CAPÍTULO 31

3.7K 335 315
                                    

  Katie

Caminho lentamente pela casa onde vivi os momentos mais inesquecíveis da minha vida. Mesmo com essa certeza, o lugar me trazia uma sensação estranha, como se ele fizesse parte de um passado distante, como um passado que eu vivi em uma outra vida.

Tudo estava exatamente como eu me lembrava. Cada móvel, os quadros nas paredes, as peças de decoração e até mesmo o sino de vento, que Bryan encontrou em uma feirinha de artesanato quando voltava para casa, ainda soava lá fora.

Dana cuidou de tudo durante todos esses anos.

Mordo o lábio ao passar a mão em um dos móveis e fixar os olhos no porta-retrato vazio sobre ele. Ali ficava uma de nossas fotos, era mais uma lembrança que havia sido guardada no esquecimento.

Não voltei à esta casa depois que me mudei para Nova York. Quando decidi retornar à Londres, a primeira coisa que Arthur e eu fizemos foi comprar uma nova casa para morarmos. Há quase cinco anos, tudo o que eu tenho deste lugar são lembranças que tentei apagar inutilmente. Me pergunto porque estou aqui, se tudo o que eu menos queria era recordar o passado.

Toda a felicidade que tivemos aqui, todo amor que fizemos tendo essas paredes como testemunhas e todos os momentos que vivemos, parecem pequenos quando me lembro da sua traição. Não consigo apagar da minha memória o que ele me confessou naquela maldita noite logo após ter me levado pra cama. Por muito tempo, eu não pensei nisso, mas agora toda a dor que eu jurei nunca mais sentir, tomou conta do meu peito como se eu estivesse sendo traída novamente.

Sinto isso porque o vi novamente? Era disso que eu tinha medo quando me pediu para perdoá-lo, de olhar para o seu rosto e lembrar de tudo. Jamais teríamos sido felizes. — minha garganta doía à cada palavra pronunciada.

Comecei a caminhar até a escada e seguir para o andar de cima. Cada degrau que eu subia, uma lembrança retornava. Sentia que não devia estar ali, mas me deparei dirigindo nessa direção.

Ainda não consigo acreditar que o vi. Não antes do esperado. É difícil admitir até para mim mesma, porque sei que é errado, mas, sem que eu pudesse controlar, algo diferente explodiu no meu peito quando ele estava diante de mim. Essa explosão não foi a mágoa que carreguei desde a sua traição, foi algo que eu nem mesmo percebi que estava adormecido e pareceu se acender. Mas nada vai mudar, porque, seja lá o que isso for, eu quero que se apague novamente.

Quando ergui a cabeça e o vi, um filme passou pela a minha cabeça e o meu primeiro impulso foi tentar contar para ele sobre o nosso filho, mas, mais uma vez, ele não quis me ouvir. Eu poderia ter ido atrás dele e ter gritado aos quatro ventos que ele era o pai do Benjamin, mas a atitude dele me fez lembrar de Arthur.

Prometi que ele estaria ao meu lado quando eu contasse a verdade, por ele e pelo Benjamin que o tem como pai. Depois de tudo o que vivemos, da forma como ele entrou em nossas vidas, minha e de Benjamin, não seria justo excluí-lo de algo que ele também fez parte. Ele foi um pai para o Benjamin durante todos esses anos. O menino o tem como um herói e o ama incondicionalmente. Eu não posso deixar o Benjamin odiá-lo por um erro meu. Tenho que dar ao Arthur a chance de se explicar para ele. Não posso simplesmente o jogar para o lado, como se ele não fosse importante. Eu o deixei entrar, e ele se tornou tudo para mim e meu filho.

Sei que chegou a hora de todos saberem a verdade e que fui injusta com Bryan durante todo esse tempo, não sou hipocrita ao ponto de negar isso quando estou olhando para Arthur agora, mas também fiz isso por ele e pelo o que vi ele continua não querendo ouvir o que tenho à dizer. Também vou esperar um pouco mais para saber se ele realizou tudo o que desejava e se retornou de vez para não fazer ele o nosso filho sofrerem com a revelação e, em seguida, com a distância.

Uma Chance [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now