Capítulo 16

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— Respira fundo e vamos descer, e acabar com essa agonia logo de uma vez. Eu só peço que fique calmo, porque se você ficar nervoso, irei ficar também. E isso será um prato cheio para ela, que com certeza vai achar que eu tenho medo dela.

— Eu não fico nervoso perto dela, eu sinto raiva, ódio. Ficar no mesmo ambiente que essa mulher é muito complicado para mim.

— Imagino, mas agora não tem nada que possa fazer. Você escolheu que as coisas fossem assim, e agora só te resta enfrentá-la.

— Não, eu não escolhi isso. — ele parece irritado.

— Escolheu sim. Quando se separaram, você optou em não contar às barbaridades que ela tinha feito para que o casamento de vocês chegasse ao fim.

— Mas eu só fiz isso porque não queria que os meus pais e os pais dela sofressem.

— Ela sabe que te afeta, e vai ver que é por isso que ela atormenta tanto. Quando você mostrar indiferença, ela vai te deixar em paz.

— Será?

— Sim.

Fico olhando para ele por um tempo e lembro o que a minha mãe falou logo que eu voltei de viagem e disse que estávamos namorando.

Sento na cama, abaixo a cabeça e respiro fundo.

— O que foi? — ele senta ao meu lado.

— Você já mentiu para mim alguma vez?

— Claro que não. Porque essa pergunta agora?

— Por que... Quando voltamos da praia, aquela vez que foi atrás de mim, quando cheguei em casa contei para a minha mãe o que havia acontecido na sua casa com a sua ex-mulher e ela me disse que se você tem tanto ódio assim da Vitória, pode ser porque você ainda a ama.

— Não. — ele arregala os olhos.

— A linha entre o amor e o ódio é muito tênue.

— Para. Cala essa boca. — ele se ajoelha na minha frente. — Não repita mais isso, nem de brincadeira. Eu te amo, eu sou louco por você e quanto a isso eu não tenho nenhum tipo de dúvida.

— Mas...

— Não. Me escuta. — ele respira fundo. — Eu sinto raiva e ódio, mas é por tudo o que ela me fez. Ela me enganou e me fez de idiota por anos, e o que eu mais queria é que ela sofresse, mas eu sou diferente dela, eu penso nas pessoas que eu amo, por isso não contei nada a ninguém além das minhas irmãs e dos meus cunhados. Claro que eu queria que ela sofresse e que fosse humilhada, mas o amor que sinto pela minha família e pelos pais dela é muito maior, por isso resolvi me calar. Ela não significa nada para mim há muito tempo. Eu te amo. Acredita em mim.

O abraço e permanecemos assim por um tempo.

— Desculpa. Desculpa duvidar do que você diz sentir por mim.

— O que eu digo sentir não, o que eu realmente sinto. Eu te amo. Te amo mais do que tudo.

— Eu também te amo.

— Então coloca um lindo sorriso nesse rosto e vamos descer.

Concordo e levanto da cama.

De mãos dadas saímos do quarto e quando estamos na metade da escada a Verônica aparece na sala.

— A Vitória chegou. — ela diz.

— Nós sabemos. Ouvimos a campainha.

— A mamãe já está nervosa.

Caminhos Traçados 2ª EdiçãoKde žijí příběhy. Začni objevovat