Meicy vestia o seu manto, abotoando-o delicadamente. A noite esfriava subitamente a cada minuto, era como se fosse um toque de recolher natural. A lua ainda brilhava intensamente e os vaga-lumes insistiam em rodopiar o alto de sua cabeça, as rãs cantavam não muito distante dali, na qual, fazia um breve dueto com as corujas. Era uma noite agradável, a melhor de todas que ele já teve.
Ele olhou para Kelmo. A caçadora estava em pé, com os olhos vidrados no lago. Fingia não sentir frio, pois, havia negado o manto de Meicy quando ele lhe ofereceu, já que o dela havia dado a Lirah no dia em que a maga ardeu em chamas para se livrar das garras de Haiko.
— Demoramos muito. — Kelmo falou em um tom sério.
Meicy olhou para ela. A jovem continuava com a sua atenção presa nas ninfeias e no lago. Ele percebeu que ela só queria mudar de assunto. Ele se aproximou, não conseguindo disfarçar o sorriso da face.
— Sério? Pois eu achei que foi bastante rápido.
Ele a abraçou por trás, enroscando a sua face no ombro dela. Kelmo revirou os olhos e segurou nos braços deles que contornavam a sua cintura.
— Meicy, por favor! — Ela indagou, impaciente, enquanto tentava se livrar dos braços do jovem feiticeiro. — Há essa hora Salomon já deve ter retornado.
Ela se virou para Meicy com o cenho franzido. Ela tentava intimidá-lo, mas aquela sua expressão irritada não funcionava mais contra ele.
— Calma, meu amor! — Meicy falou, com um tom de deboche em sua voz. — Vai ficar tudo bem.
Meicy segurou na mão dela e olhava para o caminho obscuro em frente, cercado por labirintos de galhos gigantes e arbustos espinhentos.
— Mas, Meicy...
— Relaxa. — Meicy olhou para ela. — Penso que... ainda não se sente preparada para se apresentar a eles como minha namorada, ou melhor, ao idiota do seu irmão.
— Ele vai surtar... — Kelmo falou pensativa, imaginando a cena ao encarar o seu irmão diante daquele fato.
— Não se preocupe. Eu cuido dele.
— Eu não sou uma garotinha! Eu sei me cuidar!
Kelmo torceu o bico. Parecia irritada, mas se controlava para não falar nenhuma palavra que pudesse ofender. Ainda estava difícil para ela se acostumar com aquela situação, mas Meicy precisava entender, que a sua amada era uma caçadora, uma guerreira, um exemplo de mulher forte que nunca iria se deixar ser defendida por outros. Ela era orgulhosa demais para isso.
— Me desculpe. — Ele andou alguns passos, levando ela junto de mãos dadas. — Eu só queria ser gentil. E... Gostaria que fosse um pouco mais carinhosa.
— Eu estou sendo carinhosa com você... — Ela mirava os olhos para o caminho em frente, desviando o olhar propositalmente. — Do meu jeito.
☽✳☾
Meicy e Kelmo finalmente chegaram na velha casa na árvore. Adentraram ao recinto, percebendo uma fraca iluminação por uma das velas de rituais de Millo. Todos encaram o casal ao entrarem ainda de mãos dadas. Meicy percebeu que Kelmo queria soltar sua mão, mas ele a segurou fortemente, impedindo a caçadora de realizar tal ato. Ela o encarou, corada pela vergonha.
Salomon levantou-se, não parecia nada amistoso, caminhou até eles. Kainã não estava junto a eles. Os bruxos também estavam sentados no chão diante da vela. Pareciam terem acabado de jantar a caça da noite. O ancião olhou para Kelmo com uma face nada amistosa. Ele estava furioso.
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Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃO
FantasyMeicy Kallú se descobriu feiticeiro ainda criança e para aprender mais sobre seu misterioso dom, se alistou no Instituto de treinamento de Hidda para se tornar um bruxo, um seguidor de Karen. Passou anos escondendo a sua identidade, até ser descober...