XIV - OS DEMÔNIOS

57 8 20
                                    





Meicy fitava o rubi em sua mão. Ele sorria satisfeito. De alguma maneira conseguia sentir um grande poder provindo daquela pedra. Aquilo era fantástico! O colar de Assa era algo formidável. Foi muito utilizado pelo mago Kilmato para banir demônios ao plano espiritual e abrir portais para outros mundos. O que restava a Meicy agora era estudá-la e descobrir como a utilizar. Ele levava também consigo dois dos antigos manuscritos. Eram velhos livros escritos à mão em papel de pergaminho, a capa possuía um tecido em cor vinho costurado no couro e havia o pentagrama bordado em dourado. Todas as capas eram iguais, menos no livro que Lirah carregava. A capa era preta e sem detalhes.

Os três jovens caminhavam pelos túneis a procura da saída. Lirah os guiavam iluminando o caminho com a chama infernal em uma das mãos. Millo acompanhava Meicy, ainda um tanto inseguro. Já havia bastante tempos em que eles haviam saído da tumba e tomaram um rumo diferente — mesmo não diferenciando tanto, já que mal sabia onde estavam.

— Estamos perdidos! — Millo falou pessimista.

— Não estamos perdidos. — Meicy disse com o olhar perdido para o caminho em frente. — Eu memorizei o mapa, sei onde esse caminho vai dar.

— Não faço a mínima ideia de quantas horas são. — Millo continuou, ainda inseguro.

Millo se lembrou que carregava o relógio de Meicy no bolso de seu manto. Retirou o objeto metálico e olhou as horas. Estava tarde. Eram quase uma hora da manhã. Ele estava receoso. Poderiam ser descobertos. Não conseguia imaginar o castigo. Talvez poderiam ser expulsos do Instituo ou aprisionados vivos em um sarcófago como Luciano Antunes.

O índio entregou o relógio ao amigo em mãos, mas antes que Meicy demostrasse qualquer reação ao reconhecer o objeto, Lirah os interceptou.

— Já estamos chegando. — Ela disse, parada, olhando para eles. — Meicy, seria bom esconder esses livros. Se encontrarmos com alguém... Bem, você sabe.

— Duvido muito. — Ele disse após um suspiro. — A essa hora todos estão dormindo.

— Não é bom confiar. — Millo falou.

Meicy suspirou frustrado e retirou o seu manto, jogando-o no chão. Colocou o livro e o colar de Assa sobre o tecido grosso e os embalou em tamanha perfeição, usando as longas mangas para fazer um nó. Lirah fez o mesmo com o seu livro de capa preta, porém, não tão perfeito quanto a arte de Meicy, mas era o suficiente para disfarçar o seu tesouro.

Eles continuaram a seguir em frente em silêncio, e com mais dez minutos de caminhada passaram por uma curva fechada e avistaram um fino feixe de luz que provinha do alto. Era a luz da lua penetrando através da claraboia.

Os três jovens olhavam para o alto. A altura era admirável. Havia uma escada construída na própria rocha. Parte da relva descia em cipós e raízes de árvores por aquela abertura, conseguia sentir o cheiro do ar fresco, acompanhado pela fragrância de uma planta medicinal em forma de grama, muito utilizada na seita que lembrava alecrim.

— A floresta deve estar acima de nossas cabeças. — Meicy falou, analisando o lugar à sua memória do mapa.

Lirah assentiu positivamente enquanto olhava o pedaço de papel velho.

— Estamos distantes do Instituto. Vamos levar muito tempo para chegar até lá.

Millo até então que estava animado por finalmente poder sair daquele lugar ríspido, se decepcionou. Ele se lembrou em uma das aulas que a floresta era cheia de criaturas espirituais e demônios ocupando o plano espiritual, além de outros monstros que ocupavam o plano físico. Ele engoliu um seco.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOWhere stories live. Discover now