Ytrio olhou as horas em seu relógio de bolso ao notar a bandeira vermelha sendo erguida no último degrau no alto do Monte Sidda. Ele sorriu, colocando uma mão na cintura.
— Oito segundos! — Ele falou.
Meicy e Kelmo caíram sob os pés dele. Estavam cansados, derrotados e a exaustação corroía cada centímetro de seus ossos. A pele ainda estava gelada do banho de chuva que tomaram e a caçadora sentia que estava ficando resfriada após um espirro.
— Foi por pouco! Chegaram a tempo. — Ytrio falou, recolhendo a bandeira das mãos de Meicy.
Meicy olhava para o céu que estava se tornando mais claro com o amanhecer, tomando aspectos alaranjados. Sentia uma enorme necessidade de dormi ali mesmo no pátio que dava acesso ao interior do tempo, onde se erguia enormes colunas brancas e descamadas que sustentavam o teto. Ele sentia uma energia positiva vindo daquele lugar. O antigo templo, apesar de estar velho e abandonado possuía algo enigmático, uma aura pura, algo que pudesse o aproximar do divino. Observava a relva tomar conta do piso de pedras e da maior parte dos pilares que mesmo em uma estação tão chuvosa como aquela, as flores azuis desabrochavam em uma perfeita harmonia ao dia cinzento.
— Parabéns! Estão aprovados! — Ytrio falou, porém, percebeu que nenhum dos dois estavam dando ouvidos a ele. Enquanto Kelmo cochilava aos seus pés, Meicy ao lado estava distraído com o ambiente. — Se levantem!
— Meicy! — Millo grito, correndo em disparada em sua direção.
O índio passou pelo professor o ignorando e percebia uma certa aflição em sua face. Meicy sentou-se e encarou o amigo, estranhando aquele semblante.
— Algum problema? — Ele perguntou com o cenho franzido.
— Que bom que chegou! Achei que não fosse conseguir. — Ele agachou-se, tentando se pôr na mesma altura que o amigo. — Lirah também está aqui, mas está ferida. Estou tentando cuidar dela.
— O que aconteceu com Lirah? — Kelmo perguntou ao escutar, se levantando em um pulo.
— Kainã fez isso? — Meicy questionou duvidoso.
— Bem, ela diz que não, mas tenho as minhas dúvidas. — Millo respondeu coçando a cabeça.
— Aquele maldito!
Meicy se levantou ferozmente e correu para o interior do templo, não se importando em deixar os outros para trás.
— Eu vou matá-lo! — Kelmo ameaçou o irmão e fez o mesmo que o seu companheiro.
Millo foi em seguida. O interior do templo lembrava um pouco o templo de Isth onde foi celebrada a cerimônia de consagração, porém, estava bastante escuro, não havia tochas para iluminar nas paredes e nem outro tipo de iluminação. Com aquela chuva, todas as duplas já haviam perdido suas tochas de missão. Millo entrou na primeira câmara, onde a luz do amanhecer adentrava das enormes janelas. O local não era muito grande e não havia nenhum tipo de móvel, só uma sala vazia com desenhos de anjos talhados nas paredes.
Lirah estava sentada no chão e ao seu lado estava Meicy, lhe ajudando a pressionar um pano úmido no ferimento na parte lateral da barriga. Kelmo estava do outro lado, totalmente preocupada.
— Eu estou bem, não precisa se preocupar. — Lirah falou, tentando reconfortar a amiga.
Meicy percebia que ela tentava disfarçar a dor que sentia. Isso era da personalidade de Lirah não causar preocupações aos outros. Era admirável por um lado e estúpido por outro.
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Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃO
FantasyMeicy Kallú se descobriu feiticeiro ainda criança e para aprender mais sobre seu misterioso dom, se alistou no Instituto de treinamento de Hidda para se tornar um bruxo, um seguidor de Karen. Passou anos escondendo a sua identidade, até ser descober...