CAPÍTULO 40

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   Katie

Caminho pelo vasto campo enquanto penso nos últimos acontecimentos. O sol sobre a minha cabeça já começava a se pôr dando sinal que a noite cairia em breve e o vento estava frio, mas isso não me impediu de recusar qualquer companhia quando decidi ir atrás de Alexa.

Eu precisava falar com ela e sabia muito bem onde encontrá-la. O lago não era muito distante da casa e, menos de dez minutos depois, eu já podia avistá-lo ao longe. Dei um tempo para Alexa digerir tudo, enquanto me mantive no escritório tentando me preparar para o pior, mas agora que consigo vê-la isso parece difícil.

Alexa é como uma irmã mais nova para mim, é ela quem consegue me fazer cometer loucuras que eu jamais cometeria sozinha, quem me desperta quando estou triste e me dar os momentos mais divertidos. Eu realmente me sinto muito mal por ter mentido para ela durante todos esses anos. Entenderei se quiser manter-se longe de mim por um tempo e se não conseguir me perdoar, mas ainda vai doer não tê-la ao meu lado, ser olhada como alguém que ela odeia e despreza.

Parei e fitei a mulher à minha frente, engolindo em seco. Ela estava de costas para mim, sentada em uma das pedras à beira do lago. Seus cabelos, que haviam tomado um tom quase alaranjado por causa do sol, voavam contra o vento enquanto a sua atenção era voltada para a água de tom esverdeado. Ela com certeza ouviu a minha chegada, pois mexeu-se incomodada.

Tomei uma lufada de ar antes de falar com toda a minha coragem:

— Podemos conversar agora?

— Estou ouvindo. — ela ainda mantinha-se de costas para mim, o tom duro.

— Eu não sei por onde começar...

— Talvez você comece me falando porque escondeu a verdade de todos? — sugeriu, com o tom mais calmo, ao virar-se de frente para mim. — Principalmente de mim que, até onde eu sei, sou sua melhor amiga.

Caminhei lentamente até ela, sentei-me ao seu lado e mantive os meus olhos fixos nos seus. Ela contraía os lábios como se isso a impedisse de dizer algo que se arrependesse.

— Eu descobri sobre a gravidez semanas após o término do meu noivado com o Bryan. — comecei, as lembranças vagando pela a minha cabeça. — Esconder dele não foi a minha primeira intenção. Claro que ele precisava saber que seria pai. E eu ia à Manchester contar tudo se não tivesse o encontrado na sua casa...

— O que ele fez? — interrompeu-me abrupta. Isso me fez relaxar um pouco, algo me dizia que ela realmente estava tentando entender o meu lado.

— Ele implorou para que eu não dissesse nada que o impedisse de ir, de viver o seu sonho e eu vi nos seus olhos que ele não queria nada que o prendesse aqui. — desviei os olhos do seus e fitei o lago. Essa foi justificativa que usei tantas vezes para mim mesma e continuo usando para me explicar, mas pela primeira vez sinto-a inválida. Foram apenas erros atrás de erros que me trouxeram aqui e, infelizmente, isso é irreversível. — Não quis que o bebê que eu carregava servisse de empecilho, como uma pedra no meio do seu caminho. Então deixei-o ir e seguir o seu sonho, mas me arrependo amargamente e nesse momento percebi que odeio ter que falar isso em voz alta novamente. — soltei o ar, que eu nem mesmo sabia que prendia em meus pulmões, quando terminei de falar.

— Mas e todos os outros? — percebi que respirou fundo antes de continuar. — Somos só um efeito colateral, não é?

— Sinto muito. — não consegui segurar as lágrimas que deixei cairem silenciosamente. — Não sei o que fazer, isso tão dificil. Porque eu agi assim? Desde o começo, estive firme sobre assumir a responssabidade, depois eu tive medo de encarar aquele magoei, agora estou começando a me odiar por isso. Eu realmente... não sei mais a resposta. Sei que é irreversível, mas se eu pudesse, ao menos por um segundo, voltar no tempo, eu juro que faria tudo diferente.

Uma Chance [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now