XI - A ENCRUZILHADA

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  Millo sentia os seus pés pisando no vazio. A escuridão parecia dançar em todo o seu campo de visão. Ele não conseguia enxergar nada, era como se estivesse de olhos fechados, porém, eles estavam bem abertos, tanto que chegavam a arder. Lirah segurava em seu pulso, ele sentia os seus dedos finos por cima da manga em seu manto. Ele não queria questioná-la, ela pediu para não fazer isso, mas, aquilo era estranho. Ela o guiava, o levava para algum lugar. Os seus passos estavam lentos, mas o índio sentia que sua amiga conseguia enxergar naquele escuro. Agora mais essa! Se já não bastasse Meicy com seus mistérios e agora a Lirah também?

— Acho que precisamos caminhar um pouco mais rápido, Millo. — Lirah falou, já apressando os seus passos.

Millo estava exausto, nem fazia ideia de quanto tempo estavam caminhando, mas sentia suas pernas destruídas. O lugar parecia ficar cada mais frio a cada passo dado e o ar rarefeito. Ele estava ofegante e o seu coração palpitava tão forte que doía o peito. Lirah parecia tão bem naquele ambiente, era quase como se ela apenas caminhasse por algum corredor do Instituto.

— Lirah, que lugar é esse? — Millo perguntou, mesmo sabendo que seria algum caminho que levaria a tal tumba.

— É um túnel. — Ela disse, fitando atentamente às paredes cavernosas ao seu redor — Deve se lembrar do templo de Isth.

Millo ficou pensativo. O que tinha a ver aquele lugar com o templo de Isth, onde aconteceu a Cerimônia de Consagração?

— Bem... — Lirah continuou ao perceber o silêncio do amigo. — Estamos em um tipo de caverna subterrânea, há vários tuneis por aqui e um deles leva ao templo de Isth, enquanto o outro à tumba de Luciano Antunes. É como se fosse o mesmo lugar.

— Mas o templo fica muito longe!

— Não exatamente. Por aqui é bem mais perto que o caminho que nos levou até lá.

— Nossa Lirah! Como você é inteligente! Isso tudo está escrito no mapa?

— Mais ou menos... — Lirah mordeu um lábio, meio que receosa. — Já li alguns livros a respeito.

— Nossa! Deveriam falar sobre isso nas aulas de História.

Lirah sorriu sem mostrar os dentes. O seu amigo era um tanto ingênuo. Todo o seu conhecimento era proibido, pois ninguém poderia saber nada sobre aquele túnel e muito menos a localização da tumba do feiticeiro. Apenas os anciões tinham acesso e mesmo assim, eles evitavam visitar aquele lugar.

— Lirah, eu tenho uma dúvida. — Millo falou após um tempo. — Será que outras pessoas descobriram aquela entrada? Digo, é bem fácil para encontrar o livro que abre o caminho para aqui. E se alguém tentou pegá-lo do alto da estante e acidentalmente caiu nesse lugar?

Lirah fechou os olhos com força. Aquela pergunta respondia o que os seus olhos estavam vendo. Ela sentiu o seu estômago embrulhar. Nunca foi forte o suficiente para ver resto mortais, mesmo que fosse alguns esqueletos caídos em algumas partes do túnel.

— Deve ter acontecido. — Ela disse, tentando desviar o seu olhar de mais uma ossada no chão. A sua voz saiu forçada. — Sem o mapa não há como sobreviver aqui, eu te garanto.

Millo ficou em silêncio, mas por um minuto sentiu medo. Não estava muito confiante sobre a segurança deles dois. E se não encontrasse Meicy? E se ele estivesse... Não! Ele não poderia pensar nessa possibilidade. O seu amigo era esperto demais para morrer facilmente. Ele engoliu um seco. Só esperava estar certo disso.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOWhere stories live. Discover now