43 | Chapter forty three

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Shawn
Ligo pra ela pela décima vez e sou levado novamente à caixa postal. Dirijo o carro o mais rápido possível até sua casa. Sarah estava completamente bêbada e era crucial que eu pelo menos estivesse do lado dela nesse mometo, por menos que ela queira. Os momentos que você menos pode deixar alguém sozinho é quando eles mais pedem para ficar.

"Sarah?" Bato na porta sem receber nenhuma resposta. "Sarah abre essa porra!" Bato mais forte machucando meu punho, mas a dor era a última coisa na qual eu me importava.

Dou a volta na casa com a esperança que alguma janela estivesse aberta. Eu já havia pulado pelas janelas dessa casa milhares de vezes graças ao eu de 6 anos atrás. Me deparo com a janela do quarto de visita aberta, um pouco alta e pequena para eu passar, mas subo com a ajuda do vaso de flor abaixo da janela, o qual eu quase quebro. Entro na casa com dificuldade e me xingo mentalmente por simplesmente não arrombar a porta da frente.

"Shawn" Escuto um gemido baixo vindo de dentro do banheiro e dessa vez arrombo a porta em questão de segundos.

Olho nos seus olhos arregalados que parecem perfurar todas as camadas da minha alma enquanto a vejo deitada no chão frio do banheiro. Agacho ao seu lado sem me dar conta do vômito que havia no chão e sento ela de costas para a banheira.

"Sarah, olhe nos meus olhos." Exijo. Chacoalho ela pelos ombros ao perceber que ela não presta a mínima atenção no que eu falo. "Olhe pra mim." Olho profundamente nos seus olhos quando eles finalmente encontram com os meus. "Eu não sou nada sem você, ok? A culpa não é sua, a culpa de nada disso é sua Sarah, você entende o que eu estou dizendo?" Ela me olha com frieza, mas consigo sentir seu corpo ficando menos tenso.

"Eu não posso te perder. Ok?" Pauso. "Não novamente." Ela continua sem falar uma palavra. Sua respiração fica cada vez mais ofegante e consigo sentir as batidas do seu coração acelerando ao encostar no seu pulso. Eu tinha que manter a calma, se eu surtasse Sarah ia ficar cada vez pior.

Levanto-a em meus braços e tiro seu cabelo do rosto.

"O que você estava fazendo?" Seguro seu rosto na palma das minhas mãos. O pensamento dela tentar tirar a própria vida não passava pela minha cabeça, eu precisava de alguma explicação. Alguma explicação que fizesse mais sentido do que tudo que passava pela minha cabeça.

Eu sabia dos problemas dela de trás pra frente. Dos seus problemas familiares aos seus problemas psicológicos que se acumulavam cada vez mais até fazê-la quebrar. Apesar de tudo ela ainda era a pessoa mais forte que eu conheço.

"Desculpa." Ela sussura. Vê-la daquele jeito acabava comigo de formas que eu nunca pensei que seriam possíveis.

Ela era tudo que fazia minha vida valer a pena. Ela era minha carreira inteira, ela tomava conta da minha música, dos meus pensamentos, do meu coração, e sem ela eu não era nada. E o que mais me doía era saber que sem mim ela era completa enquanto eu só me completava ao seu lado.

Ela me fazia ser brega. Ser clichê. Me fazia perder a noção quando gritava comigo e me fazia querer acabar com tudo quando eu percebia que eu havia feito merda e afastado ela novamente.

Coloca Sarah na sua cama e ela olha fixamente pro teto.

"Eu estava com dor de cabeça," vejo a lágrima cair pela lateral do seu rosto e aterrisar no seu travesseiro, "eu só queria acabar com a merda da dor de cabeça." Seu choro se intensifica. Balanço a cabeça mesmo que eu não acredite no que ela diz.

"Metade de um pote de comprimidos não acaba com uma dor de cabeça Sarah." Acaricio o topo da sua cabeça apoiada no meu peito enquanto ligo para uma ambulância. Eu não tinha a mínima condição de dirigir com ela nesse estado.

A ambulância chega e a acompanho ao hospital, segurando sua mão enquanto Sarah permanecia quase sem consciência do que estava acontecendo.

______
3 meses depois

Sarah

"Shawn?" Pergunto quando escuto a porta de entrada se abrindo. Saio do meu quarto e estranho não enxergar ninguém ali. Escuto uns sussuros vindo da sacada e vou em direção ao barulho, antes pegando uma faca levemente afiada na cozinha. A última vez que isso havia acontecido meu pai biológico havia entrado na casa, e dessa vez com certeza não era ele.

Chego na sacada e me deparo com Shawn em pé em frente à linda vista da Toronto Tower vestindo um terno bordô.

"Sei que você acha rosas as flores mais clichês do mundo, então não sabia o que escolher." Ele fala enquanto segura um enorme buquê que devia ter mais de 10 tipos de flores diferentes.

Abro o maior sorriso possível e chego mais perto dele.

"Antes que você possa falar alguma coisa, ou assumir qualquer coisa que esteja acontecendo, eu preparei meio que um texto pra ler." Ele tira um pedaço de papel do bolso do seu terno. "O que agora vendo você me parece meio besteira, então eu não-"

"Leia a porra do texto Shawn Mendes." Ele abre um sorriso tímido e consigo perceber suas bochechas ficando avermelhadas.

"Ok.... vamos lá..." Ele desdobra o papel e larga o buquê na mesa ao seu lado.

"Sarah Collins." Ele ri envergonhado. "Você me fez sentir. Me fez perceber que a vida era muito mais do que festas, bebida, e as coisas superficiais que eu acreditava serem tão importantes antes de te conhecer. Fez com que eu me transformasse em alguém que jamais achava que me tornaria algum dia. Não era seu trabalho, muito menos sua obrigação, me transformar em uma pessoa melhor, mudar o monstro que havia dentro de mim quando nós se conhecemos, mas mesmo assim você fez isso. E acho que tenha feito isso sem perceber. Eu fui egoísta e extremamente machista, e tenho consciência de tudo isso. Também sei que já me desculpei milhões de vezes, e nenhuma delas você tinha obrigação de aceitar. E eu totalmente entenderia se não aceitasse. Eu mudei muito nos anos que você esteve no Japão, e nunca na minha vida imaginaria que te encontraria novamente. Mas mudei mais ainda depois que você voltou. Também não era sua obrigação acreditar que eu havia mudado. Tentei me afastar, sair do seu caminho, pois você claramente era uma pessoa melhor sem mim por perto. Mas eu não. Sem você eu fico completamente perdido. E mesmo nada disso sendo obrigação sua, você aceitou meus pedidos de perdão inúmeras vezes, mesmo quando sabia que aquele não era o último perdão que eu ia ter que pedir. Mas agora posso dizer com toda certeza do mundo que não devia ter deixado que você escapasse por nenhum segundo. Todos os meses que passamos longe um do outro foi tempo perdido, tempo que eu podia ter ficado ao seu lado, ao lado da pessoa com quem não acredito que demorei tanto tempo pra perceber que queria passar o resto da minha vida." Ele para e dá um suspiro, e mesmo de longe, consigo vê-lo lacrimejar. "Então é isso." Shawn dá um passo pra frente e também me aproximo.

Ele coloca a mão no bolso e tira de lá uma caixinha. Caralho. "Ao seu lado, encontro a paz que o mundo me tira. Descobri que a vida é muito mais do que achei que era. Viver com você mudou todas minhas perspectivas. Com você, conheci meu melhor lado, um lado que nunca achei que existia. Tudo que eu quero é ter a honra de acordar todos dias ao lado do seu sorriso, encarar seu mau humor matinal que é facilmente curado com uma xícara de café. A verdade é que eu só consigo imaginar a vida ao seu lado, você foi a melhor coisa que já me aconteceu Sarah. A verdade é que o destino nos uniu e agora eu não sei mais como viver sem você. O meu coração, a minha felicidade e tudo de bom que eu tenho em mim, já é seu." Shawn pausa mais uma vez pra se recompor e enxugar as lágrimas.

"Quero ter seus filhos, seus netos, e quero te dar tudo que você quiser, pois você já me deu tudo no momento que eu te conheci." Nesse ponto não consigo identificar quem está chorando mais. Então ele se ajoelha e tenho que me segurar pra não desabar ali mesmo. "Quando você descobre que quer passar o resto da vida ao lado de alguém, você quer que o resto da vida comece o mais rápido possível." Shawn abre a caixinha e vejo um anel que temho certeza que nem trabalhando por 10 anos eu conseguria comprar.

"Casa comigo."

Perfectly Wrong || Shawn Mendes [COMPLETED]Where stories live. Discover now