XL - O ESPETÁCULO

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Uma música tocava no fundo de um jardim imenso, florido, que mais parecia um campo gramado. Uma piscina que mais lembrava um lago se localizava próximo a um pátio ladrilhado por placas rochosas, na qual formavam um círculo em espiral. A água refletia luzes coloridas que variavam nas cores verdes e azuis. Uma fonte artificial jorrava água para o interior, provindo da boca de uma estátua em forma de leão. Naquele exterior havia árvores e arbustos floridos que exalavam um cheiro adocicado. A grama era perfeitamente aparada e uma fila de arbustos contornavam todo o pátio principal que se dava à frente da entrada de uma luxuosa mansão de cores branca e caramelo.

O local estava cheio dos convidados para aquele evento. Estavam lá as pessoas mais poderosas das ilhas e muitas outras de países vizinhos. A formalidade estava estampada nas roupas finas e nas joias de brilho ofuscante. Era uma festa comemorativa de um dos mais importantes empresários, dono de uma fábrica que produzia mandasca — uma famosa bebida daquela época, que era feito da fruta do mesmo nome. A marca também havia expandido para outros tipos de variedades, tornando-se ainda um produto de grande riqueza.

O interior da mansão era composto por salões de dança com palco e tudo mais, um cassino, salões de jogos eletrônicos, uma imensa sala de jantar onde o banquete era servido, e um teatro com poltronas vermelhas em arquibancadas.

Kelmo cruzava os braços em descontentamento. Ela odiava a roupa que vestia, o coque no cabelo, onde deixava delicadamente alguns fios delicadamente soltos e um arranjo de flores negras preso ao coro cabeludo, o qual combinava com a cor de seu vestido, o mesmo que era justo ao corpo e mais solto nas pernas. Foi obrigada por Salua a usar brincos e um colar de pérolas falsas, sem falar no salto alto que machucava os seus pés e lhe atrapalhava caminhar. Ela também odiava a maquiagem, principalmente o tom vermelho de batom. Já Lirah trajava um vestido vermelho escuro, não tão justo, porém, bastante decotado, deixando a maga envergonhada. Usava as joias de seu casamento, ironicamente um conjunto de rubis. Meio trabalhoso, mas havia conseguido encaracolar seu curto cabelo nas pontas.

Um homem elegante usando uma gravata borboleta ofereceu a elas de sua bandeja taças com champanhe. Lirah ignorou com um gesto, porém, Kelmo aceitou pegando uma taça para si.

— Obrigada, senhor! — Lirah agradeceu educadamente enquanto o homem se retirava.

Ela olhou para Kelmo que dava um longo gole na bebida.

— Kelmo, essa é a sua terceira taça. Não acha que está bebendo demais?

— Relaxa! Esse ao menos não perguntou a nossa idade. — A caçadora respondeu, frustrada por aparentar possuir o corpo de adolescente.

— Não é isso que me preocupa.

— Por favor, Lirah... Estamos a mais de meia hora esperando Salua. Que ódio eu tenho dessa garota!

— Ela não deve demorar.

— Já está demorando. Garota irresponsável!

Ao longe, Miro limpava as lentes de óculos com um pequeno lenço. Estava sozinho e se sentindo tão indiferente ali. Não usava as roupas sociais que o seu irmão — Dono da festa — havia lhe presenteado. Ele preferiu usar suas roupas comuns: uma camisa listrada em vertical com botões e mangas dobradas, o seu velho jeans surrado e seu sapato preto desbotado. Olhava para o jardim, pensativo. Não tinha amizade com nenhuma daquelas pessoas, afinal, ele era apenas um professor universitário. Não se encaixava naquele meio, estava ali apenas pelo seu velho pai.

— Isso daqui é chato, não é? — Uma voz ao lado perguntou para a surpresa de Miro.

Era uma jovem que ele nunca havia visto em sua vida. Uma moça com um vestido brilhante de cor azul marinho, justo ao seu corpo magro, decotado em seus seios pequenos e sustentado por finas alças nos ombros. Em seu pescoço carregava uma fina corrente de ouro com um pingente branco cintilante. Usava pequenas argolas douradas em ambos glóbulos das orelhas e diferente das outras mulheres, ela usava uma maquiagem tão leve que era o mesmo de não estar usando, embora a sua beleza era exaltante como nunca visto. Os cabelos eram longos com uma parte preso em um coque, sustentado por um palito de madeira.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOWhere stories live. Discover now