Capítulo 11

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Os dois saíram juntos. Era estranho ver o castelo vazio daquele jeito. Alfonso a levou pelos fundos do castelo, os dois se embrenhando no mato por um tempo. Ele levava a cesta e Anahí segurava o vestido, pra poder andar.



Anahí: Onde estamos indo? – Perguntou, logo atrás dele.



Alfonso: Não consegue ouvir? – Perguntou, se virando pra olhá-la. Anahí parou um instante, aguçando o ouvido. Era água correndo.



Anahí: O rio? – Perguntou, e ele sorriu, assentindo.



Alfonso: Cuidado com a pedra. – Disse, e a apanhou com um braço, erguendo-a do chão. Anahí dobrou as pernas e ele a passou pela pedra, pondo-a no chão novamente.



Os dois chegaram até o rio em poucos minutos. Havia uma parte onde era bem rasinho, dava pra ver as pedras, mas no centro era fundo, e havia certa correnteza. O dia estava frio. Alfonso os levou até uma parte seca, debaixo de uma arvore. Os dois sentaram ali e nem comeram, largando a cesta de lado, apenas conversando. Alfonso fez perguntas sobre o passado dela e ela respondeu exclusivamente com a verdade, ocultando apenas o fato de onde passara o resto da vida. Depois foi a vez dele falar. A conversa fluía levemente, os dois riam, era normal.



Alfonso: Na época da peste todos ficaram muito apreensivos. Eu devia ter 11 anos. Meus pais me trancaram em um quarto fechado, e ninguém me visitava. – Disse, franzindo o cenho – A inicio eu achei que tinha feito algo errado, mas era pra evitar que alguém me tocasse e passasse a doença. Um pouco radical, é verdade, - Disse, dando de ombros. Anahí riu, e ele não agüentou, rindo também – Mas depois ficou tudo certo.



Anahí: Eu não me lembro dessa época. Era pequena ainda. – Disse, pensativa. - Descobrira que era 4 anos mais nova que Alfonso. – Mas me lembro de que minha mãe vendia doces, e bolos... E ela sempre me deixava ficar com as panelas, os tachos e as colheres. – Disse, e Alfonso sorriu – Não deboche, era uma delicia. Pena que dava dor de barriga depois.


Alfonso: Eu não tive essas experiências que as crianças normais tem. Tipo brincar na terra, ou lamber panelas. – Disse, sutilmente, e ela sorriu – Era tudo dentro dos conformes, eu nasci dentro desse castelo e cresci ai. Precisava servir de exemplo. Sempre foi uma porcaria. – Anahí riu, e ele assentiu – Não queres me dizer nem onde moras? Eu posso ajudar tua família. – O sorriso de Anahí morreu – Não, não fique triste. – Se antecipou, tocando o rosto dela – Eu só pensei que seria de ajuda com os funerais, e eles saberem onde tu estás, e que estás bem. 



Anahí não disse nada, pensativa. Na verdade sabiam. Seu pai morrera porque, orgulhoso que sempre fora, passara na cara de Paul que Anahí estava no castelo de Alfonso, sob os domínios dele; Ou seja, no único lugar onde Paul não poderia ir buscá-la. Alfonso se antecipou, sentando mais perto dela, e apanhando seu rosto entre as mãos.



Apenas seja forte,
Porque você sabe que eu estou aqui por você ♫


Alfonso: Esqueça. Não vamos mais tocar neste assunto. – Propôs, os olhos verdes preocupados – Se te entristece já não me interessa. 

Just One More About LoveWhere stories live. Discover now