XVI - O JARDIM DAS ROSAS

81 8 4
                                    



 O silêncio se perpetuava naquela velha câmera onde Meicy passou seus últimos anos estudando. A iluminação era fraca. As luzes amareladas produzidas por duas tochas presas a castiçais nas paredes projetavam sombras horrendas, quase como se elas desejassem ganhar vida própria. Não havia nada de diferente, a não ser a arrumação dos livros das prateleiras escavadas nas rochas. O jovem de olhos escuros já havia lido todos! Lido e relido. Com o seu costume habitual em fazer anotações importantes, após seis anos, ele colecionava inúmeras cadernetas e cadernos.

No altar, onde descansava o sarcófago contendo os restos mortais de Luciano Antunes, havia um livro aberto de capa preta. As pedras ilustradas chamavam a atenção de Meicy. Ele deslizava seus dedos pelas inscrições sidelênicas, encantado por uma descoberta incrível. As mechas mais compridas de seu cabelo negro caíam sobre seus ombros que também escondia as pequenas argolas prateadas que usava nas orelhas. Do bolso de seu manto negro de bruxo ele retirou algo bem familiar. O colar de Assa. O rubi cintilava em um brilho ofuscante.

— É isso! — Ele disse animado com uma voz um tanto mais grossa e rouca, demonstrando um sorriso amistoso. — Era exatamente o que desconfiávamos!

Lirah que estava presente separando alguns livros nas prateiras de pedra abaixo, levou o seu olhar a ele. Os seus cabelos roxos, ainda permaneciam no mesmo penteado de criança, porém, as duas mechas de cabelo separadas em marias chiquinhas, chegava até os seus quadris. Um tanto trabalhoso para tingi-lo, mas também era vantajoso já que o jovem feiticeiro durantes suas pesquisas, costumava encontrar a matéria prima que gerava a tintura em abundância, com isso, a maga era presenteada quase toda semana.

— Então... Essa é a pedra que o meu pai usou para me trazer a esse mundo? — Lirah perguntou com a voz trêmula.

Meicy assentiu positivamente com a cabeça, ainda expressando um sorriso orgulhoso. Levantou o rubi até a altura de seus olhos e observava a coloração viva. Ele suspirou profundamente enquanto sentia o poder emanando daquela pedra.

— O poder contido nessa pedra é impressionante! — Ele disse. — Ela faz muito mais que abrir portais para os outros mundos e teleporte. Eu sinto isso! Eu só gostaria de descobrir outro segredo.

Lirah folheava um livro em suas mãos, observando vários pentagramas ilustrados com outros símbolos elementares.

— Me parece que ele não deixou nada escrito sobre isso.

Meicy fechou o livro em suas mãos com força. Ele estava irritado diante disso. Frustrava em estudar tanto sobre aquela pedra misteriosa e não descobrir nem a metade do que ela era capaz de fazer.

Lirah abraçava o seu livro recém-fechado conta o peito. Mesmo ainda curiosa em saber sobre o histórico do rubi no colar de Assa, ela tinha pressa em retornar ao Instituto, pois, ainda se lembrava de um compromisso importante.

— Bem, Meicy... — Ela disse, um tanto insegura. — Poderíamos deixar isso para outra hora. Millo deve estar nos esperando. É o aniversário dele e... combinamos de comemorar fora do Instituto.

Meicy assentiu, se lembrando da conversa mais cedo sobre isso. Enquanto guardava seu material dentro de uma bolsa de tecido, veio em sua mente a falta do seu amigo aquela noite na tumba.

— Afinal de contas, por que ele não veio conosco? — Ele perguntou, franzindo o cenho.

Lirah corou de imediato. Não sabia como explicar aquele assunto a Meicy sem que ele desconfiasse. Desviou o olhar por um instante, fitando-os em umas bandejas de bronze empoeiradas.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOWhere stories live. Discover now