XXXIII - DE VOLTA PARA CASA

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 Kelmo olhava para a casa da árvore após caminhar de um lado para outro. Estava ansiosa. Cruzou os braços e olhou para o ancião sentado entre algumas raízes de uma árvore. Salomon estava impaciente, mas não demonstrava. Ele mantinha os seus dedos entrelaçados uns aos outros e respirava lentamente, como se meditasse. Kainã após alguns surtos de impaciência, finalmente havia adormecido em um chão gramado. Apesar do frio, a ansiedade era maior que qualquer outro empecilho.

— Deveríamos subir. — Kelmo falou, focalizando a casa da árvore em meio a escuridão.

Salomon abriu os olhos lentamente, indiferente e meio que incomodado.

— Durma. Um ritual pode levar horas a depender da complexidade. — O ancião falou.

— Já faz mais de vinte minutos que o clarão sumiu. — Ela franziu o cenho. — Pode ter acontecido alguma coisa.

— Cale-se Kelmo! — Kainã resmungou do seu cantinho afastado dos outros. — Eu preciso dormir!

Kelmo o ignorou. Continuava a fitar a velha casa, como se pudesse prever Meicy surgindo na sacada. Ela suspirou, mordiscando o seu lábio inferior em seguida, era como se o seu sexto sentido a chamasse. Naquele exato momento ela visualizou um vulto perdido na escuridão. Ela franziu os olhos, não era fácil de identificar, mas só bastou apenas isso para que o seu coração batesse mais forte. A caçadora caminhou alguns passos em frente, mas no seguinte, ela paralisou. Tinha algo estranho naquele sujeito. Não era Meicy.

Um brilho incandescente emergiu do alto da sacada, emergindo em uma bola de fogo vermelho. O sujeito segurava a chama em uma das mãos, vencendo a negritude que assolava o ambiente. Lirah.

— Lirah... — Kelmo sussurrou baixinho e entendeu que ela os chamavam.

☽✳☾ 

— Meicy! — Kelmo gritou ao ver o jovem deitado no chão, ainda ao lado dos objetos e o pentagrama desenhado.

Millo já havia guardado o colar de Assa por precaução. Lirah iluminava o ambiente, mas aparentemente, ela demonstrava certa preocupação para com o amigo inconsciente. O local ainda exibia o cheiro da vela apagada, porém, o que mais chamava atenção era os cristais recém encantados, na qual, emitiam um brilho incomum. Salomon agachou-se diante deles e os observava.

Kelmo deitou Meicy em seu colo e o fitava preocupada. Fechou o caderno que estava aberto no abdome dele e durante a sua observação pôde concluir que o jovem parecia apenas dormir, apesar de parecer em um coma profundo.

— Ele vai ficar bem? — Ela perguntou.

Millo organizava alguns objetos em sua bolsa, se atentando também a recolher as velas do ritual.

— Não se preocupe, isso acontece. — O índio falou, pleno. — É natural esse tipo de coisa acontecer em um ritual. Ele foi o doador de maior energia. — Millo se pôs de pé, cruzando os braços após um longo suspiro. — Meicy é maluco. Ele poderia ter morrido.

Lirah observava de longe a conversa enquanto segurava a sua chama com uma das mãos. Millo se atentava a disfarçar as palavras em relação ao ritual. De fato, Meicy nunca morreria por perca de energia, mas, se fosse uma pessoa comum já estaria morta nos primeiros segundos após a doação.

— E você fez alguma coisa? — Kelmo perguntou, nervosa. — Deu algum remédio, um chá, algo que bruxo faça para curar?!

Millo suspirou novamente, se agachando diante da jovem caçadora.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora