava-se na sala, eu fui para a entrada e procurei pela taça de louça que é costume colocar as chaves. Assim que a vi, retirei o único porta chaves que lá estava. Tinha um símbolo do yin yang e umas cinco chaves presas. Fui ter com Yuna de novo e foi tanta a alegria que teve mal o viu na minha mão que apertou-me num abraço esmagador.

- Obrigada, Layla. Volto à noite. - Ela entrou no carro preto que a esperava no portão e despediu-se com a janela aberta. - Boa sorte! - Foi a última coisa que ela disse antes de sair da mansão.

- Se era para motivar, não ajudou. - Murmurei e fechei as portas da mansão. - Se todos os dias forem como estes dois, estou tramada... - Suspirei ao ver a casa tão vazia e silenciosa. Para meu susto, oiço uma porta a abrir e uma caminhada apressada cada vez mais alta.

- Layla. - Chris chamava-me debruçado no corrimão do piso de cima. - Vem cá acima, por favor.

- O meu instinto diz que devia de fugir... Vou pensar no caso. - Subi as escadas e fui para o escritório onde Chris me esperava. - O que deseja, mestre?

- Ainda perguntas? Olha para este sítio! O que fizeste?! - Observei a divisão em todos os cantos possíveis, mas não percebi o comentário dele. - Tu arrumaste o meu escritório! - Estava cada vez mais confusa. - Não deves mexer no meu escritório, Layla. Agora não sei onde estão os ficheiros que quero... - Não sei qual é o problema destes irmãos, mas, de vez em quando, são mesmo trapalhões.

- O que procura?

- Os dados financeiros de um setor da minha empresa. - Apontei para uma gaveta na secretária.

- Todos os dados relacionados com finanças estão nessa gaveta por ordem alfabética. Qualquer ficheiro dos funcionários está na última gaveta. Na do meio estão os trabalhos relacionados com possíveis parceiros de negócios. Nas duas gavetas do lado esquerdo está tudo sobre as suas empresas: rendimentos, produtos, previsões, entre outros. Os livros da sua pequena biblioteca estão organizados conforme o tema e, no início da estante tem as informações de todos os livros catalogados. - Esta era uma das alturas em que se diz que o gato comeu-lhe a língua.

- Obrigada... - Agradeceu num tom baixo ainda surpreendido com a minha resposta.

- Sempre às ordens, mestre. - Sorri - Agora, se é tudo que quer de mim, vou sair para não o incomodar.

Disse isto e abri a porta, pronta para sair. Pouco abro e sinto-a a fugir da minha mão e fechar novamente. A minha mente dizia uma coisa, mas era mesmo isso que eu não queria. É nestas alturas que penso que devia ter seguido o ditado "a curiosidade matou o gato" e não ter olhado para o lado e vê-lo...

- Onde pensas que vais? - Oiço a sua voz ao meu ouvido e sinto a sua respiração no meu pescoço fazendo-me arrepiar completamente. - Não me recordo de ter dito que podias ir.

No mesmo instante, sinto as suas mãos quentes nos meus ombros a darem leves massagens. Enquanto ele sussurrava ao meu ouvido, inundando a minha cabeça de desejos e ilusões, as suas mãos iam descendo pelos meus braços até agarrarem as minhas mãos gentilmente. Ele leva-as para a minha frente e abraça-me por trás. Numa situação diferente, amaria um abraço destes e encostar-me-ia ao seu corpo. Infelizmente, este meu amado é o príncipe convencido e pervertido que me comprou. Yey...

- Mestre... - A minha vós saiu mais tremule que na minha cabeça. - Eu devia ir embora. Estou a incomodar o seu trabalho. - Oiço uma leve risada perto do meu ouvido.

Num movimento rápido mas gentil, Chris virou-me e agarrou-me pelas ancas de frente para mim. Ele mantinha o sorriso inocente ironicamente. Acariciando sem pressas as minhas ancas, beijando o meu pescoço com o tempo todo do mundo, Chris ocupava-se do meu corpo enquanto eu... Eu limitava-me a olhar para a luz do sol que saia da janela do escritório arrumado com a mente concentrada nos toques pouco inocentes de Chris.

Perdi a noção do tempo pouco depois da sessão de beijos. A minha mente não estava preparada para concentrar-se em algo tão vago como o tempo durante um momento destes. Apenas sabia que eu estava no escritório, encostada à porta, presa pelos braços fortes de Chris e a ser lentamente devorada pela sua malícia. Nem o som ruidoso do telefone a soar pelos quatro cantos do escritório quebrava o meu transe. Contudo, o mesmo não podia dizer quanto a Chris. Ele resistiu durante algum tempo, mas à terceira é de vez. Quando o telefone tocou pela terceira vez, Chris cedeu parando com as caricias.

- Desculpa-me, mas o ruído está a arruinar o momento. - Sussurra ao meu ouvido depositando um beijo sobre o mesmo. Sinto o meu rosto a queimar cada vez mais. - Podes ir arrumar o meu quarto enquanto eu trato disto. - Sinto o toque dos seus lábios a tocar no canto dos meus. - Não demoro muito. - Dá-me uma piscadela de olho e atende o telefone esquecendo-se da minha presença.

Demoro algum tempo a recuperar o meu "eu" e a fugir daquela pequena e apertada masmorra. Era para fugir ainda mais, para mais longe, mas lembrei-me do pedido de Yuna e do de Chris. Não só disse a Yuna que tomava conta dele como Chris é o meu mestre. Entro no quarto dele, a porta logo à minha direita, e respiro fundo.

O tempo passou rapidamente enquanto achava alguma coisa para entreter até que, a única coisa que sobrou foi olhar pela janela, para a paisagem que pouco conhecia, sentada no parapeito da janela. De cabeça encostada na parede, de olhos focados no espaço lá fora, via o tempo a demorar mais que o costume. Olhava de relance para o relógio e voltava à aborrecida pose.

- "Não demoro muito" o tanas... - Murmurava.

Foi então que dei-me a observar um jovem rapaz a correr pelo jardim fora. Ele corria alegre por todo o jardim sendo perseguido por um belo cão com vários tons de castanho. Senti uma inveja a crescer dentro de mim enquanto observava, aborrecida e presa, os dois brincalhões, alegres e livres, a correr pelo jardim esverdeado. Olhei para o relógio e para a porta. A inveja é algo perigoso, mas não hei de morrer por algo tão inofensivo como este plano que tenho em mente.

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Peço desculpa pelo atraso da publicação do novo capítulo. Tive que focar-me noutros assuntos mais importantes. O próximo só daqui um mês, no fim da época dos exames.

Obrigada pelo apoio e até à próxima :)

Criada de um MilionárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora