Perfectly Wrong || Shawn Mendes [COMPLETED]

10 | chapter ten

Já estive aqui esse ano, depois do meu desastre após ver ele pela primeira vez na minha frente depois de tanto tempo, mas essa vez parece diferente.

Essa vez o clima está menos pesado. Agora eu sei o que ele andou fazendo esses 5 anos, nada mais nada menos do que compondo músicas e ganhando fãs encima da nossa relação.

Antes eu ainda estava com medo, apavorada que ele fosse o mesmo garoto de 14 anos que me destruiu.

Mas hoje esse medo parecia ter desaparecido. Tenho minhas dúvidas sobre as intenções dele comigo, mas nada que eu não consiga controlar.

"Você deve estar faminta. Trabalha a tarde toda naquele cubículo cheio de comida que não pode comer." Ele ri enquanto tira dois pratos da sua prateleira da cozinha.

Sua risada ainda tem o mesmo efeito sobre mim que tinha 5 anos atrás, mas dessa vez estou mais forte e não sinto nada por ele. Espero.

"Eu posso ter dois álbuns premiados, mas aqui na minha casa só como comida descongelada." Dessa vez sou eu quem rio da sua tentativa de parecer humilde mesmo com guitarras caríssimas espalhadas por toda casa.

Comemos o frango e o spaghetti que ele descongelou e tomamos um vinho que eu nunca tinha tomado na minha vida, o qual provavelmente custava mais do que o meu salário.

O jantar acabou sendo melhor do que eu esperava. Me ofereço para lavar a louça enquanto ele arruma minha cama no sofá. Olho para o relógio e não acredito que já são quase meia noite.

Conversamos sobre muita coisa aleatória na janta, nada perto do que conversamos semanas atrás no Gerry's. Agradeço, pois estou extremamente cansada para começar outra discussão sobre o mesmo assunto de sempre.

"Você pode dormir na minha cama se quiser." Ele oferece. Um som estranho sai da minha boca e meus olhos se arregalam. "Não, não na mesma cama. Eu dormiria no sofá." Ele ressalta percebendo que passou a impressão errada.

Me sinto extremamente envergonhada de ter assumido que ele havia sugerido que dormíssemos na mesma cama. Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas muito rápido, algo que ele parece perceber também, o que só me deixa com ainda mais vergonha.

"Podemos ver um filme se você quiser." Ele muda de assunto, já abrindo a gaveta cheia de DVDs.

"Shawn, eu aceitei dormir no seu sofá, e não fazer uma festa de pijama com você." Ele ri do meu comentário mesmo que meu tom de voz esteja sério.

"Minha casa, minhas regras." Odeio o jeito que ele está pressionando nossa amizade. Já falei múltiplas vezes que não queria ter mais nada a ver com ele, mas nada parece estar ao meu favor.

"Está bem." Me rendo. "Mas você sabe que irei dormir antes mesmo do filme começar." Falo enquanto ele coloca um dos filmes no dvd player.

"Achei que Shawn Mendes assistisse filmes pela apple tv, ou comprava eles, mas nunca esperei que tivesse um dvd player." Digo.

Ele ergue as sombrancelhas para mim e move as mãos me pedindo para ir pro lado para que ele possa sentar.

O filme começa e eu não demoro muito para pegar no sono, infelizmente e acidentalmente me deitando no ombro dele.

Não tenho certeza de quantos minutos se passaram quando sinto ele se levantando para desligar a tv e colocando o cobertor por cima do meu corpo.

Permaneço com os olhos fechados e sinto ele perto de mim, como se estivesse me observando ou algo do tipo.

Não faço nada além de me perguntar se ele ainda sente algo por mim, se é que um dia sentiu.

Não posso cair no mesmo buraco, não posso me deixar levar pelos seus atos genuínos de carinho.

Mas minha cabeça não para de pensar na possibilidade dele realmente ter mudado.

Sei que o que eu sentia por ele não está mais no meu corpo, tenho certeza que já superei todos os sentimentos românticos que tinha por ele.

Já superei o amor, a decepção, a raiva e a tristeza, agora não sobrou mais nada além de dúvida e incerteza de se estou fazendo a coisa certa de estar me aproximando novamente.

E se esses sentimentos anteriores agora estarem sendo substituídos por alguma outra coisa? Algo além do amor? Algo além da decepção e do ódio que senti após toda a ilusão?

Escuto a porta da sala se fechando, significando que ele saiu e sinto meus olhos ficando cada vez mais pesados.

E ao cair no sono, não me sinto nada além de perdida na calmaria depois da tempestade.