CAPÍTULO 37

5K 332 427
                                    

    Katie

Caminho inerte pela rua. As pessoas à minha volta pareciam não existir, eu estava em um mundo paralelo, um mundo onde só existia dor e arrependimento. Mesmo que o meu subconsciente gritasse que eu merecia o que estava passando, algo dentro do meu peito parecia mais forte em rebatê-lo. Eu sempre soube e esperei que não fosse perdoada, então porque sinto como se não pudesse continuar vivendo?

Mordi o lábio com força, as lágrimas que não paravam de cair deixavam o meu rosto molhado e os meus olhos embaçados. O meu peito doía como se um punhal estivesse o invadindo, uma dor que, nem mesmo quando fui traída, senti.

"Eu tirei tudo o que ele sempre desejou ter. No final, nada valeu a pena." Meu corpo estremeceu ao falar internamente.

Cada palavra dita por ele ainda soava nos meus ouvidos, era como se eu nunca fosse parar de ouvir o som da sua voz dizendo que queria tudo o que eu tirei de si. 

Me assustei ao ouvir uma buzina. Ergui a cabeça rapidamente e me dei conta de que estou na frente de um carro.

— Cuidado! Eu quase te atropelei. — o homem colocou a cabeça para fora do carro, a expressão impassível.

— Desculpa. — murmurei antes de sair da frente do veículo e apressar o passo para sair do meio da rua. Enxuguei as lágrimas e fiz sinal para um táxi logo depois.

**
Bryan

Soco diversas vezes o volante à minha frente. Eu estava com tanta raiva que mal conseguia me controlar, queria colocar pra fora, queria parar de sentir a dor que estava sentindo no meu peito.

Ela não tinha o direito de decidir por mim. — rosnei, a indignação estampada em cada palavra. Engoli em seco quando deixei os braços caírem sobre o volante e deitei a cabeça sobre eles. — Eu fui um tolo. — lágrimas molhavam o meu rosto.

Eu também causei tudo isso. À trai com a primeira mulher que vi pela frente. E depois, ainda me achei no direito de acreditar que ela me traía. Tudo por causa de uma maldita foto que, até agora, eu não sei de qual inferno saiu.

Eu errei, errei muito. Não nego os meus erros, mas nada tira a sua culpa. Ela escondeu o meu filho de mim. Eu perdi o direito de ser seu pai sem ao menos ter a chance de escolha. Tenho vontade de gritar, mas a minha garganta dói. Estou preso entre a tristeza, raiva e frustração.

Queria vê-lo, queria pegar Benjamin no colo e apertá-lo forte contra mim, mas ele ia me chamar de tio e, talvez, perguntar o porquê de eu estar fazendo isso e eu não poderia suportar. Agora que sei a verdade, não suporto imaginar que ele não me reconheça como pai.

— Ei... — ouço batidas na janela do carro. Ergo a cabeça e vejo Caleb me fitando intrigado. Enxuguei as lágrimas antes de abaixar o vidro. — O que faz aí? — perguntou assim que o vidro estava completamente abaixado.

— Eu acabei de chegar. — murmurei, sem encará-lo.

— Está tudo bem? — perguntou, a expressão preocupada.

— Sim. — pigarreei ao soltar o cinto de segurança, abrir a porta e saltar do carro. Eu não estava bem, mas não queria que ninguém soubesse. Não desejo que saibam a verdade, pelo menos por enquanto. — Eu só estava pensando um pouco. — fiz um gesto com a mão tentando mostrar-lhe naturalidade.

— Tá bem. — olhou-me desconfiado. — Vamos entrar. Alexa está preparando pizza. — ergueu duas sacolas com cervejas em suas mãos.

— Vamos. — peguei uma das sacolas e tomei à frente caminhando até a entrada da casa.

Uma Chance [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now