Capítulo 03

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Anahí realmente precisou ser cuidada. A viagem a enfraquecera, e seus pés estavam cortados demais, mal conseguia andar. Passou duas semanas escondida no quarto de Christian, sendo alimentada pelo mesmo, que passara a dormir no chão pra ceder sua cama a ela. Mas então estava pronta.



Christian: Então lhe levarei até Nina, e ela lhe dará instruções. Me espere aqui, só um instante. – Anahí assentiu com a cabeça.



Christian se afastou, logo sumindo. Anahí se sentia insegura, mas procurou relaxar. Olhou a estrutura do castelo. Era enorme, com vários pátios, várias torres... Ela apostava que alguém já devia ter se perdido ali dentro. Mas era muito bonito... E olha que ela nem sabia quem estava dentro dele. 



Nina: Quem é você? – Perguntou, e Anahí tremeu, em choque. Seu rosto procurou Christian, mas ele ainda não havia voltado. Ela se virou, respirando fundo.



Anahí: Sou Anahí. – Disse, tentando se acalmar – Christian me enviou. Para trabalhar.



Nina: Christian, sempre me enviando problemas que eu não posso resolver. – Disse, suspirando. Ela avaliou Anahí de cima a baixo – Venha comigo. – Disse, virando as costas e passando pelo portão pro pátio do castelo.



Anahí a acompanhou, passando pelos enormes portões de ferro. Nem acreditava em sua sorte. Chegara ao seu destino final; estava salva. Nina, por sua vez, era rígida demais. Explicou a Anahí o que deveria fazer de modo rápido, ela mal pode entender, e lhe entregou uma pilha de uniformes, levando-a em seguida ao que disse ser seu quarto. Anahí nem havia tido tempo de respirar quando Nina saiu, dizendo que ela tinha 15 minutos pra se apresentar ela não lembrava onde. Anahí olhou o quarto. Era pequeno, havia apenas uma cômoda, uma cadeira, um espelho e uma cama, mas era acolhedor. As paredes eram beges. A cama parecia confortável. Anahí foi até a cômoda, abrindo uma das gavetas. Mais vestidos iguais. Uniforme de trabalho. Exceção há uns mais simples, mais largados, que pelo que Anahí sabia eram usados quando se ia lavar roupas.
Tinha uns desses em casa, usava quando ia até o rio com a mãe, lavar roupas. 



Anahí: Então vamos. – Disse, pondo a pilha de vestidos que Nina lhe dera na cama, que estava forrada com lençóis simples, brancos. Só havia um travesseiro. 



Anahí se trocou sozinha. Demorou mais pra conseguir puxar os cordões do espartilho sozinha, mas por fim estava pronto. O vestido era cinza, sem detalhes ou decotes. Os vestidos daquela época já haviam perdido a saia balão, mas tinham, por baixo, umas 15 camadas de tecido debaixo da saia, o que fazia volume e peso. Anahí parou na frente de um espelho, pegando os cabelos. Nina lhe criticara os cabelos. Ela os enrolou, prendendo-os com um grampo, deixando os cachos e o tamanho de presos em um rabo de cavalo baixo. Calçou as sapatilhas que lhe foram indicadas, e saiu.



Nina: Pensei que não viesse mais. – Disse, revirando os olhos. – Pelo menos vestiste o uniforme corretamente. Agora ouve. Para começar, apanhe os coadores e os panos da cozinha, e os leve para a lavanderia, há um setor lá para este tipo de coisa. – Anahí assentiu – Quando voltar, reponha tudo com peças limpas; encontrará tudo o que precisar na dispensa. Depois encontrará instruções para seguir o trabalho. Entendido? 



Anahí: Perfeitamente. – Assentiu. Nina saiu.



Cozinheira: Não tenha medo. – Disse, vendo a expressão pálida de Anahí – Ela é assim mesmo, alguns dizem que tem o diabo no corpo. – Anahí riu de leve, ainda acanhada – Sou Maria.



Anahí: Anahí. – Se apresentou.



Maria: Ande, faça o que ela mandou. Aqui estão os coadores. – Disse, apanhando vários pedaços de pano anteriormente brancos, mas com borras de café, e pondo em cima de um balcão. – E aqui os panos. – Disse, em seguida catando vários panos de prato e flanelas, juntando a pilha – Dá conta? – Anahí assentiu – Siga em frente pelo corredor dos quartos dos empregados, depois vá pelo pátio dos fundos. Não terá dificuldade para chegar até a lavanderia. – Anahí assentiu, apanhando a braçada de toalhas e saindo.


Na verdade ela teve dificuldade. Mas, por fim, chegou a área da lavanderia. Várias mulheres estavam lá, nas poças, lavando roupas ou engomando-as. Anahí procurou até encontrar o lugar onde deveria largar o que trazia em mãos. Depois foram outros 500 pra encontrar a dispensa. Por fim tinha uma braçada de toalhas e coadores limpos em mãos. Voltou a cozinha e começou a separá-los.


Maria: Depois poderá ajudar com o almoço, assim ela a deixará em paz. – Disse, mexendo um tacho enorme, que estava no fogo.


Anahí: Obrigada por me ajudar. – Disse, grata, separando os coadores das toalhas. Então...


Alfonso: Bom dia. – Disse, a voz grossa vindo detrás dela. Anahí empedrou.


Anahí abaixou a cabeça, encarando as toalhas na mesa. Alfonso só via o longo rabo de cavalo, discreto, que caía por suas costas. Pelo uniforme era uma empregada. Ele não estranhou; os empregados em geral baixavam a cabeça antes de falar com ele.



Alfonso: Maria, sabe onde está a Srta. Dobrev? – Perguntou, inalterado.



Maria: Saiu daqui dizendo que iria cuidar da menina Suri, senhor. – Anahí continuava imóvel. 



Alfonso: Bem. – Disse, pensativo – Quando ela voltar mande que me procure. E sirva mais um lugar a mesa; O mensageiro de Christopher está aqui.



Maria: Sim, senhor.



Alfonso virou as costas e saiu. Anahí respirou em uma golfada violenta, se amparando na mesa.



Maria: Está tudo bem? – Perguntou, observando-a.



Anahí: Sim, foi apenas uma vertigem. – Disse, voltando ao trabalho.



Ela escapara. Pelo menos dessa vez.

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