~~ 31 ~~

5.9K 392 17
                                    

O peso no meu dedo era uma sensação nova e estranha para passar despercebida na minha cabeça. Mesmo depois de vários minutos em completo silêncio, o meu coração batia acelerado como dantes, a minha cara escaldava como dantes, e a minha cabeça não parava de relembrar aquele momento. A mão quente de Chris sobre a minha após tanto tempo não era grande ajuda. Encolhia-me sempre que ele fazia alguma caricia sobre ela.

- Layla. - Acordo ao sentir ele a apertar de leve a minha mão. - Vamos. - Ele sorri e levanta-se.

De mãos dadas, sigo-o até ao estacionamento do centro comercial. Entramos no carro e em instantes estamos de volta à mansão. Fiquei com a impressão que a viagem de volta foi muito mais rápida que a de ida não sei por que razão. Depois de estacionar o carro, Chris carrega maioria dos sacos enquanto eu levo apenas dois. Foi uma ordem segundo ele. Entrámos na mansão e não tinha mudado nada: grande, luxuosa e um constante silêncio. Subimos as escadas e pousámos os sacos no quarto dele.

- Agora que tens a tua própria roupa, muda e eu vou guardar a que tens vestida. - E assim dito, ele sai do quarto.

Ainda estava um pouco enfeitiçada com aquele momento no jardim, mas não me deixo levar pela minha personalidade fraca. Procuro algumas peças nos sacos e, depois de escolher, começo a despir-me quando oiço a porta do quarto a abrir. Num dia normal, com uma pessoa normal, eu gritaria mas não era esse o caso. Infelizmente, tanto ele já viu o meu corpo despido muitas vezes como eu mesma me habituei a estas situações. Até me preparei para ser atacada por trás, mas para me contrariar, vejo-o pegar nos sacos e a pô-los num canto do quarto.

- Pronta? - Acabei de me vestir e fomos para a sala onde encontramos Rachel e a Sónia.

- Layla! - Rachel corre até mim e puxa-me para um canto afastando-me de Chris. - O que te aconteceu? - Murmurou.

- Do que estás a falar, Rachel? - Olhei para Chris mas ele já tinha ido embora, talvez para o escritório. - Não é mais uma brincadeira tua, é?

- Claro que não! Eu cheguei mais cedo já que a Hannah não pode vir hoje e quando cheguei, apercebi-me que era a única cá em casa. Perguntei aos seguranças onde estava o resto do pessoal e ele explicou-me a situação. Mas ele não me disse nada acerca de tu teres desaparecido! - Conhecendo a Rachel, ela leva estas coisas bem a sério. Tenho que ter cuidado com o que digo. - Onde estiveste esta manhã? Sei que não sabias da situação da senhora Yuna por isso, onde estavas?

- Onde estava? Eu estava... - Não podia dizer que fui às compras com Chris após passar a noite com ele. Não há um único pedaço nessa frase que pareça próprio para uma relação chefe e criada. - Almocei fora e passei um tempo num jardim. - Bom não é mentira mas o olhar de Rachel não me deixava descansada.

- Almoçar fora, hum? - Ela parecia um detetor de mentiras autêntico. - Ela não gastaria dinheiro num almoço muito menos sozinha. Ou seja, ela estava acompanhada e não foi ela que pagou. Mas por que escondeu o facto de ter ido com alguém? E um passeio no jardim?

Não sabendo ler mentes, a cara de pensamento dela assustava-me bastante. Era tanto terror que tinha que na minha cabeça estava a transpirar. Esfreguei a testa para a limpar sem saber que esse pequeno gesto arruinaria a minha "mentira" por completo. Quando os olhos de Rachel foram parar no anel nos meus dedos, ela fica totalmente surpreendida e vai a correr ter com Sónia. Elas conversam um pouco e chegam a uma conclusão. Aproximam-se as duas e eu recuo com medo delas e das suas caras.

- Por que não disseste logo?! - Rachel gritou. - Parabéns! Quem é o sortudo? Hum? - Ela piscava o olho enquanto me cutucava com o cotovelo.

- Dá-lhe espaço, Rachel. - Sónia afastou-a de mim. - Mas diz lá. Conta como foi. Oh mas temos que esperar pela Jane. Ela vai adorar saber isto. Afinal, ela é mais romântica que nós todas combinadas.

- Pelos vistos não. A Layla não é assim tão insensível. - Aquela conversa toda só me baralhava.

- Vocês estão a falar do quê? - Elas ficam em silêncio por um instante. Entre olham-se e fazem um sinal dizendo em coro.

- O anel. Estás noiva! - Elas sorriam enquanto saltavam à minha volta.

- Espera... O quê?! - Olhei para a minha mão e vi o anel que Chis me deu. - De uma certa forma, pode ser confundido com uma aliança... - Agitei a cabeça perdida em pensamentos mais uma vez. - Aliança o tanas! Que ideia é esta de casamento!

Para piorar a situação, ouvimos a porta da entrada a abrir e, como se não faltasse nada para piorar a minha situação, Jane aparece do outro lado. Ela olha para nós ao ouvir a gritaria da Sónia e da Rachel e fica surpreendida com a figura delas. Quando elas a vêem, vão a correr ter com ela e põem-na a par da situação. Quando a vi a ajeitar os óculos, sabia que tudo estava perdido. Ela vem calmamente para ao pé de mim e as outras duas iam sorrateiramente atrás dela. Ela agarra a minha mão e observa o anel. Vira a minha mão e revira-a e só podia ver as outras duas a espreitarem sobre os ombros dela. Apenas se afastam quando Jane agarra na armação dos óculos. Não sei onde ela foi buscar este vicio dela, mas aquele gesto era visto apenas em duas situações: romance ou ela estava decidida. Qualquer uma delas é mau.

- Layla... - Ela aproxima-se de mim e agarra a minha cara. – Quem foi que roubou o teu coração?!

- Oh não... - Pensámos as três.

Jane ficou com um fascínio pela a minha vida amorosa quando me conheceu. Não sei por quê mas quando a conheci ela estava muito interessada na minha relação com o Chris e com o Peter. Talvez tendo uma personalidade tão romântica como a dela, ao conhecer-me no dia em que Peter aparece de repente no portão da mansão, não tenha sido uma boa combinação...

- Diz-me que não foi aquele rapaz! – Rachel ergueu um sobrolho interessada no assunto. – Ele não é bom para ti, Layla... O senhor Christopher, rico, famoso e com um ótimo futuro, esse é ideal. – No mesmo instante, Rachel e Sónia arrastam-na de mim.

- Só mesmo tu, Jane, para pensares nessas coisas. Alguma vez a Layla ia cair nas mãos do nosso patrão? Nem pensar nisso. – Rachel ralhava com ela enquanto ela chorava pelo romance arruinado na sua cabeça sentada no sofá.

- É impróprio ter uma relação amorosa com o chefe. E a Layla é melhor que isso.

- Deixa essas ideias para os teus romances, Jane. – Elas continuavam a chateá-la enquanto eu sentia punhais a serem cravados no meu peito com cada comentário que diziam.

- Meninas... Podem parar? – Elas olham para mim e deixam Jane no seu choro. – Já chega de punhais, não?

- Mas então quem é o homem? – Rachel insistia e eu sabia que ela não largaria o assunto. Olhei para Jane que continuava a chorar pela sua imagem romântica da minha vida amorosa quando me lembrei do que ela disse.

- Foi o Peter. Sim, foi ele. Ele convidou-me para um almoço e depois fomos dar um passeio no jardim. Foi aí que ele me deu o anel. – Olhei para a minha mão e comecei a girar o anel sem tirá-lo do meu dedo sem esconder um sorriso que surgiu sem me aperceber. – Foi muito romântico... E voltámos para o carro de mãos dadas. – Corei de leve ao lembrar-me do nosso passeio no jardim.

- Ainda bem que estás feliz. – Rachel sorria juntamente com Sónia ao seu lado.

- Suponho que a tua felicidade seja mais importante. – Olhamos para Jane que já estava de pé. – Mesmo que ele seja o homem errado... - Murmurou entre dentes mas Rachel ainda tinha percebido bem.

- Jane! – Ela encolhe-se e ajeita os óculos.

- Estou feliz por ti Layla. E é a sério. – Ela disse como se tivesse que provar algo às duas que a olhavam desconfiadas. – Muitos parabéns. – Ela abraçou-me e sussurrou ao meu ouvido. – Ainda és jovem e linda. Ainda tens tempo de mudar de ideias. – Ela pisca-me o olho ao separar o abraço.

- Que diversão... Estou a prever vários problemas... - Suspirei e fui logo puxada por elas para o sofá.

Todas estavam interessadíssimas no meu encontro e do Peter, ou seja, no meu encontro com Chris. Encontro? Correção: no pedido de casamento de... UGH! No dia que passei com ele! Pronto. Apenas sei que não vou conseguir-me safar desta assim tão cedo. Mal eu sabia que um outro par de ouvidos tinha ouvido o essencial e que isso sim ia trazer-me problemas.

Criada de um MilionárioDove le storie prendono vita. Scoprilo ora