Capítulo 02

2.1K 168 6
                                    


Alfonso, antes de qualquer coisa, todos os dias, ia ver a filha. Suri tinha 4 anos. Dulce fora envenenada no 7º mês de gestação, e seu ultimo desejo foi que Alfonso salvasse a menina. E ele tentou. Ao entrar no quarto da pequena olhou, desgostoso, pra cadeira de rodas que havia em um canto. Mas seguiu até a cama.


Suri: Hum... – Suspirou, se esticando, ao acordar. Ela abriu os olhinhos, focalizando o pai. Ele sempre estava lá quando ela acordava – Bom dia, papai.


Alfonso: Bom dia, meu amor. – Disse, retirando o cabelo da menina do rosto – Como foi sua noite?


Suri: Sonolenta. – Respondeu, sapeca. Alfonso sorriu.


Alfonso: Sempre é. – Suri deu de ombros, e ele a deu um beijo na testa.


Suri: Vou poder sair hoje? – Perguntou. Toda manhã a mesma pergunta... E a mesma resposta.


Alfonso: Não, meu amor. Hoje ainda não. – Disse, e viu a carinha dela, triste – Logo. – Prometeu.


Suri: Logo quando? – Insistiu. Alfonso sorriu. A menina tinha a tenacidade de Dulce.


Alfonso: Logo. – Resumiu – Agora tenho que ir, pessoas me esperam. Logo Nina virá cuidar-te. – Suri se emburrou – Não faça este bico, é para o teu bem. Dá o beijo do teu pai. – Pediu, oferecendo o rosto, e recebeu uma bitoquinha da menina.


Suri: Posso dormir mais um pouquinho? – Pediu, manhosa.


Alfonso: 30 minutos. – Propôs. Ela aceitou, sorrindo. – Então durma. Fique bem, meu anjo. – Disse, acariciando os cabelos dela. Em seguida se levantou e saiu.


O dia de Alfonso fora normal. Deu ordens, revisou papéis, encontrou pessoas... Sem saber que havia uma plebéia morrendo na floresta, perto da fronteira. Anahí tinha sede, fome, cansaço... Seus pés estavam feridos pela corrida, a roupa molhada pela chuva que tomara. Ela apenas olhava o céu, esperando... Esperando... E o dia se fez noite. Ela quis se levantar, esperar em alerta, mas não teve forças.


Christian: Anahí? – Chamou, em um sussurro.



Anahí: Sou eu. Estou aqui. – Respondeu, tentando se levantar. Seus pés doeram horrivelmente.



Christian: Sou Christian. – Disse, após se aproximar. Havia uma pequena carroça ali perto. Ela nem o vira chegar, vagando entre a consciência e a inconsciência – Deus, está pior do que eu imaginei. – Lamentou.



Anahí: Não tive o melhor dos dias. Como conseguiste vir aqui? – Perguntou, os olhos vendo a silhueta dele – E os guardas?



Christian: Vim descarregar o carvão do castelo, e buscar mais lenha. Faço isso todos os dias, e é esse fato que a ajudará. Tudo bem, te apóia em mim. – Disse, se abaixando.



Christian carregou Anahí até a pequena carroça. Já havia descarregado o carvão, só restara o cheiro. Ele a pôs em um canto, deitada, com cuidado, e a cobriu com uma manta. Anahí viu pouco a pouco ele depositar lenha cortada ao seu lado, e apenas duas camadas por cima dela, cobrindo-a. Por fim ele parou.



Christian: Machuca? – Anahí negou com o rosto – Cobrirei teu rosto com a manta, para que não vejam ao passar. Se algo acontecer, balança isto. – Disse, entregando um galho seco a ela. Anahí assentiu.



Assim ele cobriu o rosto dela. Anahí esperou que parassem Christian, que a descobrissem, mas ele não parou de andar por um bom tempo. Ela até dormiu um pouco. Foi quando, por fim, ele a descobriu. Ela percebeu que o peso da lenha em cima de si havia sumido.


Christian: Graças aos céus, pensei que houvesse morrido. – Anahí sorriu, fraca – Venha. – Christian a ajudou a descer da carroça, pondo-a de pé. Ela olhou em volta e viu muita madeira armazenada, assim como uma pilha de carvão num canto. Havia uma fornalha. As paredes eram altas, e tudo estava silencioso – Precisarei cuidar de ti antes de te expor. Está muito mal. – Avaliou, vendo a fraqueza dela.


Mas Anahí mal ouvia. Seus ouvidos zuniam contra a verdade. Havia conseguido chegar ao castelo. Estava a salvo... Pelo menos de Paul.

Just One More About LoveWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu