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Acordei de repente com a música do rádio. Olhei em redor esquecendo por instantes que estava em casa. Suspirei. Não me surpreendeu ver a cara de trapalhão do Pete à procura do botão de desligar o rádio. Levantei-me do sofá e desliguei-o. 

- Pois... Eu ia sentar-me no sofá mas, não reparei no comando do rádio e acabei por ligá-lo. - Esfregou a cabeça. - Peço desculpa, Lay.

- Ah, não importa. Também tinha que me levantar a certa altura. - Sorri e fui à casa de banho. - Hoje sempre vais-me buscar? A Hannah está sempre disposta a dar-me boleia por isso não precisas de te preocupar.

- Eu não tenho nada planeado para hoje. Vou buscar-te sem dúvidas. - Ele abre a porta da casa de banho e entra apenas de boxers. Nem era preciso ver o riso malicioso para saber as suas intenções.

- Nem penses que vou entrar aí contigo. - Voltei-me para o espelho sobre o lavatório. - E por que tens que tomar banho agora? Vais ficar em casa, não é? - Ele encolhe os ombros e beija a minha cara. 

- Já sabes. Se sentires-te tentada, estás à vontade, querida. - Ele pisca o olho e entra na banheira. Estava prestes a tirar os boxers até eu puxar a cortina. - Que mazinha. - Riu de leve.

- Adiante. - Tossi forçado. - A Hannah vem cá por volta das onze, por isso preciso de estar despachada meia hora antes. Não quero nenhuma brincadeira tua que só me faz perder tempo e paciência. - Ele estende a mão ao relógio no lavatório.

- Mas ainda falta mais de duas horas! Não podes descontrair um pouco comigo? - Implorava com apenas a cabeça de fora da cortina. Respirei fundo e suspirei.

- És tão irritante. - Ele faz uma pequena festa adivinhando o que iria acontecer.

O tempo passou rapidamente depois disso. Um dos poucos lados bons de ter o Pete como companhia; o tempo voa sem dar-mos por ele. Já estava preparada para sair. Nós os dois esperávamos pelo passar do tempo sentados num velho banco de jardim ao lado da nossa casa a ver as nuvens a redecorar o céu, os carros a arranharem a estrada e as pessoas presas nas suas complicadas vidas sem verem o seu redor. Isto era o máximo que conseguia ver. Passava mais tempo de olhos fechados a dormir no ombro de Peter do que acordada.

Acordo com um toque sobre a minha cabeça. Volto a relaxar ao ver a cara sorridente do Pete enquanto acariciava a minha cabeça. 

- Já está perto da hora. Tens mesmo que ir? - Resmunguei qualquer coisa. - É pena. Não me importava de tomar outro banho contigo.

Senti a mão a descer lentamente da minha cabeça à minha cintura até à perna. Aperto a sua cara no instante e deixo de sentir a mão sobre a minha perna. Os gritinhos de dor eram uma boa recompensa.

- Ai ai. Já percebi. Já percebi! Podes largar a minha cara?! - E assim o fiz.

- Isto foi pela brincadeira sobre o banho. - Aproximei-me dele e deixei um beijo na sua cara. - Este é pelo banho. - Sorri. Levantei-me ao escutar uma buzina de um carro. - Deve ser a Hannah. 

- Espera. - Pete agarrou-me pelo braço. A sua expressão triste dizia-me tudo.

- Desculpa, mas sabes bem que tenho que ir. Precisamos do dinheiro. - Fiz uma festa na cara e beijei a sua testa aproveitando a sua altura sentado. 

Custou-me ir embora assim, ainda por cima deixar o Pete naquele estado. Mas não posso dar-me ao luxo de faltar ou mesmo chegar atrasada. Entrei no carro com a Hannah e partimos. Chegámos à mansão em menos de meia hora. Encontrei logo a Rachel que limpava o corredor. Um pouco mais à frente Sónia levava um sermão de Vânia, como costume. Subi as escadas em direção ao quarto de Chris. Suspiro antes de bater à porta lamentando a Deus pelo pecado que Ele pensa que fiz para merecer isto.

- Bom dia, mestre. - Disse ao entrar no quarto. Não foi de espantar vê-lo deitado na cama a ler um livro.

- Bom dia, Layla. - Sorri fazendo uma breve pausa do livro. - Pronta para mais um dia? - Respirei fundo à procura de forças para um sorriso.

- Mais um dia ao seu cuidado, mestre. - Sorri e fui à cómoda retirar o meu uniforme. 

- Foi uma bela ideia deixar aí o teu uniforme. - Riu de leve enquanto fingia minimamente prestar atenção ao livro e não a mim. 

Continuei a despir-me ignorando a sua presença, pelo menos tento ignorar. Já lá vão três semanas desde que trabalho para este pervertido de meia tigela. Mesmo assim não me consigo habituar aos olhares maliciosos sobre a minha pele. Bastou duas semanas para apanhar as manias pervertidas dele e conseguir evitar algumas. Contudo, não sei de quantas preciso para me habituar às manias e cenas sexuais. 

Acabo de vestir o uniforme e guardo a minha roupa na gaveta. Olho para o lado e vejo-o a "ler" o livro. Nem sei por que tenta fingir. Ia sair do quarto quando oiço-o a discordar. Viro-me para ele e cruzo os braços enquanto ele brincava com o livro nas mãos.

- Onde quer que eu trabalhe, mestre? - Ele sorri e aponta para uma porta do quarto.

- A casa de banho precisava de levar umas passagens. - Continuou com um sorriso preso na cara. - Também é a divisão que limpaste à mais tempo. - Suspiro.

- Maldito contrato. Não sou fã de ser escrava e vítima ao mesmo tempo. 

Entrei na casa de banho. Se precisava de umas passagens, não vi nada que chamasse à atenção. A casa de banho parecia brilhar com a luz do sol. No entanto, uma coisa era certa: não limpo à algum tempo esta divisão, pelo menos comparando com as outras. 

Peguei num pano e detergente e comecei por limpar os espelhos e vidros do banheiro. Estou acostumada a limpar, mesmo que fique em posições um pouco constrangedoras. O par de olhos a observar-me por trás é uma novidade não tão nova que precisarei de treino para ignorar. Quando me virava, ou pelo canto do olho, conseguia vê-lo com os olhos presos em mim. Ele não tem mais mulheres mais sensuais para olhar?!

Passei para os azulejos e rapidamente estava no fim. Os do duche eram mais complicados devido à sujidade que a humidade e a água criava entre eles. Mesmo assim, não foi um trabalho duro de roer. Acabei em menos de meia hora. Só faltava limpar o chão e estava tudo feito. Levantei-me quando me deparo com Chris à entrada do duche.

- Já acabaste? - Pousei as ferramentas ao lado do vidro do duche, do lado de fora. - Suponho que sim. - Ele aproxima-se de mim e acabo por ir contra a parede fria do duche. - Trabalhas muito, Layla. Faz uma pausa. Eu faço-te companhia. - Lá estava ele com aquele sorriso de playboy.

- Agradeço, mestre. Mas tenho que recusar. O meu trabalho não termina aqui. E, além disso, com certeza que o mestre também tem assuntos a tratar. - Tento sair daquela zona sufocante mas sou impedida pelo braço de Chris. - Que espanto... - Encostei-me novamente na parede.

- Eu insisto. Se não aceitares, eu ordeno-te que tires uma pausa. - Ele aproxima-se de mim e sussurra ao ouvido. - A minha palavra é absoluta, não te esqueças. - Beija o meu ouvido e fica a poucos centímetros do meu rosto. - Então, como vai ser? - O sorriso de vencedor; clássico.

- Hoje sou perseguida por homens na casa de banho. Que raio de dia é este...

Criada de um MilionárioOù les histoires vivent. Découvrez maintenant