Capítulo 3

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Samantha

Ouvir que a ex-mulher havia matado os filhos dele, foi um choque tão grande, que a minha cabeça começou a doer, e agora, aqui deitada com ele dormindo agarrado a mim, está quase que insuportável à dor. Preciso tomar remédio, mas não quero me mexer, não quero que ele acorde, ele parecia bem cansado quando viemos deitar.

Ele dormiu quase que imediatamente, mas eu não consigo, estou passando e repassando cada palavra da história que ele contou. Não consigo acreditar no que aquela mulher fez com ele. Como ela pode ter sido tão egoísta e cruel?

Assim que o sol começa a raiar, me solto dos seus braços e levanto da cama com muito cuidado.

Não deve ter sido fácil para ele se abrir comigo, e relembrar tudo o que aconteceu.

Ele está dormindo profundamente e eu não quero que ele acorde tão cedo, então antes de entrar no banheiro para tomar uma ducha, coloco nossos celulares no silencioso.

Depois de tomar, pego um comprimido de dor de cabeça dentro da minha nécessaire, e vou para cozinha. Tomo o comprimido e preparo um pouco de chocolate quente. Quando estou colocando o chocolate na xícara, o telefone começa a tocar e eu corro para atender.

— Alô.

— Sam? É você?

— Oi Verônica. Bom dia.

— Bom dia. Eu liguei no celular do Bernardo e chamou até cair na caixa postal, fiquei preocupada, ele nunca deixa de atender. Está tudo bem?

— Está tudo bem sim. Ele não atendeu porque ele está dormindo.

— Certo. Olha, a mamãe que ir para a praia passar o final de semana, e como na terça-feira é feriado, pensamos em esticar. Estou ligando para saber se vocês querem ir.

— Não sei. Quando ele acordar, falo que você ligou nos convidando. Pode ser?

— Claro. Está tudo bem mesmo? Sua voz está estranha.

— Está tudo bem sim, só estou com uma dor de cabeça horrível, parece que tem mil tambores na minha cabeça, mas já tomei remédio e daqui a pouco passa.

— Ok. Eu já vou. — ela grita e suspira do outro lado da linha. — Nós já estamos indo. Se já não bastasse um impaciente na minha vida, agora tenho dois. O júnior e a mamãe estão me deixando louca. — começo a rir. — Beijos.

— Beijos e boa viagem.

Coloco o telefone na base e volto para a cozinha para pegar a xícara com o meu chocolate quente. Caminho até a porta da varanda, a abro e recosto em uma das espreguiçadeiras. Enquanto tomo o chocolate, penso na história do Bernardo.

Estou tão distraída com meus pensamentos, que não percebo quando ele para do meu lado.

— Posso ouvir as engrenagens rodando na sua cabeça. Esquece essa história amor, é o melhor a fazer, é o que eu vou tentar fazer.

— Senta aqui um pouquinho? — ele senta na minha frente.

— Eu sei, mas é muito difícil esquecer, você passou por tanta coisa. — imediatamente ele fecha a cara.

— É por isso que eu não queria te contar, você está com pena de mim, eu não suporto que sintam pena de mim, Samantha.

— Ei calma, não estou sentindo pena de você, eu sinto pena dela. Ela é uma mulher seca, sem coração, sem alma, uma infeliz. De você eu sinto orgulho. Você é forte, corajoso e tem um bom coração. O que sinto por você é muito amor, mas também tenho que admitir que sinto um pouquinho de raiva. — ele me olha confuso.

Caminhos Traçados 2ª EdiçãoWhere stories live. Discover now