Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃO

IX - A FADA

— Isso é ridículo! — Kainã esbravejou impaciente, acordando todos do transe.

Toda a classe estava sentada em posição de lótus sobre toalhas coloridas. A sala de aula era parecida com a anterior onde estudaram sidelênico, a única diferença era que não tinha cadeiras e nem mesas. A professora da disciplina era jovem, supostamente uma serva. Seus cabelos castanho estavam presos em um rabo de cavalo e ela usava uma longa saia branca com uma calça de ginástica por baixo. Ela também estava sentada em uma toalha, de frente para os seis garotos. Abriu um dos olhos verdes, fitando o reclamante.

— Não há necessidade de fazermos essa disciplina! Isso só serve para bruxos. — Kelmo falou, cruzando os braços.

A jovem mulher suspirou, era como ela imaginou que fosse. Todos os anos eram as mesmas reclamações dos calouros, ou melhor, dos aspirantes à caçadores. Para eles, a disciplina mais importante era apenas a arte do combate, como aprender a lutar corpo a corpo e manusear armas, porém, estavam um tanto enganados. As aulas de meditação era uma das mais importantes e que sem elas, nenhum caçador ou bruxo conseguiriam se formar.

— Ainda não tiveram aula de espiritualismo, não né? — Ela perguntou, notando as faces duvidosas.

— Não faço ideia! — Kelmo falou.

— Foi o que eu imaginei. A proposta da meditação não é somente para relaxar a mente, mas sim para conectar vocês com o mundo espiritual. Vocês precisam treinar os seus olhos para ver criaturas que habitam outros planos, como acham que irão poder lutar contra demônios e até mesmo um feiticeiro que possa vir? — Ela sorriu ao notar as caras surpresas. Pelo visto, tudo agora fazia sentido a eles. — Luciano Antunes aprendeu a migrar para vários planos e durante a sua caçada, ele foi encontrado no plano espiritual.

— Planos? — Millo perguntou, estranhando aquela palavra.

— Bem... Isso vocês irão aprender nas aulas de espiritualismo. — Ela sorriu.

— E quando estaremos preparados? — Kelmo perguntou novamente, demostrando certa impaciência.

— Esse é um processo demorado. Há alunos do último ano que nunca despertaram a sua visão. Acreditem. Não é algo fácil. — Ela olhou para sua grande bolsa preta ao lado, onde costumava trazer consigo alguns materiais. — Como também ministro essa disciplina para a turma do último ano, costumo trazer comigo isso!

Ela retirou de dentro um frasco de vidro com algumas perfurações arredondadas, aparentemente vazio. Meicy estreitou os olhos, enquanto a professora continuava a explicar a importância daquele recipiente para as aulas, mas ele não prestava atenção, pois, enquanto para os outros não havia nada dentro do pote, para ele, algo estranho se formava.

— Isso é... Uma fada? — O garoto de olhos escuros perguntou, interrompendo tanto a fala da professora, como chamando a atenção dos outros alunos.

Olhos espantados viraram-se para ele, até mesmo Millo parecia boquiaberto com aquilo. A professora jazia com suas mãos trêmulas, enquanto colocava o frasco de vidro ao seu lado no chão. Ela franziu o cenho e tentava recuperar sua fala.

— Como você... sabe? — Ela perguntou, deixando dessa vez Meicy sem voz.

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— É um caso curioso, mas acho que não chega a ser preocupante. — A professora de meditação falava, gesticulando com as mãos.

A sala da diretoria estava fria e escura como sempre, o diretor expelia a fumaça negra pelas narinas, deixando o ar com o odor forte do fumo queimado. Alessa — a professora de meditação — segurava em suas mãos o frasco onde dentro, ocupado no plano espiritual estava a criatura de pele verde e despida, as asas eram compridas e lembrava as de uma abelha. O globo ocular era totalmente negro e grande, como se realmente tratasse de inseto, mas não. O formato do corpo era humanoide e apresentava um curto cabelo laranja e arrepiado. Realmente se tratava de uma fada. O seu corpo estava curvado, cabeça baixa, abraçando os próprios joelhos franzinos. As orelhas pontudas ultrapassavam a altura da cabeça, talvez estivesse atenta a conversa dos humanos lá fora.