Sixteen

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    Na última semana Baek tinha parado de me tratar como seu bicho de estimação, o que não era menos que sua obrigação. Apesar de ainda ser um pouco irritante, ele não voltou a gritar comigo. Como todos estavam preocupados com minha segurança, Baekhyun insistiu para que Kai começasse a me treinar, já que seus ferimentos levariam um tempo para cicatrizar.

  Eu não me via como uma lutadora em potencial mas, se eles achavam que eu seria capaz de me defender, eu daria uma chance. Era melhor do que apenas sentar e esperar o pior acontecer.

     — O Kai vai continua te treinando — Baek disse enquanto terminava de tomar seu suco — pelo menos enquanto eu não melhorar. 

    Eu já havia tido duas aulas com Kai, e apesar de toda a paciência dele, eu ainda precisava melhorar e muito. Agilidade não era meu forte, minha resistência também não era das melhores.

   — Eu vou acabar toda roxa. — Choraminguei prendendo meu cabelo num coque, meus braços estavam doloridos.

   — Aprender a se machucar o mínimo possível, também é importante. Eu duvido que o Kai esteja pegando pesado com você.  — Seus olhos pareciam avaliar meu estado.

   — Ele me mandou fazer três séries de abdominais, treinar socos e chutes —  enchi um copo com água e bebi m— e correr por 30 minutos naquela maldita esteira.

    — Eu seria pior. — Baek riu. — Agora acho que você precisa de um banho.

  Eu tinha acabado de chegar do treino e estava completamente suada. Apenas passei no apartamento de Baek para dizer como tudo correu durante a aula.

     —  Sei disso —  deixei o copo sobre a pia. — Já estou indo.

  —  Hey — me chamou antes que eu saísse — eu pedi pizza, e não estou no clima para comer uma inteira sozinho, apareça se quiser.

  — Eu vou pensar no seu caso. — Lhe dei uma última olhada antes de sair.

    Entrei no meu apartamento e tranquei a porta. Depois de quase ser estrangulada, me tornei um pouco paranoica com segurança. Qualquer barulho me deixava alerta e por vezes eu tinha pesadelos horríveis. Mesmo dentro da minha casa, ainda pairava uma aura de insegurança, se um daqueles homens quisesse vir até mim, não seria uma porta trancada que iria impedir.

  O pior é que não havia ninguém para culpar, me coloquei a mercê disso ao resolver seguir Baek, minha curiosidade me cobraria um preço caro demais. Ao invés de me lamentar o tempo todo, seria mais produtivo tentar pensar numa solução.

    Quase gemi quando a água fria caiu sobre meu corpo cansado, levei um bom tempo me esfregando com o sabonete de lavanda, até ter certeza de que todo o cheiro de suor tinha sumido. Enrolei meus cabelos numa toalha e o corpo na outra. Vesti um short jeans cintura alta e uma blusa lilás que deixava uma fina faixa da minha barriga exposta.

   Sequei meus cabelos e passei um pouco de perfume. A sensação de estar limpa após um longo treino era ótima. Kai não era um mau instrutor, ele não gritava comigo ou era bruto, mas palavras gentis não tornavam os exercícios menos cansativos. Um dia, provavelmente, tudo valeria a pena, no momento a única coisa que me causava era cansaço e dor muscular.

  Resolvi aceitar o convite de Baek, me encontrava casada demais para querer cozinhar e pizza parecia uma boa ideia. Assim que Baekhyun abriu a porta do apartamento, o cheiro da comida me envolveu, fazendo minha boca salivar, estava mesmo com fome.

     — Pensei que não iria vir. — Fechou a porta assim que passei.

  — Posso te aturar se estiver acompanhado de pizza. —  Provoquei com um sorriso ladino.

   Baek apenas acenou com a cabeça e seguiu em direção a cozinha. Todo o medo que senti no começo tinha ido embora, agora provocá-lo era um ótimo passatempo, principalmente quando ele franzia o cenho e respirava fundo para não estourar. Pelo visto, Baek tentava ao máximo cumprir sua promessa de não voltar a brigar comigo, não posso fingir que não me aproveitei disso alguma vezes, testar o limite de sua paciência era muito divertido e até o momento ele se saiu bem.

     —  Você vai pagar por cada provocação —  tirou a tampa da caixa da pizza —  nos treinos.

  — Até você ficar bem, o Kai já vai ter me treinado o suficiente . —  Peguei um pedaço de frango.

  —  Veremos . —  Aquele sorriso era uma promessa de que ele não iria pegar leve.

    Baek pegou um pedaço de frango e abriu o refrigerante. Seus cabelos estavam partidos no meio e ele usava uma camisa da adidas branca.

   — Você nasceu em Seul? —  Neguei. —  A quanto tempo mora aqui?

  — Pouco mais de um ano. —  Dei um gole no refrigerante. —  Esse apartamento é o primeiro que alugo aqui.

   —  Eu moro em Seul a 7 anos. —  Fez um estalo com a língua. —  Ainda me lembro do meu primeiro dia aqui.

   —  Veio sozinho? —  Ele assentiu. — Deve ter sido difícil.

    — O Boseon acabou me achando, ele me ofereceu abrigo com a condição de eu lutar para ele. —  Sua mão que estava sobre a mesa se fechou em punho. —  Boseon também treinava a Nami e outros garotos. 

  — Ela também competia nas lutas?

  —  Ela sabia lutar, mas não era pra isso que o Boseon a usava. —  Engoli em seco, aquilo não me parecia bom. — A Nami conseguia informações para o Boseon, uma vez ele a obrigou a matar um homem, ela não teve coragem.

   —  O que ele fez? — De repente eu já não parecia estar mais com tanta fome assim.

  — Nada, ela fingiu ter matado o homem e o ajudou a fuzir. — Baek deu um sorriso triste. — Nami era doce demais para ser assassina e era por isso que o Boseon ia acabar a entregando pra prostituição. Ela tentou fugir, ia me levar junto, mas acabou morta.

 A dor era visível em seu olhar, sequer consigo imaginar quão difícil deve ter sido passar por tudo isso.

   —Sinto muito. — Pus uma mecha de cabelo atrás da orelha.

    — Não é tão ruim quanto antes. —  Suspirou. —  Eu já paguei parte do que devia ao Boseon, assim que estiver livre, posso acabar com tudo isso 

  —7 anos que está aqui e ainda o deve? — È tempo demais, quanto Baek devia?

   — Eu estava perto de pagar a dívida quando a Nami morreu. —  Engoliu em seco. — Fiquei tão devastado que destruí tudo e me recusei a lutar por semanas. Dinheiro não é a única questão, ele exigiu um tempo de serviços em troca de me deixar livre.

  — Nossa, eu sinto muito.

   — Eu não queria uma noite triste. —  Ele colocou mais refrigerante mo meu copo. — Me fale de você, como se mantém? Porque já ficou claro que você não trabalha.

    Então eu comecei a contar sobre a minha madrasta e o meu pai. A conversa foi se arrastando até chegar em o que queríamos do futuro e quando percebi já tínhamos deixado o refrigerante de lado e aberto uma garrafa de vinho.  Metade da garrafa já fora consumida. as verdades começavam a sair cada vez mais facéis.

  —  Você é fraca com bebida, não é? — Baek riu bebendo mais.

  —  Olhe só quem fala. — Eu ri porque provavelmente tinha bebido muito. —  Você está ficando vermelho. 

   — Seu rosto não está nem um pouco melhor. —  Ele apoiou a garrafa na mesa e seu polegar acariciou minha bochecha. — Você é bonita, kitten.

  —  Acha mesmo? — Bebi mais. — Tem um bom tempo que não ouço isso.

  Ele estava bêbado assim como eu, sua mão deslizou de minha bochecha para meus lábios, deixando uma caricia ali,  no entanto algo pareceu tirá-lo do transe e Baek se afastou como se ficar perto de mim doesse.

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Muito vinho e...

Boseon se aproveitava de jovens desesperados.....

Knock Out 《Baekhyun 》Where stories live. Discover now