PRÓLOGO [Part I]

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   Katie

Será que um dia eu irei superar a perda de vocês? — me perguntava mais uma vez enquanto segurava o porta-retrato entre os meus dedos.

Na foto, o meu pai e a minha mãe sorriam. Ambos estavam felizes, era a primeira viagem dos dois após anos.

Eles morreram quando voltavam da viagem, em um acidente de carro.

— Katie, você não pode mais viver assim. — ouço a voz da Dana ao entrar no quarto. — Fazem meses. — mesmo que tente esconder, eu posso notar o seu semblante triste quando ela me fita.

— Eles pareciam tão felizes, Dana. — uma lágrima escorre pelo o meu rosto.

Ela caminha até a mim, e senta ao meu lado.

— Eles estavam. — toca o meu ombro, consolando-me. — E eu tenho certeza absoluta de que mamãe e papai iam odiar te ver nesse estado. — sua voz é baixa.

— Eu sei. — seco as lágrimas. — Quem era no telefone? — mudo de assunto. Minha irmã tenta ser forte por nós duas. Não quero sobrecarregá-la ainda mais com o meu sofrimento. Desde a morte dos nossos pais, há alguns meses, ela tem cuidado de tudo, da casa, da editora, de mim.

— Era o Noah. — desvia os olhos dos meus.

— O que houve?

— Ele quer que eu vá para Londres. — seu tom é contido.

— Ah. — deixo o porta-retrato ao lado e levanto-me.

A minha irmã o conheceu em uma viagem à Londres. Dana sempre foi intensa, nunca esperou muito para ter algo, ou nesse caso, alguém que ela se apaixonou desde o primeiro momento que o viu. O namoro dos dois engatou tão rápido que, pouco antes da viagem dos nossos pais, ela anunciou que havia sido pedida em casamento. Meus pais quase tiveram um ataque, afinal, eles ainda nem conheciam o noivo. Estávamos esperando a volta da mamãe e do papai para dar uma festa de noivado e, enfim, conhecer ele e toda a sua família. Mas nada foi como imaginávamos.

A encaro, a mesma está com a expressão indecifrável.

— Você tem que ir. — é a única coisa que consigo dizer.

— Eu não posso. — olha em volta. — Eu não posso te deixar sozinha aqui.

— Eu vou ficar bem. — faço o meu melhor para soar firme.

Ela me observa por alguns segundos como se procurasse algum resquício de verdade no que eu falava.

— Eu te conheço bem, Katie, sei que você não vai. — dispara.

— Eu pensei em começar a faculdade. — minhas palavras pairam no ar. Na verdade, eu não queria. Mas é a única maneira de Dana me deixar e seguir o seu caminho. Não quero prendê-la por mais tempo aqui.

— Sério? — esboça um sorriso. Assinto. — Ótimo! Em Londres tem muitas universidades boas. — demonstra entusiasmo ao continuar.

O quê??

— Não Dana, eu não vou para Londres com você. — afirmo.

— Então eu não vou. — cruza os braços.

Quantos anos ela acha que tem?

— Vai fazer birra? — arqueio as sobrancelhas.

— Não, eu só não quero ficar longe de você. Agora você é a minha única família, Katie. Temos que ficar juntas. — vejo-a morder o lábio.

Ela tem razão.

— Só me responde uma coisa. — me abaixo para ficar da sua altura.

— Sim? — seus olhos encontram os meus.

Uma Chance [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now