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Depois de Chris voltar para dentro, nós voltámos a trocar olhares. As nossas caras sem qualquer expressão para além de confusão ficaram focadas uma na outra por uns instantes. Claro, tivemos que nos mexer e ir ter com Chris, tal como ele pediu. Eu não sei o que estava a passar naquela cabeça do rapaz, mas a minha não era coisa boa. Não parava de pensar na relação deste miúdo com o Chris. A parecença deles é indiscutível. Contudo, os meus pensamentos viram-se mais para como é mesmo o Chris. Ele é pai e trata uma mulher que nunca antes viu da maneira que trata a mim? E ele próprio admitiu que já foi para a cama com outras. Que vida é que o miúdo tem? O que aconteceu no passado de Chris? Tantas perguntas mas nenhuma resposta. Que oportuno...

De qualquer forma, duvido muito que um deles conte-me o que aconteceu. Ou como é a relação entre eles os dois. Por agora, tenho que seguir as ordens de Chris. Será que cometi um grande erro ao aceitar aquele contrato? Chris pode ser ainda pior do que eu imaginava. Falando no diabo, quando reparei, estávamos os dois a subir as escadas. No fim, na ponta do corredor, Chris esperava por nós encostado à parede, perto da porta do seu quarto.

- Hey, Terry. - Cumprimenta o rapaz, de novo, com aquele sorriso. Ele vai a correr ter com Chris e pega-o ao colo. - Estás cada vez mais pesado. - Deu uma gargalhada entrando no seu quarto com o rapaz agarrado a ele. Terry sentou-se na cama de Chris e ele pegou na cadeira encostada a um canto do quarto e sentou-se perto dele. - Então, o que fazes por cá?

- O Jack deixou-me cá. Ele pediu-me para avisar-te já agora. A mãe precisou dos seus serviços, por isso ele deixou-me cá com o Kouki. - Chris encostou-se na cadeira.

- Estou a ver... - Terry observava o quarto enquanto Chris falava. - Bem que podiam ter dito algo mais cedo. Aquele Jack também... Só tem olhos para ela. - Para uma pessoa fora do tema como eu acha a conversa bem estranha. - E algum deles disse mais alguma coisa?

- Hmmm... O Jack disse para ter cuidado contigo que posso acabar por ver algo que não devo para a minha idade. Não percebi no entanto. - Chris desvia o olhar levemente. Bom, esse tema já eu entendo. - A mãe, a última vez que nos vimos, ela disse que podia dar-te um pontapé se quisesse. - O rapaz ri e deita-se na cama. - Oh e ela mencionou uma Layla. Disse que podia confiar nela ou algo do género.

Os meus olhos vão de encontro ao esverdeado juvenil do rapaz ainda deitado a olhar para mim. Desviei o olhar embaraçada, mas encontro o olhar sério de Chris também sobre mim. A minha situação não está a melhorar mesmo nada.

- Mas que momento tão embaraçoso... - Pensava ainda em pé a dois passos da porta.

- Layla. Aproxima-te. - Chris ordenou e assim o fiz.

Parei apenas a um metro deles e o rapaz já estava de novo sentado. Uns segundos de silêncio com os dois pares de olhos esverdeados sobre mim não acalmaram os meus nervos. Felizmente a gargalhada de Chris relaxou-me um pouco.

- Não me espanta que a minha irmã tenha falado de ti ao Terry. - Ele continuou a rir e eu fiquei um pouco mais aliviada até que assimilei tudo.

- Espera, o quê? Irmã? - Olhei para os dois homens à minha frente a rirem e a conversarem. - Eles têm tantas parecenças. Qualquer um dizia que eram pai e filho. - Lembrei-me do que Terry disse e do comentário de Chris. As peças finalmente juntaram-se. - ELE É TEU SOBRINHO!

Os dois param e olham para mim espantados. Eu ainda estava chocada com aquilo tudo. Apenas não sei se estava mais chocada com a notícia de Yuna ter um filho tão crescido ou se estava mais surpreendida com a minha ideia que eles eram pai e filho. Mesmo quando os dois começaram a rir desalmadamente, eu mantive a minha cara de espanto.

- Não estava à espera dessa. - Chris limpa o olho como se tivesse rido tanto que chorou. - E tudo porque insistes em chamar-me de pai. - Olhou para Terry que continuava a rir.

- A culpa não é minha. Tratas-me como se fosse teu filho. Dás-me ordens, chateias-te comigo, fazes queixinhas à minha mãe. - Terry falava de braços cruzados amuado.

- A tua mãe é minha irmã e sou o único homem que consegue educar-te quando ela não pode. - Chris ajeitou o cabelo e olhou para mim pelo canto do olho. - Adiante, já comeste alguma coisa?

- Não. Fui logo para o jardim com o Kouki mal chegámos.

- Então vai à cozinha e pede ao Lorenzo um doce. Ele não deve recusar. - Sorriu e Terry ia a correr prestes a sair do quarto quando Chris chamou-o. - Depois podes ir para o jardim. Deixaste o Kouki lá não foi? - Terry confirma e sorri saindo finalmente. Assim, ficámos apenas eu e Chris no quarto. Que saudades destes momentos...

Chris olhava para mim com o sorriso de costume. Ele levantou-se e foi ver-se ao espelho. Deu um toque no cabelo e começou a tirar a gravata. Mesmo estando de costas para mim, os seus olhos davam-me ordens indiretas pelo espelho. Fui ter com ele e peguei na gravata para guardá-la numa gaveta da cómoda. Depois foram os sapatos e a camisa.

- Pergunto-me se ele sempre foi assim mandão e preguiçoso. Ele conseguiu vestir muito bem o fatinho, por que não tira sem ajuda também?

A minha cabeça estava de novo distraída em pensamentos impedindo-me de perceber a aproximação de Chris enquanto eu pendurava a sua camisa no armário. Apenas o toque suave das suas mãos na minha cintura acabou com os meus pensamentos.

Encostada às portas do armário, o meu corpo não se atrevia a mexer um centímetro sequer. Apenas pude sentir as suas mãos a subirem e a descer pela minha cintura. A sua respiração sobre o meu pescoço. Os arrepios a descerem da cabeça aos pés. Para piorar, sinto o toque húmido dos seus lábios sobre a zona já sensível da sua respiração. Não era capaz de pensar fosse no que fosse. A minha atenção estava toda virada para os toques do homem atrás de mim a quem chamo de mestre.

Num movimento suave, Chris vira o meu corpo colocando-me de frente para ele. Não havia como fugir dele agora. As minhas costas estavam encostadas ao armário e ele estava a apenas um palmo de mim. Qualquer tentativa de fuga, ele conseguiria facilmente apanhar-me. De qualquer maneira, sou incapaz de elaborar um plano de fuga neste estado.

Chris acaricia lentamente a minha cara fazendo pequenos movimentos circulares em volta da minha bochecha. Ele aproxima-se um pouco mais e viro a minha cara sem consciência. Ele não achou muita graça àquele meu gesto. Levou a sua boca ao meu pescoço desprotegido enquanto apertava a minha cintura e braço. Corei ao sentir todo aquele contacto com o meu pescoço e quanto mais ele aproximava-se da minha cara, mais stressada ficava. Com um último beijo no canto do meu lábio, Chris parou por instantes e observou os traços do meu lábio. Esfregou o outro canto com um dos seus dedos. Podia sentir o meu coração a dar pulos com cada toque dele. Sentia-o a bater contra o meu peito desaumadamente quando vejo os seus lábios a meros centímetros dos meus. A minha cara escaldava e o meu coração acelerava como numa corrida, tudo por pequenos toques dele. Não conheço este meu eu quando estou com ele.

Criada de um MilionárioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora