CAPÍTULO 9

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   Katie

Os olhos de Bryan penetraram os meus profundamente, apenas aquele olhar demonstrava o quão magoado ele estava. Sem dizer uma única palavra, ele se levantou bruscamente e saiu da sala de jantar.

— Você não contou para ele? — Dana me fitou, incrédula.

Neguei com a cabeça.

— Desculpa. — Alexa encolheu os ombros.

— Tudo bem. — murmurei. Talvez eu estivesse precisando disso, de um empurrão para tomar coragem e contar para ele. — Licença. — me levantei e sai à procura dele. Peguei a minha bolsa no meio do caminho. Assim que passei pela porta principal o vi encostado no carro, cabisbaixo, com o peito subindo e descendo como se tentasse se controlar. — Eu ia te contar. — disparei ao parar na sua frente.

— Quando? — seus olhos encontram os meus. — Íamos para Manchester, Katie. Eu vim... eu vim para te levar comigo. — ele não conseguia esconder a decepção. — Eu fiz planos para nós, mas não percebi que você não queria estar neles.

— Eu sempre quis estar neles. — disse firme. — Mas, pra ser sincera, eu hesitei em ir para Manchester quando você mencionou e depois a Dana me propôs ser editora-chefe e... algo aqui dentro — apontei para o peito. — me fez dizer sim. Acho que no fundo eu sempre desejei estar no lugar de um dos meu pais. Eu te amo, Bryan, eu te amo muito. Mas agora eu só quero ser a editora-chefe da editora Carter, mesmo que por poucos meses, eu quero fazer isso. Eu não sei, talvez assim como você, eu também tenha um sonho. Você entende?

— Eu estou sendo egoísta, não é? — murmurou.

Diminuo a distância entre nós, levo a mão direita ao seu rosto e o acaricio.

— Não. Você só me quer por perto, assim como eu te quero. — afirmei. — Mas nós temos desejos individuais também e talvez realizá-los seja difícil pela ausência um do outro, mas será menos doloroso se nos apoiarmos.

— Desculpe... — afastou a minha mão do seu rosto, abaixou a cabeça por um instante e quando tornou a erguê-la não me olhou nos olhos para dizer. — eu preciso pensar. — riu de si mesmo. — Viu? Eu realmente sou egoísta.

— Bryan...

— Vamos para casa, por favor. — me cortou. Destravou o carro e abriu a porta do mesmo para mim em seguida.

Entrei no veículo sem hesitar. Ele deu a volta e fez o mesmo acomodando-se no banco do motorista antes de dar partida.

Recostei a minha cabeça na janela colocando a minha atenção apenas na noite em Londres. O céu estava sem estrelas, senti falta de admirá-las para tentar sentir-me um pouco mais aliviada do turbilhão de sentimentos que explodiam no meu peito.

Quando, enfim, ele estacionou em frente a casa, eu saltei do carro. Não aguentava mais àquele silêncio ensurdecedor, não aguentava estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe dele.

Entramos na casa.

— Eu vou para o quarto. — quebrei o silêncio ao avisar. — Quando quiser terminar a conversa sabe onde me encontrar. — caminhei em direção a escada, mas hesitei nos meio dos degraus e olhei por cima do ombro, não obtive resposta, então continuei.

Já no quarto, deixei a bolsa sobre a poltrona, me desfiz das roupas e dos sapatos. Segui para o banheiro. Entrei de baixo do chuveiro e deixei a água morna molhar o meu corpo.

Me peguei pensando se fiz a escolha certa. Eu o amo, aceitei o seu pedido de casamento, planejamos ter um filho, então porque? Porque parte de mim ainda deseja isso?

Uma Chance [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now