Caminhos Traçados 2ª Edição

Capítulo 31

Bernardo

Acordo cedo e depois de fazer minha higiene pessoal, saio do quarto. Encontro meus pais na cozinha e dou bom dia. Os dois estão sentados à mesa conversando enquanto tomam café. Daqui a pouco meu pai vai para a Vinícola. Pego uma xícara e me sirvo de um pouco de café.

— Vou sair daqui a pouco, e gostaria que viesse comigo. Quero te mostrar algumas mudanças que gostaria de fazer lá na vinícola. — Ele pede.

— Está bem. Deixa eu terminar aqui e colocar um tênis e podemos ir.

Ele concorda e diz que vai me esperar no carro. Depois de tomar meu café volto para o quarto, calço o tênis e dou um beijo na Sam, que ainda dorme profundamente. Na sala, encontro minha mãe sentada no sofá assistindo tv e peço para ela avisar Sam que fui para a vinícola. Lhe dou um beijo e saio de casa. Meu pai já está dentro do carro me esperando.

— Que mudanças são essa que o senhor quer fazer? — Pergunto quando ele arranca com o carro.

— Nenhuma. Só falei isso para que sua mãe não ficasse mais ansiosa e preocupada do que já está.

— Por quê? O que está acontecendo?

— Bernardo, nunca me meti na sua vida, até porque nunca precisei você foi muito bem educado e tenho muito orgulho disso, mas depois do que aconteceu ontem no escritório lá em casa, mudei de ideia.

— Desculpa pai, mas não quero mais falar sobre a Vitória.

— Mas nós vamos. — Nunca vi meu pai tão sério assim. — Você já é um homem feito, que trabalha e tem suas responsabilidades, mas ainda é meu filho e eu me preocupo com você.

— Pai...

— Se você, suas irmãs e sua namorada, acham que podem me enrolar como fazem com sua mãe, vocês estão muito enganados. Tenho certeza de que não foi somente por causa das traições da Vitória, que seu casamento chegou ao fim. Ontem, enquanto Samantha e ela se enfrentavam, percebi que tanto Vitória quanto você, se assustaram quando ela a chamou de cruel e covarde. — Respiro fundo. — O que aconteceu filho? Porque a Sam disse isso? O que a Vitória fez com você?

— Tudo bem pai, eu conto, mas acho melhor esperar chegarmos na vinícola.

— Nem pense em mentir para mim, isso só vai fazer eu me decepcionar com você.

— Não vou mentir. — Olho para fora e permaneço calado até entrarmos no escritório dele, na vinícola.

— E então? — Ele diz ao fechar a porta.

Peço para ele sentar e sento ao seu lado. Não tem uma maneira certa de contar essa história, então acho que a melhor opção é ser direto.

— Me separei da Vitória, não só por causa das traições, mas também por causa dos três abortos escondido que ela fez.

Ele arregala os olhos e ergue as sobrancelhas chocado. Permaneço sentado ao seu lado calado, esperando ele digerir o que acaba de ouvir. Minutos depois, ele levanta e começa a andar de um lado para o outro.

— Três abortos?

— Sim, foi por isso que Sam a chamou de cruel e covarde.

— E ela está certíssima. — Ele respira fundo. — Porque você nunca contou isso?

— Não queria que você e a mamãe sofressem muito menos os pais dela, já bastava eu estar sofrendo. Sam diz que eu deveria ter dito que não é justo eu guardar esse segredo.