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Escuro. Não há melhor maneira de descrever o espaço onde estava. Ao início entrei em choque. Corri desesperada, mas parecia que não saía do mesmo sítio. Tentei gritar por ajuda, mas a minha voz nem sequer soava, ou pelo menos eu não a ouvia. Rapidamente aceitei a minha situação, e sentei-me no chão, sem fazer nada.

O tempo passou, isso eu sei, mas quanto já não sei dizer. A minha noção do tempo era horrível e sabia que o tempo passava apenas pelo facto de saber que ele não para.

Farta de ficar a olhar para a mesma coisa: escuridão; suspiro. Foi a primeira vez que fiquei feliz naquele lugar. Dei um grito libertando os nervos acumulados. Um sorriso forma-se no meu lábio ao poder ouvir o grito que dei em bom som. Com novas esperanças, levantei-me e comecei a andar.

- Olá? Alguém consegue ouvir-me?

Mas o único som que eu ouvia era a minha voz. O meu passo diminuía com a esperança a cair. Estava prestes a parar quando oiço. Não sei o que ouvi ou sequer se era real ou uma ilusão de tal era o meu desespero. Na altura não importava. Fui a correr em direção aonde julgava ter ouvido o som, mas acabo por tropeçar.

- Layla...

Eu reconhecia aquela voz. Com os olhos no chão, vejo uma pessoa a aproximar-se de mim e parar à minha frente. Sigo o seu corpo até chegar ao sorriso que tanto amo. Ele estende-me a mão e ajuda-me a levantar. Sinto as lágrimas a escorrerem pelo meu rosto sem saber bem qual o motivo.

- Tive saudades tuas. - Abraço-o e sinto logo os braços fortes dele à minha volta e o beijo dele no topo da minha cabeça.

- Não te preocupes, Layla. Eu não te abandonaria. - Ele sorri para mim e sinto as lágrimas a correrem com maior intensidade. - Agora para de chorar e relaxa.

Ele limpa as lágrimas que ainda desconheço a razão por estarem a cair. Com cuidado, ele passa os dedos pelo meu rosto acariciando a minha cara durante uns longos segundos. Olho para ele e fico presa nos olhos esverdeados que mesmo com a falta de luz deste lugar, pareciam brilhar como sempre.

- Chris...

Ele beija a minha cara e relaxo um pouco mais esquecendo-me até de onde estava e do desespero que sentia há instantes atrás. Ele então encosta a sua testa à minha e murmura algo que não chego a ouvir. Olho outra vez para os olhos dele e, sem ter tempo de reagir, sinto os lábios dele contra os meus. Foi um choque incrível, mas pior foi quando me apercebi de como estava a gostar.

Fechei os olhos, presa na sensação que o toque suave dos lábios de Chris contra os meus me davam. Quando abro os olhos estava de novo sozinha, no meio daquelas trevas. Olho em volta e continuo a ver a mesma coisa de antes: escuridão.

O tempo volta a passar por mim sem um relógio para me dizer ao certo quanto. Não tinha a menor ideia de há quanto tempo estava presa naquele mundo horrível de falsas esperanças e dor. Acabei por me encolher, como uma criança com frio.

De repente, uma forte luz vai contra os meus olhos. O meu instinto é levar as mãos à minha frente e tentar tapar essa luz. Quando os meus olhos se habituam, olho em volta. Ao menos já não estava naquele mundo horrível.

- Layla... - Oiço uma leve voz ao meu lado. Sinto ao mesmo tempo algo a apertar o meu braço.

- Pete... - Ele sorri com uma pequena lágrima a escorrer pelo seu rosto.

- Raios, Layla. Assustaste-me para o caraças! Não voltes a fazer isto! - Ele abraça-me depois do sermão. - Tive saudades, Lay. - Ele murmura.

- Também tive saudades. - Abraço-lhe de volta.

Criada de um Milionárioजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें