Capítulo 30

321 61 1
                                    

Pego na mão dele e seguimos para o escritório com os pais dele atrás de nós. Quando entramos, a fisionomia da Vitória muda. Ela me olha com ódio.

— Obrigada por virem. Estamos aqui para mais uma vez nos desculpar pelo comportamento inadequado da Vitória. Eu fiquei muito envergonhado. Vitória?

— Eu sinto muito por tudo o que eu disse. Me desculpem. — Ela fala sem nos olhar nos olhos.

— Não. — Todos me olham. — Não aceito suas desculpas. Não aceito porque sei que você vai fazer outra vez assim que tiver uma chance. Você não liga para nada nem ninguém, só pensa em si mesma. Com certeza está aqui porque seu pai te obrigou ou então porque ele deve ter dito que iria cortar sua mesada, ou coisa do tipo. De livre e espontânea vontade, você não viria jamais. — Olho para os pais dela. — Ontem, quando vieram nos pedir desculpas, eu disse que estava tudo bem, que era para esquecermos, mas hoje não. Nem sua desculpa eu vou aceitar Pedro. Isso que vieram fazer aqui hoje deveria ter sido feito ontem, e na frente de todos os convidados da Evy e Adolph, que tiveram que presenciar aquela cena patética e lamentável. Longe de mim querer dizer como um pai e uma mãe deve educar seu filho, mas vocês erram feio na educação dela. E não venham falar que é porque ela é filha única e o amor de vocês é muito grande, por que isso não é desculpa. Eu também sou filha única, e meus pais me educaram decentemente, e me ensinaram a respeitar as pessoas.

Os três me olham chocados.

— Você é muito atrevida. Eu não admito que fale assim comigo.

— Eu é que admito ser tratada dessa forma, muito menos ser desrespeitada pela sua filha, mal educada e mimada. Ela me ofendeu todas as vezes que nos encontramos e isso sem eu ter feito absolutamente nada. Prometi aos donos da casa que me comportaria e respeitaria tanto a eles, quanto a casa e os convidados deles, mas também disse que não tenho sangue de barata.

— Você roubou meu marido, sua vagabunda.

— Veja bem como fala. Eu trabalho desde os meus dezesseis anos e hoje tenho meu próprio negócio. Não preciso do meu pai, muito menos de um marido para me sustentar, portanto a única vagabunda aqui é você. Que traiu seu marido pulando de cama em cama.

Ela estreita os olhos e vem para cima de mim.

— Eu vou acabar com você. — Ela grita. — Eu disse e repito, você não vai ficar com ele. — O pai a segura e ela tenta se soltar.

— Estão vendo? Deem bem uma olhada. Essa é a filha de vocês, aquela que veio aqui pedir desculpas se fazendo de boazinha, não existe. É por isso que não desculpei e não vou desculpar nunca, porque ela sempre vai voltar a fazer, ela é assim, uma pessoa má, de índole ruim, mau caráter, sem coração, cruel e muito, muito covarde. — Ela para de se debater nos braços do pai e me olha. Ela sabe que estou falando sobre os abortos.

— Amor!

— Não sou obrigada a aturar, Bernardo, muito menos ter que conviver com isso. — Olho para meus sogros e respiro fundo. — Desculpa. Tentei me controlar, mas foi impossível.

Evy e Adolph estão atônitos com o comportamento dela.

Preciso sair daqui antes que eu acabe indo para cima dela. Peço licença e me dirijo para a porta, mas antes de sair ela fala:

— Isso não vai ficar assim Samantha, você vai me pagar e vai pagar bem caro. Eu vou acabar com você.

Olho para traz.

— Vocês deveriam interná-la. Ela está louca. — Abro a porta, saio.

Bernardo vem atrás de mim e a ouvimos gritar novamente que eu vou pagar. Entro na cozinha, me apoio na pia e respirei fundo algumas vezes. Estou furiosa.

Caminhos Traçados 2ª EdiçãoWhere stories live. Discover now